Capítulo 112
1410palavras
2023-04-29 00:23
Batalha de Aftermoon
Félix Fire e recrutas
No castelo Brown…
Lucinda havia terminado de comer junto a todos na mesa, Zebeu estava no castelo desde o dia que o cerco foi montado, os guardas de Helton não permitiam a saída de ninguém, Joaquim estava um pouco aliviado por conta da presença do curandeiro ali, pois ele sabia que se acontecesse algo teria alguém com quem contar.
Milenna, percebia que Lucinda se comportava de forma estranha, ela estava melancolia e para baixo, diferente do comum, sua filha sempre foi uma mulher animada e feliz, contagiava todos com sua alegria e deixava um clima bom por onde passava, mas agora, ela estava tão diferente, quase irreconhecível.
— Filha… como você está?
Milenna perguntava a Luci, que estava perdida em seus pensamentos.
— Ah… sim…
Lucinda respondia ainda no ar, ela pensava em como sair dali sem que Joaquim a impedisse.
— Fique tranquila filha.. irá dar tudo certo…tenho certeza que Joaquim dará um jeito em tudo..
Milenna falava passando a mão nas costas de sua filha tentando animá-la.
Sandy tenta conversar com Lucinda também, mas nada fazia com que a mulher voltasse a se animar, ela já estava decidida, se ela se entregar fosse a única forma de salvar todos ali, assim ela faria.
— Sandy… quero que você fuja caso algo aconteça… Helton e Isau fariam coisas horríveis se descobrissem que você está grávida… por favor, prometa que irá para o mais distante possível e se esconderá com sua criança..
Lucinda falava séria com Sandy que ficava confusa com as palavras da mulher, ela sabia que ela tramava algo.
— Lucinda… não sei exatamente o porquê de tudo isso, mas por favor, pense em seu filho… sei que Joaquim irá conseguir nos proteger…tenha fé..
A estrangeira falava abraçando Lucinda, que quase chorava.
Se passaram alguns minutos e todos se preparam para deitar, Josefa limpava a mesa do salão, infelizmente havia acabado as carnes e frutas frescas, era complicado manter tais alimentos por muito tempo guardados.
Lucinda andava pelo salão em direção a porta, ela achava que não tinha ninguém ali, ela caminhava devagar e de repente era surpreendida por Josefa, que percebia ela passar, e logo questionava.
— Pensei que todos já estavam na cama… A senhora quer algo para beber? Eu levo em seu quarto..
A senhora falava carinhosamente enquanto apoiava a mesa que limpava, mas Lucinda não a respondeu, e continuou seguindo em frente.
— Minha Lady?
Josefa perguntava novamente, mais alto dessa vez, ela sabia que algo estava errado.
Lucinda se virava para Josefa com lágrimas escorrendo em seu rosto, era uma despedida.
— Adeus Josefa…
Lucinda dizia e começava a correr, segurando parte de seu vestido que arrastava ao chão, a senhora entra em desespero sem entender o que acontecia, e com dificuldade, tentava correr até a sala de Joaquim, ele passava as noites ali tentando resolver a situação, mas parecia não surtir efeitos nos últimos dias.
— Lorde?! Lorde Joaquim!
A velha gritava enquanto tentava subir as escadas, mas o homem parecia não ouvir, ela se esforçava cada vez mais, e seu corpo doía, ela já era de muita idade.
Milenna ouvia o barulho nas escadas e corria até o local para ver o que acontecia.
— Josefa!? o que aconteceu? — Os cabelos de Milenna estavam bagunçados e ela tentava os arrumar, ela estava deitada pronta para dormir assim que ouviu a criada chamar pelo Lorde.
A velha já estava fatigada, se escorando na parede.
— Lady Lucinda… ela saiu correndo em direção à saída do castelo!
A velha falava sem fôlego e Milenna quase caia para trás com o susto, mas logo ela voltava a si e corria até a sala de seu genro, ela batia forte na porta enquanto gritava.
— Lucinda está saindo do castelo! Joaquim! Por favor!
Milenna gritava em prantos chamando pelo Lorde, que abria a porta correndo, a mulher via o desespero nos olhos do homem, que não falava nada, apenas descia correndo as escadas, tentando alcançar sua amada.
Lucinda já chegava ao portão, os soldados que restavam de Joaquim estavam de guarda e se assustam com a presença da Lady ali, a chuva começava a cair, deixando a mulher com o cabelo e vestidos molhados. Ela dizia decidida, mas de coração partido.
— Abram o portão!
A mulher gritava séria, a chuva que caia camuflava as suas lágrimas.
— Nós não temos permissão para abrir! O Lorde Joaqui…
Lucinda gritava interrompendo o homem, ela já não suportava mais, ela estava quase desistindo de se entregar, ela sabia que Joaquim não teria reforços e que não aguentaria por mais alguns dias.
— Eu sou a Lady desse castelo! Eu ordeno que abram esse maldito portão!
Lucinda gritava, e de longe Joaquim corria se aproximando, ele gritava com os soldados, mas eles não ouviam corretamente por conta da chuva, eles abriam o portão, Lucinda olhava por alguns segundos para o seu amado que vinha em sua direção, os olhos dos dois se encontram, ela sentia o seu coração doer pela decisão que havia tomado, seu rosto era de infelicidade, ela não queria aquilo, mas queria parar com aquela guerra, Joaquim estava de olhos arregalados não acreditando no que estava vendo, ele estava sem chão, não sabia o que fazer ou oque falar, ele começava a se aproximar, ele iria segurar sua amada nos braços, dizer que daria um jeito, ele queria sentir o cheiro dela, e dizer que a amava beijando seus lindos lábios, ela era dele, e ele somente dela, ele queria dizer isso, mas Lucinda se virava decidida a ir para fora, ela corria em direção a saída, segurando o seu vestido, sentindo seu corpo molhado e frio por conta da chuva.
Do lado de fora do castelo….
Estava tudo escuro, a lua estava totalmente coberta pelas pesadas nuvens e começava a chover, Félix se aproximava com os seus companheiros, e ouvia uma agitação do lado de dentro do castelo, infelizmente o alto e grosso muro o impedia de ouvir com clareza, mas ele permanecia atento, observando os soldados, ele sentia que algo iria acontecer, os lobos precisavam ficar a postos.
Félix fazia um sinal para os seus homens e todos se posicionavam, seu longo cabelo estava molhado e cobrindo o seu rosto, assim como suas roupas que agora estavam encharcadas.
Eles estavam um pouco atrás dos soldados de Helton, e enquanto todos se posicionavam, o enorme portão começava a se abrir, o lobo não entendia o que estava acontecendo, será que iriam começar a guerrear logo agora debaixo de chuva?
Felix focava a sua visão, e conseguia ver que apenas uma pessoa saia dali, ele se esforçava, e enxergava Lucinda… ele lembrava bem como era a irmã de sua esposa, ela estava toda encharcada, ele conseguia ver um pequeno volume da barriga da mulher, o lobo fechava os olhos e mesmo debaixo daquela chuva ele tentava sentir o cheiro e a pulsação da mulher, ele percebia que havia algo estranho, era algo similiar que ele sentiu quando Cateline estava em seus primeiros meses, mas em Lucinda estava mais fraco, talvez por seu filho ser totalmente humano. Mas, ele sentia algo estranho, ela parecia angustiada, com o coração partido, ele queria saber o que ela estava fazendo ali... Félix jogava os cabelos para trás, tirando do seu rosto, e mordia o lábio com raiva, ele não sabia o que estava acontecendo ali.
— Droga! o que ela está fazendo?
Felix resmungava baixo, ele queria atacar de forma surpresa, sem envolver as pessoas de dentro do castelo, mas e agora? como ele faria com Lucinda ali no meio..
Seu amigo dizia logo atrás, vendo tudo que acontecia.
— Quem é essa?? Se parece com Cateline... — ele dizia baixinho e continuava para ninguém mais ouvir...
— O cheiro é parecido, o rosto, o físico, sem falar nos cabelos longos...
Felix o interrompia dizendo.
— Gostaria que não comentasse com ninguém, eu confio em você… por favor, me prometa que irá me ajudar e defender ela…Pelo que você vê, ela está grávida...
Antes mesmo de Félix terminar de falar, seu amigo colocou a mão no seu ombro, dando uma piscada dizendo ao seu amigo.
— Já entendi tudo meu amigo.. pode deixar.. o que me falou aqui, está guardado, irei te ajudar…da mesma forma que confia em mim, eu também confio em você…Vamos protegê-la, nada de mal vai acontecer a ela.
Felix agradecia e apertava o ombro de seu amigo…