Lauren acordou sentindo a falta de Stephan ao seu lado, na cama.
Levantou-se e imanara que o encontraria na cozinha preparando o café, mas não havia sinal dele em lugar nenhum da casa.
Confusa, ela preparou o café da manhã de Sophia e um chá para si mesma, pois ainda não conseguia tomar café sem ficar enjoada. Depois subiu para o quarto novamente, para se arrumar.

Quando abriu o guarda-roupas, deparou-se com uma caixinha de lembranças de Giulia.
A curiosidade a tomou, pois desde o dia em que sua irmã sofrera o acidente, ela não tivera coragem de abrir aquela caixa, mas a trouxera consigo quando se mudara para a casa de Stephan.
Aproveitou que Sophia ainda estava dormindo e levou a caixa para a cama, abrindo-a com cuidado.
Haviam alguns álbuns de fotografias lá dentro e quando Lauren abriu um deles, deparou-se com algumas fotos de quando eram pequenas.
Giulia ainda era um bebê nos braços da mãe e Lauren sentiu seus olhos marejarem quando viu aquelas fotos novamente.
Fazia tanto tempo...

Tanto tempo desde o acidente e desde a última vez em que vira aquelas fotos, que já nem se lembrava delas.
Mas se lembrava daquele dia em questão.
Seus pais tinham acabado de retornar do hospital com a Giulia nos braços. Lauren ainda era bem pequena, mas se lembrava de ter esperado ansiosamente pela chegada de sua irmã mais nova.
Aquele fora o dia mais feliz de sua vida. Principalmente quando sua mãe a deixara segurar o bebê nos braços por alguns minutos.

Lauren virou as páginas do álbum, deslizando os dedos pelas imagens de seus pais e sentindo novamente a dor da perda.
Quando deu por si já estava chorando.
Primeiro foram seus pais, depois sua tia, que cuidara delas como se fossem suas filhas depois que seus pais morreram.
Agora Giulia e talvez, em breve, a Sophia.
Todos estavam saindo da sua vida.
Largou o último álbum sobre o colchão e pousou as mãos em seu ventre, onde seu bebê crescia.
Todos que entravam em sua vida iam embora de alguma forma.
Acontecera com seus pais, com Conrad e com Giulia...
Ela não queria que o mesmo acontecesse com Sophia, Stephan e seu bebê.
Então, ao olhar novamente para dentro da caixa ela notou um pequeno caderninho rosa e o pegou, curiosa, notando que era um diário.
Encontrou a chave dentro da caixa e o abriu, revelando a caligrafia de Giulia.
No momento em que ia começar a leitura, Sophia apareceu no vão da porta.
_Tia Lauren…
Ela largou o diário e olhou para sua sobrinha.
_Oi, querida? _ ela caminhou até a menina e abriu um pouco mais a porta, abraçando-a.
_Tio Stephan não está na cozinha... _ a garota comentou. Ela estava acostumada a acordar e encontrar Stephan tomando o café na cozinha todas as manhãs e estranhara sua ausência assim como ela havia feito.
_Acho que ele saiu mais cedo para o trabalho, mas eu já preparei o seu café da manhã. _ ela disse. _Pode descer que eu já vou em seguida.
A menina assentiu e saiu do quarto em seguida.
Lauren voltou para a cama e tornou a pegar o diário, abrindo-o em uma página qualquer.
“Hoje meu dia foi ainda pior do que ontem. Carter saiu mais cedo do que de costume de casa e me deixou sozinha, sem o que comer. Eu preciso me alimentar direito, agora que estou carregando a Sophia em meu ventre, mas ele não parece se importar com isso. Na verdade, ele nunca parece se importar com nada a meu respeito e agora eu começo a me arrepender do dia em que resolvi me mudar e morar com ele. Se tivesse ficado em casa, nada disso estaria acontecendo comigo... As surras constantes, as humilhações... Eu jamais deveria ter saído de casa! Mas eu jamais teria a Sophia...”
Lauren sentiu seus olhos se encherem de lágrimas novamente quando terminou a leitura.
Carter batia em Giulia?!
De repente ela se sentiu mal por isso.
Deveria ter sido um pouco mais atenta as coisas que aconteciam com sua irmã mais nova, mas estava envolvida demais com seus próprios problemas para se reocupar com o que sua irmã poderia estar passando.
Giulia saíra de casa pouco antes de sua tia falecer, para morar com o namorado.
Lauren jamais entendera o antagonismo de sua tia pelo tal Carter, até aquele momento.
Ela tivera razão todo aquele tempo e Lauren não lhe dera ouvidos.
E Giulia sofrera nas mãos daquele cretino durante todo o tempo em que estiveram juntos e ela nada pudera fazer por que não sabia de nada!
“Carter e eu discutimos novamente hoje pela manhã, e novamente ele me bateu. Ele tem se tornado cada vez mais agressivo e distante, em nada parecido com o homem por quem me apaixonei. Eu temo pela minha filha, pois desta vez pensei que teria que ir direto para o hospital. Eu não posso perdê-la... Ela é tudo o que eu tenho agora.”
Sentiu as lágrimas escorrendo por seus olhos enquanto virava algumas páginas até o nascimento de Sophia.
“Eu não poderia me sentir mais feliz do que estou me sentindo agora! Sentir o cheirinho da minha bebê, tê-la em meus braços e poder beijá-la... Agora eu sei o que mamãe sentiu quando eu e Lauren nascemos, e eu queria tanto que minha irmã estivesse aqui para partilhar isso comigo... Não é a mesma coisa com Carter. Ele não parecia nada feliz com minha gravidez e agora que a Sophia nasceu, ele simplesmente se fechou e parece ainda mais irritado. Estou ficando com medo...”
O nó que se formava em sua garganta ficava ainda maior e Lauren teve que controlar suas lágrimas para não soluçar e acabar chamando a atenção de Sophia.
Ela precisava ser forte diante de sua sobrinha, não cair em prantos.
O diário de Giulia consistia em pequenos trechos, apenas pensamentos ou sentimentos do dia a dia.
Mas era o suficiente par Lauren entender o motivo de Giulia ter decidido se afastar de Carter assim que sua filha nasceu.
Carter era agressivo com ela e Giulia temia por ela e a filha.
Pulou algumas páginas, prometendo a si mesma ler tudo com mais calma depois, mas por hora ela precisava saber mais sobre Carter Jones. Ela precisava saber com quem estava lidando e o que poderia fazer para impedi-lo de levar a menina.