Scarlett olhou para cima, chocada, nunca havia sentido tanto poder emanado de Elijah como naquele momento. Parecia que um maremoto a atingira com força, de tamanho poder que saía dele. Embora sua mente gritasse para que ela afastasse os dois alfas, seus instintos iam em uma direção diferente, ela sabia pela calma que sua loba transmitia que era seguro ficar com ele.
Ela voltou sua atenção para o monstro diante de si. Zidane Malone – Alfa do bando Desert Storm... a besta com o coração de gelo, que se dizia ser seu pai...
Ele foi o primeiro a desviar o olhar de Elijah, nenhum dos dois machos cedia diante o poder do outro, mas ficou claro para os outros lobos ao redor de Zidane que eles sofriam algum impacto daquele embate.
“Scarlett... há quanto tempo, você não vai cumprimentar seu pai?” Ele disse, mas apesar do comentário casual, a situação não era agradável. Seus olhos tinham um brilho assassino e o tom frio de sua voz alertava para o perigo.
“Não vejo ninguém aqui a quem eu possa chamar de pai... vamos direto ao ponto, por que você enviou seus homens para me rastrear?” Scarlett indagou, sua voz era fria, mas não se comparava com a de seu pai, pois soava como uma melodia de boas-vindas.
“Você é a herdeira deste bando... é claro que iria procurá-la.” Ele se aproximou e Elijah rosnou em advertência.
“Você queria me ver morta, não me venha com essa best*ira, vá direto ao assunto Zidane.” Scarlett cuspiu, não dando a mínima para tratá-lo com respeito. Os outros lobos empalideceram com tamanho desrespeito e Elijah sorriu em seu interior. Ele gostava da confiança dela.
Zidane não disse nada, apenas olhando a jovem à sua frente. Ele não se importava com Scarlett, pois ele a odiava por não ter nascido homem, porém precisava saber se a profecia se realizaria... Havia realmente algo de especial nela? Se fosse, então ele a manteria ao seu lado...
“Vamos conversar durante o almoço.” Ele disse friamente.
“Eu não vou comer nada que você me servir.” Scarlett respondeu e continuou: “Se vamos conversar, vai se aqui mesmo.”
Zidane franziu a testa, seus olhos mudaram de cor, ficando um verde escuro e um rosnado ameaçador saiu de sua garganta. “Não me provoque mocinha, eu sou o alfa por aqui. Este é o meu território e se eu quisesse você já estaria morta.” Ele sibilou.
“Nós viemos até aqui, então sem brincadeira, nos diga o que você quer com ela. Você é claramente um lobo saudável e jovem o suficiente para comandar o seu bando. O que você realmente quer?” Elijah falou com a incisividade de seu poder. Os olhos escuros de Zidane faiscaram quando voltou a olhá-lo.
“Isto é entre ela e eu, fique fora disso.”
“Ele é o meu alfa, tem todo o direito de falar.” Scarlett retrucou.
“Eu sou seu Alfa!” Zidane rosnou. Ele caminhou furioso até ela, enquanto suas garras e caninos alongados apareciam. Scarlett deu um sorriso amargo. Ele continuava o mesmo maníaco psicótico, apenas se escondia atrás de uma máscara.
Um dos homens deu um passo à frente, ele parecia família, mas Scarlett não consegui reconhecê-lo.
“Scarlett... eu entendo que você não queria estar aqui, mas, por favor, escute o alfa, ele só quer conversar.” Ele ponderou, com uma voz calma, mas nem ela ou Elijah ignoraram o apelo em seus olhos.
Quando ele se virou, os olhos de Zidane brilhavam.
“Nunca mais me interrompa!” Ele sibilou, avançando sobre o homem que se pronunciara. O homem abaixou a cabeça, como se já soubesse o que viria a seguir.
“Muito bem! Nós vamos com você.” Scarlett disse, fazendo Zidane parar no meio do caminho. Um sorriso frio cruzou seu rosto, ao olhar para ela e em seguida para Elijah.
Sem dizer mais nada, ele se afastou em direção ao caminho que o trouxera até ali. Os seis lobos esperaram até que Scarlett e Elijah andassem, para só então formarem um semicírculo em torno deles. O poder de Elijah ainda os deixava desconfortáveis.
‘Esse cara é maluco.’ A voz de Elijah ecoou na cabeça de Scarlett.
‘Você ainda não viu nada...’ A mente de Scarlett respondeu, soltando um suspiro. Seria um longo dia...
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Meia hora depois, Scarlett e Elijah estava sentados em uma suntuosa mesa de jantar com Zidane e seu Beta Cade, aquele lugar um dia fora a casa de Scarlett. A mansão não mudara muito, era possível ver as reformas, as melhorias feitas, mas ainda assim era o mesmo inferno no qual havia crescido. O interior luxuoso e moderno era uma máscara perfeita que escondia a brutalidade e os horrores cometidos naqueles salões.
E parecia que os açoites ainda continuavam, pois os ômegas que serviram o almoço estavam desnutridos, com marcas pelo corpo as quais denunciavam os frequentes espancamentos. Isso deixou Scarlett enjoada. Em seu bando, os ômegas, naturalmente os lobos mais fracos, eram tratados com respeito. Era claro que eles trabalhavam para os lobos das patentes mais altas, realizando tarefas e cuidando das plantações, mas eram remunerados por seus serviços, além de sempre estarem presentes nos eventos do bando e serem tratados com respeito. Ficou claro que as coisas ali só foram de mal a pior. Sua mãe costumava tratá-los com gentileza, apesar dos modos grosseiros de seu pai, mas agora eles era tratados pior do que escravos.
“Obrigada.” Scarlett disse para a jovem que colocou o prato na mesa. Seus olhos encontraram os de Scarlett, uns cinzas opacos repletos de dor e esperança. Ela lhe parecia familiar também... porém, mais uma vez Scarlett não conseguiu identificar o rosto. Ela havia enterrado todas as memória a respeito daquele lugar, sentindo-se um pouco culpada por se esquecer até mesmo dos inocentes.
“Saia!” Zidane sibilou e atirou a faca de carne contra a moça, mas Scarlett a pegou entre dois dedos, seus olhos faiscavam. A jovem loba saiu correndo assustada da sala.
“Se você quer que eu te escute, não abuse de ninguém na minha presença.” Ela vociferou colocando a faca na mesa. Elijah a observou com um sentimento de pavor o preenchendo, ele conhecia Scarlett o suficiente para saber que ela não iria ignorar o que acontecera...
“Ela pertence ao meu bando.” Zidane falou, quando seus olhos assassinos se fixaram em Scarlett. Cade apenas observava a conversa, com clara curiosidade.
“Eu não disse que não era.” Ela retrucou. Elijah colocou a mão em sua coxa, acariciando-a gentilmente, na tentativa de acalmá-la. Até agora, ela não havia exibido a aura de alfa, algo que ele gostaria de manter em segredo. Ele tinha certeza de que se Zidane descobrisse que havia algo de especial em Scarlett, ele não a deixaria ir embora tão cedo.
“Por que você queria vê-la? Nós estamos aqui... então diga logo.” Elijah exigiu no momento em que Zidane começou a se servir de bife e batatas. O resto seguiu seu gesto, a comida vinha da mesma travessa, o que lhes transmitia certa confiança. Embora Elijah tenha farejado o prato antes de comer.
“Como eu já disse, você é a minha herdeira, acho que deveria ao menos conhecer o seu bando. Um dia tudo isso será seu, é o que mais desejo. Eu mandei esse inútil ir buscar você, mas claramente ele não foi capaz de trazê-la de volta para casa.” Zidane ralhou encarando Cade.
“Peço desculpas pela minha falta de capacidade Alfa.” Cade disse com uma reverência pedindo perdão.
‘Há muito mais coisa acontecendo por aqui do que eu esperava...” Elijah falou com Scarlett através da ligação psíquica.
‘Eu sei..’ Ela respondeu, aquele de fato era seu direito de nascença... Um bando que vinha sofrendo constantes abusos... Seria que não era seu dever protegê-los? Por causa da crescente culpa, ela comeu pouco. O clima ao redor da mesa era tenso, apenas Zidane parecia se deleitar com a refeição.
Quando terminaram, Scarlett olhou para ele. “Se você quer que eu conheça o bando, posso ficar o suficiente para fazer isso, mas não tenho nenhum interesse em ser sua herdeira.” Ela disse com firmeza, e Elijah lhe lançou um olhar no mesmo instante. Por outro lado, Zidane exibia seu sorriso frio.
“Discutiremos isso mais tarde, Cade vá lhe mostrar os quartos. Vocês serão meus convidados.” Ele disse, sem que o brilho frio sumisse dos olhos. Ele se levantou e saiu da sala repentinamente. Elijah olhou para Scarlett, imaginando o que ela pretendia fazer.
‘Conversamos mais tarde...’ Scarlett se conectou mentalmente. Elijah concordou com um breve aceno. Então, Cade se levantou olhando ao redor.
“Vamos, eu mostrar os quartos... Agradeço por terem vindo, mas não deviam...” Ele murmurou, o que deixou Scarlett intrigada.
“Foi você quem apareceu procurando por mim.” Ela disse quando eles começaram a seguir Cade.
“Sim… mas, eu não sabia o motivo...” Ele murmurou.
“Você transmitiu a minha mensagem?” Elijah perguntou, Cade franziu a testa antes de lhe responder.
“Não... se eu tivesse feito, seu bando já estaria morto.” Ele disse, encarando Elijah.
“Não nos subestime.” Elijah disse com frieza. Cade suspirou.
“Se importa em nos dizer qual é o motivo para ele me querer aqui?” Scarlett perguntou. Cade olhou para ela, pensando em como havia crescido e se tornado uma linda mulher...
Elijah mudou de expressão ao perceber o modo como os olhos de Cade percorreram o corpo dela.
“Eu não posso... Scarlett, você pode ficar neste quarto e o alfa com o quarto ao lado...”
“Na verdade, nós vamos ficar no mesmo quarto.” Elijah o interrompeu e fazendo Scarlett corar, sua mão serpenteava ao redor da cintura dela, com ares de possessividade. Cade levantou uma sobrancelha confuso.
“Vocês dois... juntos?”
“Não é óbvio?” Elijah rosnou, e o coração de Scarlett disparou. Seu interior já pulsava quando e a puxou contra si. “Ela é minha.”
“Certo...” Cade concordou, refletindo, pois ele era um alfa e quando encontrasse sua companheira, ela não olharia mais para Scarlett...
“Obrigada por nos mostrar o quarto... se importa de nos mostrar o lugar mais tarde? Eu disse que ficaria para conhecer o bando...” Scarlett disse, percebendo a tensão entre os dois machos.
“Claro, é bom ver você de novo Scarlett...” Cade disse olhando em seus olhos verdes, imaginando se ela se lembrava da infância que tiveram juntos.
“Bem...” Scarlett murmurou, pois não podia dizer o mesmo. Estar de volta a deixou envolta por uma turbulência mental, além do fato de não se sentir à vontade. “Como é que você já se tornou o novo Beta?”
Cade franziu o cenho pensando em como lhe responder. “Meu pai morreu.” Ele disse em um tom seco e cortante, enfatizando que não queria tocar neste assunto. Scarlett assentiu e entrou no quarto. Elijah fechou a porta na cara de Cade, girando a chave na fechadura. Apesar de saber que isso não impediria ninguém de entrar ali.
Ele se virou passando a mão pelos cabelos, e disse, “Nós não pensamos que isso...”
Mas, Scarlett o interrompeu com um beijo apaixonado. Seu coração batia forte e a mente confusa, no entanto, uma coisa era certa – ela estava aliviada por tê-lo ao seu lado. Elijah a ergueu pela cintura empurrando-a contra a parede, seu corpo moldado contra o dela intensificando o beijo. Suas línguas lutavam pelo controle, enquanto os gemidos dela o deixavam louco, ela puxou seu cabelo beijando-o com ferocidade. Ela podia sentir o corte nos lábios dele, o hálito quente que fazia seu interior pulsar por causa da maneira com que os lábios de Elijah a dominavam. As mãos dele deslizaram sob seu top, agarrando os seios, fazendo sua b*ceta pulsar. Ele torceu seus m*milos endurecidos, o cheiro de excitação encheu o ar. Sua própria ereção lutava contra o tecido da calça.
Ele sentiu as mãos dela mexendo em sua camisa e parou, soltando seus seios. Segurando-a pelos pulsos, gentilmente, mas com firmeza, a preocupação evidente em seus olhos procuravam os dela.
“Ei...” Elijah disse pressionando sua testa contra a dela, pois sabia que Scarlett estava tentando tirar tudo o que inundava sua mente, mas por mais difícil que fosse recusá-la, ele não queria que a primeira vez deles fosse prejudicada, ainda mais por causa daquele lugar e pela turbulência que repousava sobre os ombros dela.
“O quê? você não quer mais?” Ela disse franzindo a testa, Elijah soltou um suspiro.
“Você sabe que não é isso... mas eu não quero tirar vantagem da situação.” Ele grunhiu, odiando-se por admitir isso. Os olhos de Scarlett se arregalaram em choque e os lábios dando espaço a um sorriso.
“Aww, eu não sabia que o Alfa Elijah Westwood era tããão fofo.” Ela disse trazendo-o contra suas bochechas, então ele a encarou.
“Não me chame dessa m*rda, eu estou falando sério.” Ele falou, pensando que já estava tendo que engolir o seu próprio orgulho. Ela sorriu e envolveu os ombros dele com os braços, enterrando sua cabeça em seu pescoço, inalando aquele perfume encantador.
“Eu amo como você é atencioso... mesmo quando eu não digo nada.” Ela sussurrou tão baixinho que ele quase não a escutou. Ele a abraçou com mais força, segurando-a bem perto de si. Ele beijou o topo de sua cabeça, inalando seu cabelo e sentindo como a fragrância o acalmava.
No entanto, nesse tempo, alguém bateu na porta e Scarlett suspirou largando as pernas e o soltando, mas ele não a soltou.
“Vermelho…”
“Sim.” Ela grunhiu.
“Nós vamos descobrir o motivo para estarmos aqui.” Ele disse. Ela sorriu e assentiu, sentindo-se um pouco mais calma. Agora, ela não tinha a menor ideia do que fazer, mas com ele ao seu lado, eles certamente descobririam algo...
Com relutância ele a soltou, ajustando a calça, contudo isso não ajudou a esconder seu p*u ereto, enquanto caminhava até a porta. Ao abrir ele se deparou com o homem com quem havia falado mais cedo, na clareira. Ele fez uma breve reverência, mostrando respeito a um Alfa, como qualquer um faria.
“Posso ajudar...?” Elijah inquiriu.
“Eu sou Alaric, senhor, um dos Betas.” Alaric se apresentou. Elijah franziu o cenho, não era comum ter mais de um Beta, mas então lembrou-se que eles estavam em um bando bastante populoso.
“O que você deseja?”
“O Alfa solicita sua presença, Alfa Elijah.” Ele disse educadamente. A expressão de Elijah demonstrava desconfiança, seria uma estratégia para afastá-lo de Scarlett?
“Por quê?” Ele questionou com um tom afiado.
“Vá... eu vou ficar bem.” Scarlett o encorajou, então pela ligação psíquica ela completou: ‘Vou manter nossa conexão mental aberta.’
“Tudo bem... me mostre o caminho.” Elijah disse. Então, virando-se para Scarlett, ele ergueu o seu queixo e lhe deu um beijo quente e apaixonado, antes de se afastar. Alaric os observou com curiosidade, pois era claro que eles não eram companheiros... Inclinando a cabeça para ambos, antes de fazer um sinal para que Elijah o seguisse.