Capítulo 13
2406palavras
2023-03-27 14:57
Não era o que Elijah esperava ouvir. Sem saber como deveria responder, ele apenas se manteve em silêncio. Os relacionamentos com humanos não costumavam ser bem-vistos, a menos que fossem seus companheiros, o que era raro, porém existia alguns casos. Dois lobos de seu próprio bando acasalaram com humanos. Mas, mesmo assim era um processo delicado e que exigia paciência por parte do lobo enamorado.
Havia várias razões para não namorar um humano a não ser que ele fosse o companheiro do lobo. Primeiro de tudo, isso poderia colocar o bando em perigo, perguntas surgiriam e o risco de descobrirem a verdade se tornava uma grande preocupação. Apesar dos lobos frequentarem as escolas humanas, havia regras bem rígidas sobre manter a identidade em segredo. Mesmo que ninguém tão novo tivesse o lobo desperto, a força e a velocidade já eram superiores à média humana. Então, Elijah deixou esses pensamentos de lado, enquanto Scarlett continuava a falar.
“O nome dele era Aiden, eu tinha 15 anos quando o conheci. Eu estava atravessando a rua, completamente entretida com o celular e ouvindo música no fone de ouvido, que não percebi o carro vindo na minha direção. Ele viu a cena e me empurrou para fora do caminho, mas acabou sendo atropelado...” Scarlett respirou fundo, pois ainda existia uma parte dela, mesmo que fosse pequena, que ainda guardava as recordações do seu primeiro amor. Ela deu um sorriso irônico. “Eu teria me curado... mas ele ficou bem machucado. Por causa desse ato heroico, ele ficou três meses no hospital... em coma. Eu o visitava algumas vezes por semana, conversava com ele, ameaçava para que acordasse logo, não queria ter a morte dele nas minhas mãos pelo resto da vida...”
Scarlett soltou uma risada fraca e Elijah lhe lançou um olhar, cheio de uma emoção estranha, a qual ele não conseguia nomear. Ele ficou tentado em acariciar a cabeça dela, mas manteve uma das mãos no volante, com a outra acariciou o próprio cabelo despenteado.
“Então, o que aconteceu? Ele não tinha família?” Ele perguntou com seriedade. Scarlett apenas assentiu e disse:
“Ele tinha a mãe, mas ela fazia hora extra para conseguir pagar as contas do hospital. Nessa época, comecei a dar aulas particulares e a trabalhar como garçonete, pois queria ajudar nas despesas. Ele estava naquela situação por minha causa e, embora a mãe dele nunca tenha me culpado, isso só me fazia sentir-me pior. Ela me contou que ele desejava ser jogador de futebol, seu sonho era um dia poder jogar pela Inglaterra. Então, depois de três meses ele acordou e nos tornamos amigos. Não era... como o que temos, era algo diferente. Doce, puro, acolhedor. Talvez fosse porque eu tivesse apenas 15 anos, não sei... Mas, de qualquer forma, ele e sua mãe se recusaram a aceitar dinheiro de mim, então ele disse que eu sentia muito pelo o que aconteceu, eu deveria compensá-lo indo a um encontro com ele. Eu concordei e ele pareceu chocado ao ouvir minha resposta.” Ela sorriu timidamente, lembrando-se da ocasião.
“Nós nos demos bem... e aí começamos a namorar de verdade. Foram 4 meses incríveis... Eu me entreguei a ele no dia do seu aniversário de 17 anos e foi perfeito. Apesar do seu sonho de ser jogador de futebol tenha sido arruinado pelo acidente, por causa de algumas lesões sérias, ele nunca deixou que isso o abatesse. Eu gostaria de poder curá-lo, ter o poder de ajudá-lo, mas mesmo diante de tudo isso ele continuou sorrindo...”
Ela parou de falar, sua respiração era trêmula e Elijah ficou estarrecido quando a viu lutando para conter as lágrimas. Scarlett virou a cabeça para a janela tentando esconder o rosto.
"Então o que aconteceu com ele?" Ele perguntou baixinho, sabendo que algo ruim havia acontecido.
“Sendo o herói que era altruísta, amoroso e com um coração de ouro. Mas, sua bondade também foi o seu fim... Ele pulou em um canal para salvar dois meninos que haviam caído, naquela noite o tempo estava terrível. Ele os salvou finalmente, mas não conseguiu sair da água.” A voz de Scarlett falhou, pensando no fundo, ‘m*rda não chore, não na frente dele.’ Ela apertou a mão sobre a boca, na esperança de conter os soluços.
“Naquela noite, nós tínhamos combinado de ir ao cinema. Foi... foi difícil olhar para a mamãe e papai sem que eles não desconfiassem, tinha que tomar cuidado. Ele havia me dito que me amava tantas vezes... mas eu ainda nunca tinha dito, e naquela noite eu estava pronta para dizer, porém ele nunca apareceu. Eu fiquei tão brava que o xingava, mandei mensagens de voz cheia de raiva. Até ameacei que iria terminar com ele, sem saber que naquele exato momento a polícia procurava seu corpo. Quando eu recebi a notícia sobre o ocorrido no canal, tive um mal pressentimento. Eu corri em direção ao local, e-eu cheguei lá bem quando tiravam o corpo da água... Sua linda pele escura parecia cinza... mesmo antes de confirmarem, eu já sabia que ele tinha ido embora.” Sua voz falhou mais uma vez e ela soluçou baixinho, ainda tentando suprimir o som. Então ela se curvou no assento e pressionou o peito contra os joelhos, apertando os olhos bem fechados.
Elijah sentiu a culpa adentrar seu corpo. Quando ele voltou para casa, dois verões atrás, Scarlett estava mais fria, retraída e agressiva, mas agora ficou claro que ela sofria e tudo em silêncio. Seria que isso a transformou? Ele estendeu a mão e afagou suas costas suavemente.
Scarlett se lembrou dos 8 meses de sua tristeza profunda, não queria contar nada a ninguém o que estava acontecendo, seus pais pensavam que eram apenas os hormônios da adolescência. No entanto, ela só começou a se curar quando Elijah voltou e pouco a pouco ela começou a enxergá-lo de maneira diferente, sendo o único que conseguiu curar seu coração sem saber. Por outro lado, o amor que ela sentia, era algo que jamais poderia ser retribuído, o que também lhe causava dor.
“Sinto muito...” Ele falou, sem saber mais o que dizer. Scarlett era muito mais do que apenas uma linda mulher e ele queria saber tudo sobre ela, não era um interesse restrito ao sexo...
O restante do caminho foi em silêncio. Elijah não tirou a mão dela, mesmo depois de Scarlett parar de chorar. Seu toque não tinha segundas intenções, era apenas reconfortante, acolhedor e que a acalmava. Ela não levantou a cabeça, muito envergonhada por exposto suas fraquezas diante de Elijah... Ela nunca tinha contado a ninguém sobre Aiden, mas foi bom poder desabafar.
Só quando eles entraram em Lancaster, uma cidade não muito distante de Kendal, que Scarlett enfim levantou a cabeça para observar os postes de luz iluminadas, os quais ladeavam as ruas tranquilas. Já passava das 22h30 e o lugar parecia deserto.
“Deve haver algum Premier Inn por aqui...” Elijah disse olhando para Scarlett, feliz por ela parecer melhor. Ela assentiu sem deixar que seus olhares se cruzassem, não estava pronta para isso, depois de ter chorado tanto.
“Ali!” Ela disse, apontando para o conhecido logo roxo e tirando o cinto de segurança. Elijah estacionou o carro e esfregou o pescoço, massageando-o para aliviar a tensão. Ficar sentado no carro por tanto tempo deixou seu corpo todo travado, ele lançou um olhar para Scarlett, enquanto ela pegava seu celular e outros pertences.
“Vermelho…” Ele começou.
“Sim?” Ela respondeu olhando de volta para ele, prestes a desviar o olhar quando ele segurou seu queixo, o que fez o coração dela pulsar mais forte. Ela fez o possível para sustentar o olhar azul cerúleo dele.
“Você é uma das pessoas mais corajosas que eu conheço... Tudo bem se sentir assim... Posso não tê-lo conhecido, mas ele foi um filho da mãe muito sortudo por ter conquistado o seu coração.” Elijah a consolou e acariciou sua pele macia, com o polegar.
Mais uma vez o coração de Scarlett disparou, quando ele se inclinou para lhe dar um beijo profundo e terno em seus lábios. Era diferente, não foi um beijo alimentado pela luxuria, seus lábios eram macios, o sabor fresco e adocicado de sua boa era delicioso. O perfume inebriante a envolveu por completo. Uma onda de emoções a percorreu quando ela o beijou de volta com igual suavidade, os dois pareciam querer que os lábios guardassem esta memória.
“Parece que você tem uma queda por relacionamentos proibidos, não é?” Ele brincou tentando animá-la. “Primeiro um humano, que é contra as regras... e agora o seu meio-irmão...”
“Ei, isso foi ideia sua... e não é um relacionamento...” Scarlett retrucou, com o coração descompassado. O sorriso de Elijah desapareceu ao perceber o que ele mesmo havia dito. O mesmo pensamento passou pela mente de ambos, o beijo de agora tinha algo de diferente...
“Você sabe o que eu quis dizer, afinal.” Ele disse saindo do carro e afastando a memória daquele beijo para longe, ele pegou a bagagem e ambos entraram na pousada.
Scarlett pediu para usar o banheiro, deixando Elijah na recepção para fazer a reserva. Quando Scarlett voltou, ele mostrou um cartão chave, o que a fez estreitar os olhos.
“É melhor você nem falar aquela m*rda de clichê ‘eles só tinham um quarto’, que acontece nos filmes.” Ela rosnou e Elijah sorriu.
“Não, afinal eles tinham alguns quartos livres, mas eu reservei só um. Estamos em outra cidade, é mais seguro nós ficarmos juntos.” Ele argumentou, enquanto Scarlett cruzou os braços.
“Aww, eu nunca pensei que o bebê Alfa Elijah Westwood precisasse de proteção.” Ela balbuciou ao puxou a bochecha dele. Elijah a encarou quando sua bochecha foi liberta. Ela pegou o cartão dele e olhou para o número do quarto, caminhando em direção ao elevador. Elijah veio logo atrás.
“É você quem precisa de proteção.” Elijah murmurou, odiando a maneira como ela conseguiu tirar vantagem dele. Ele era o alfa... Scarlett bufou em resposta.
“Sim, tanto faz, você só pode estar sonhando.” Ela falou enquanto apertava o botão do andar. Scarlett observou o rosto mal-humorado dele, sentindo aquela pulsação familiar em seu âmago. Afinal, ela dividiria o quarto com Elijah...
Ele a pegou no flagra, um sorriso sexy se formava em seus lábios.
“O que há de errado, não sou eu quem está nervoso por dividirmos um quarto, certo?” Ele falou em um tom baixo, inclinando-se para mais perto. Scarlett o empurrou, mas ele se recusou a recuar.
“Elijah...” Ela disse em tom de advertência. Ele simplesmente sorriu, observando o peito dela subir e descer, antes de recuar, aquela noite seria interessante...
O elevador apitou e as portas se abriram, ambos saíram e foram em direção ao quarto. Ao destrancar a porta, Scarlett ficou aliviada por ver duas camas de solteiro, apesar de ter um espaço de apenas 15 centímetros entre elas... Ele sorriu.
“Não está frustrada por haver duas camas ao invés de uma?” Ele perguntou, colocando a bagagem no chão. Scarlett lhe lançou um olhar de reprovação.
“Não, na verdade é uma pena que as camas não estejam mais longe uma da outra.” Ela disse olhando para ele. “Eu vou tomar banho primeiro.”
“Podemos tomar banho juntos?” Elijah sugeriu ao caminhar na direção dela. Seu coração martelava diante da excitação familiar que corria por corpo.
“Eu acho que não.” Ela disse, suas pernas batendo na cama. Elijah sorriu, empurrando-a para a cama e fazendo-a ofegar. Antes que ela conseguisse se levantar, ele estava montado nela, Elijah segurava as mãos de Scarlett contra os lençóis. “Você realmente precisar parar de fazer isso.”
“De fazer o quê?” Ele respondeu com a voz rouca.
“De me manipular.” Scarlett respondeu, seu interior pulsava. Ela não iria admitir, mas a maneira como ele a manipulava a deixava excitada... Então, Elijah encostou os lábios no pescoço dela, fazendo-a ofegar e sentir a familiar umidade entre suas pernas.
“É melhor se acostumar, por eu não sou gentil.” Ele sussurrou em seu ouvido, inalando seu perfume. Seu cheio da excitação o fez palpitar enquanto ele passava a língua pelo pescoço dela, enviando um arrepio de prazer por todo o corpo de Scarlett.
“Bom… nem eu.” Ela retrucou em tom desafiador. Elijah sorriu, 'Nossa, como ela era perfeita.' Prestes a beijá-la, então ouviu o estômago dela roncar e Scarlett gemeu, ambos riram.
“É sério? Mesmo depois de ter comido todos aqueles lanches.” Ele provocou, saindo de cima dela, se eles quisessem comer algo teriam que se apressar, antes que as lojas fechassem. Ela se sentou com um beicinho nos lábios, esfregando a barriga.
“Sou uma menina crescida.” Ela afirmou, o olhar de Elijah caiu em seus seios.
“De fato, você é uma garota crescida...” Ele concordou. Scarlett olhou para cima, vendo aonde estava o seu olhar, deixando-a nervosa. Se ele continuasse a provocá-la, ela não sabia o que aconteceria a seguir. Embora eles tivessem um acordo, ela ainda não estava pronta para apressar as coisas... Ela o queria, mas quando a oportunidade surgiu... foi assustador.
Ela o queria, nada mudaria o seu desejo, mas não era o momento certo, ainda não.
“Do que você gosta?” Ele perguntou.
“Tirinhas de peixe e batata frita? Se você não achar, pode ser um hambúrguer ou uma pizza.” Ela disse, tirando os sapatos. Ele assentiu ao pegar o cartão chave.
“Eu não vou demorar.”
Scarlett fez um aceno com a cabeça e Elijah saiu do quarto. Ela se alongou e levantou para colocar seu celular para carregar. Ela tirou a camiseta e abriu o zíper da calça, assim que ela estava terminando de tirar a calça, a porta do quarto foi aberta.
“Eu esqueci meu...” As palavras de Elijah sumiram, seu olhar se fixou para a belíssima visão diante dele – Scarlett ligeiramente curvada, tirando a calça. Sua bunda com uma calcinha tão deliciosa. Suas coxas grossas e sensuais, quadris curvos e o lado de seu seio o provocaram, através do sutiã de renda. A pele macia e cremosa era como uma tela esperando que ela a marcasse. Quanto mais ele a observava, mais a desejava... Maldição... Ela era tão perfeita. Ele sentiu seu sangue se concentrar na região pélvica, seu p*u contorcia-se dentro das calças.
Ele a queria.
Scarlett congelou, ao se virar e ouvir o rosnado baixo que vinha de Elijah. O seu coração disparou quando ele entrou no quarto, fechando a porta com um chute atrás de si e avançando em sua direção. O brilho de puro desejo carnal era evidente naqueles olhos azuis cobalto mais escuro...