Stephan lançou mais num olhar de lado para Lauren, que permanecia em silêncio desde que saíram da clínica.
Esperavam por qualquer outro resultado; uma virose, anemia…
Qualquer coisa menos gravidez.

Então ele tentou se lembrar de todas as vezes em que fizeram sexo sem proteção e xingou a si mesmo em pensamento.
O problema não era quantas vezes deixaram de usar proteção, porque parando para pensar, ele se recordava de apenas uma vez em que se preocupara com isso.
Estavam naquela situação porque “ele” não conseguira pensar em mais nada além de tê-la e satisfazer seu desejo.
Mas não sabia exatamente o que estava sentindo após descobrir que seria pai em alguns meses.
Insegurança era um sentimento que ele conhecera apenas uma única vez, quando seu pai falecera.
Mas o pânico ou qualquer coisa que seria esperado que sentisse após receber essa notícia...

Nada!
Mas olhando agora para Lauren, que permanecia em completo silêncio, ele não podia dizer a mesma coisa.
O que quer que nela estivesse sentindo, ela estava mantendo para si mesma, completamente inexpressiva.
Por isso ele estava inseguro.

_ Podemos passar no cemitério onde minha irmã foi enterrada? _ ela pediu, quebrando o longo silêncio.
Mas não olhou para ele.
Stephan franziu o cenho, achando seu pedido completamente estranho, mas assentiu mesmo que ela não estivesse olhando para ele e pegou a próxima saída para mudar o trajeto.
_ Lauren...
_ Podemos não falar disso agora, Stephan? _ ela pediu olhando finalmente para ele e Stephan pôde ver o medo e a incerteza em seus olhos verdes.
Voltou sua atenção para a estrada a frente, seu maxilar tenso, e o silêncio reinou dentro do carro novamente.
Ela precisava de tempo para absorver tudo o que estava acontecendo e ele deveria ser paciente.
Não demorou muito para que chegassem ao cemitério e logo Lauren saía do carro.
_ Eu não vou demorar. _ ela avisou, deixando claro para ele que queria ficar sozinha e Stephan suspirou, deitando a cabeça no encosto do assento e fechando os olhos.
_ O que eu faço agora, Giu? _ Lauren perguntou, ainda sem saber exatamente como se sentia a respeito da gravidez.
Não era como se ela e Stephan tivessem evitado, claro!
Ela mesma não se preocupara em consultar um médico para passar a tomar contraceptivos e não exigira que ele usasse camisinha.
_ Eu não sei se consigo fazer isso. _ ela murmurou novamente, imaginando sua irmã ali com ela.
Ela sabia que Giulia não poderia ouvir, mas precisava falar com alguém e não conseguia se abrir com Stephan ainda.
Não da maneira que precisava.
_ Sophia precisa de mim e não estou certa que me deixarão ficar com ela. _ ela desabafou. _ Solteira, moro de aluguel e passo a maior parte do dia no trabalho. E agora grávida...!
Lauren sentiu os olhos aderem, mas nenhuma lágrima saiu.
_ Stephan é... _ ela pensou em uma palavra para descrever Stephan. _ ... Atencioso e gentil apesar de eu não o ter suportado no início. E sei que será um bom pai. Eu só não podia ter mais uma coisa com o que me preocupar nesse momento tão difícil…
Lauren não sabia ao certo há quanto tempo estava ali, mas devia voltar ou Stephan ficaria preocupado.
Ele queria falar sobre o bebê, mas ela não sabia se estava preparada para ouvir o que ele tinha a dizer.
Em seu ventre havia uma sementinha crescendo, um pedaço dela e de Stephan. Tão pequeno quanto uma ervilha, talvez... pensou alisando a lápide de seu irmã com um sentimento enorme de perda tomando seu coração, imaginando o que Giulia teria sentido quando o pai de Sophia simplesmente desaparecera e a deixara com uma criança recém-nascida, sem emprego ou alguém que pudesse ajudá-la.
_ Eu gostaria muito que estivesse aqui comigo. _ ela murmurou finalmente sentindo uma lágrima rolando por seu rosto e então se afastou, preparando-se para voltar para o carro.
Só precisava de um momento de silêncio e de alguém que pudesse ouvi-la. Sem julgamentos.
_ Ah, e Sophia está muito bem! _ ela disse, sorrindo ao pensar na menina. _ Ela tem largado a boneca de lado ultimamente e fez amigos. Você se sentiria muito orgulhosa dela se estivesse aqui conosco... _ Lauren suspirou. _ Eu voltarei novamente, Giu. Só queria que soubesse como as coisas estão indo depois que você...
Ela não conseguiu dizer as palavras e deu as costas para o tumulo da irmã, andando pelo caminho que fizera até ali.
Secou as lágrimas que escorriam por sua face à medida que se aproximava do carro, notando Stephan do lado de fora, recostado ao veículo com uma expressão preocupada.
_ Você está bem? _ ele quis saber assim que se aproximou o suficiente para ouvi-lo.
Lauren assentiu.
_ Estou sim. Só precisava espairecer um pouco... _ explicou, esperando que ele voltasse ao assunto da gravidez, mas Stephan nada disse ela agradeceu em silêncio por isso.
Agora ela realmente precisava encontrar outro apartamento.
Pois de uma coisa ela tinha certeza:
Jamais fora uma covarde, e não seria agora que o faria!
Ela teria aquele bebê, independentemente do que Stephan dissesse.
E olhando para ele, naquele momento, ela não conseguia saber ao certo como ele se sentia.
Stephan permanecia quieto, concentrado no trânsito a sua frente enquanto a levava para a casa de Rolly a fim de pegar Sophia.
Não haveria conversa... pensou ela, incomodada.
Mas não poderia reclamar.
Ele respeitara seu tempo, quando ela necessitara dele.
Tudo o que lhe restava era fazer o mesmo por ele, pensou.