Reino de Aftermoon
Lucinda e Joaquim Brown
Se passaram cerca de oito semanas desde a chegada de Sandy ao castelo Brown, a barriga da mulher estrangeira havia crescido bastante, Zebeu passava o dia cuidado das mulheres, às ajudando e vigiando, sempre preparado para caso algo acontecesse.
Lucinda por outro lado ainda não estava com a barriga apontada, mas já sentia os sintomas da gestação, enjoos, enxaquecas e cólicas.
Joaquim havia aceitado sem reclamações a moça em seu castelo, ainda mais após saber que ela estava grávida, para ele aquilo era uma benção para o seu reino, ele queria protegê-la, pois sabia que ela sofreria se caísse em mãos erradas.
Zebeu, após muito esforço e dificuldade, havia conseguido as ervas para fazer o teste sanguíneo em Sandy, finalmente seria esclarecida tal dúvida. Ele estava curioso para saber se a estrangeira era de fato parente de Cate, Lucinda e Martin.
Helton, continuava com as suas ameaças, infernizando a moça com as suas cartas, aquilo estava acabando com o humor da Lady, que já nem parecia mais a mesma.
Milenna, estava curiosa para saber sobre o resultado do teste, ela não sabia se essa mulher era parente dela ou do seu marido, pois ela sabia que sua linhagem não havia saído de Aftermoon, todos sempre moraram ali, todos haviam morado em fazendas assim como ela, Milenna ficava pensativa, colocando as mãos nos cabelos, os alisando e pensando sobre isso, já sobre seu falecido marido, ela nunca soube nada sobre sua família, a única coisa que ela havia ouvido do marido, era que sua ex sogra era uma criada do castelo. Ela estava no escuro, se essa mulher fosse sua parente, não sabia de que lado ela se encaixava.
A chegada da estrangeira ali havia sido uma surpresa para todos, ainda mais pela sua gravidez.
Era hora do jantar e todos estavam na grande mesa do salão comendo, Joaquim comia rápido como de costume nos últimos dias, as coisas estavam cada vez piores, seu irmão o pressionava com o enorme exército e tudo que ele podia fazer era se defender com poucos de seus aliados que haviam restado.
Na mesa, todos permaneceram calados enquanto comiam, o clima estava tenso, Zebeu estava junto a todos, após o jantar ele faria o teste em Sandy para ter certeza de uma vez por todas.
— E então… como estão as bênçãos de Aftermoon?
Joaquim perguntava limpando sua boca com o lenço tentando quebrar aquele silêncio constrangedor da sala, o Lorde estava com olheiras fundas e aparentava ter emagrecido nos últimos meses.
— Estamos bem, querido… obrigada..
Lucinda o respondia com um enorme sorriso no rosto, ela se sentia mal por não poder fazer nada ali, se ela tivesse certeza que Helton recuaria as trocas caso ela se entregasse, ela faria isso.
A Lady sabia que Helton mandaria matar todos depois que ela se entregasse, por isso não arriscaria sair dali, ela rezava todos os dias para que Joaquim fosse forte o suficiente para vencer as batalhas.
— Zebeu, caso precise de algo para elas, me fale imediatamente, sei que deve ser complicado manter a gravidez das moças..
Joaquim falava exausto, mas com seriedade.
Zebeu assentia, ele faria o que fosse necessário para que as mulheres permanecessem saudáveis.
Joaquim, era o primeiro a sair da mesa, ele sempre tinha algo para resolver a todo momento, isso vinha deixando todos preocupados com a saúde do Lorde.
Depois que todos terminaram de jantar, Zebeu os reuniu na sala ao lado, para fazer o teste, era algo bem mais simples do que ele imaginava, como a receita havia se perdido a anos atrás, o curandeiro não sabia se iria conseguir replicar, mas iria tentar a todo custo.
No teste, era necessário fazer a união de algumas ervas e cascas de árvores que existiam em apenas algumas partes dos reinos vizinhos, algo muito difícil de se conseguir, era necessário também acrescentar algumas gotas de sangue de quem seria testado, assim caso não houvesse reação, o sangue seria compatível, provando o parentesco dos mesmos.
Zebeu juntava todos os ingredientes em uma cuia, e uma fumaça já começava a sair, o velho não sabia se aquilo era comum, mas continua seguindo a antiga receita.
Após misturar tudo, o forte cheiro da casca da árvore toma conta do local, fazendo Martin tossir por alguns segundos.
— Bem.. agora precisamos das gotas de sangue..
O curandeiro falava, segurando uma adaga afiada, Lucinda precisava ser a primeira .
A Lady ficava meio receosa, mas ela prosseguia com o teste mesmo assim, ela fechava os olhos e estendia a mão, permitindo que Zebeu fizesse um pequeno corte em seu dedo.
As gotas caem rapidamente dentro da poção que muda de cor assim que o sangue se mistura.
Ele enrolava um tecido no dedo na Lady para estancar o sangramento, a próxima era Sandy.
A mulher se aproximava, e estendia a mão corajosamente, ela sabia que o resultado seria certo, mas aceitou fazer o teste para confirmação mesmo assim.
Zebeu fazia o corte, o sangue escorria lentamente do dedo da mulher e pingava dentro do recipiente, o curandeiro fechava os olhos temendo uma explosão de rejeição, mas nada acontecia, ao olhar dentro, percebeu que a cor havia se intensificado.
— Impossível!
Zebeu falava surpreso, ele não acreditava que a mulher falava a verdade, Sandy realmente tinha parentesco com a Lady, mas como ela sabia de tal coisa?
— Como você poderia saber de tal coisa?
O curandeiro a questionava, e a mulher ficava sem palavras.
— Eu… não sei… haviam as cartas.. e minha mãe sempre contava histórias… mas, de uns tempos pra cá, depois que fiquei grávida, comecei a ter alguns sonhos estranhos, alguém pedia para que eu viesse para Aftermoon, eu não sei quem, mas parecia ser importante…
Sandy falava pensativa, Lucinda e o restante da família estavam boquiabertos tentando entender como tal coisa era possível, eles tinham parentes distantes.
Enquanto eles conversavam surpresos, um forte som soa do lado de fora do castelo, parecia que algo batia na entrada, fazendo todos se assustarem, interrompendo a conversa.
— O que é isso?
Milena perguntava abraçando Martin que a abraçava chorando amedrontado.
O som se repetia e todos conseguiam sentir as paredes do castelo estremecer.
Joaquim, aparecia correndo na sala, verificando se todos estavam bem, ele sabia que só podia Helton.
— Querida, você está bem?
Joaquim perguntava indo até sua esposa, a abraçando.
— Fiquem aqui, eu irei com alguns dos guardas ver o que isso significa..
O Lorde falava bravo segurando sua espada que estava na bainha, em sua cintura.
Enquanto ele andava alguns servos aparecem e o acompanham, eles seguravam tochas e facas para defender sua casa.
— Vamos para o quarto aguardar, não é seguro ficar aqui por agora…
Josefa aparecia usando sua bengala, ela queria tirar as grávidas dali, ela sabia que era arriscado demais.
Todos andavam até o quarto mais seguro que havia ali, e se trancam, aguardando a liberação de Joaquim, torcendo para que não fosse nada do lado de fora.
Joaquim andava com todos os seus criados e servos, eles estavam ali por vontade própria, eles gostavam de seu Lorde e de onde moravam, todos morreriam protegendo sua nova família se fosse necessário.
Joaquim subia pela escada, ficando acima do muro ao lado do portão, infelizmente o Lorde tinha poucos guardas no momento, e apenas alguns arqueiros para defender o local, seu irmão não sabia disso, essa era sua vantagem.
Ao olhar para baixo, entre a escuridão da noite, ele via as tochas seguradas por alguns soldados e seu irmão em um cavalo, usando uma armadura brilhante que parecia nunca ter sido usada.
Joaquim pedia para que os arqueiros se posicionassem, mas assim que os arcos estavam apontados, ele vê incontáveis soldados entre a escuridão das árvores.
— Irmão… me entregue Lucinda… não quero ter que quebrar meu futuro castelo…
Helton gritava para o irmão zombando dele, ele sabia que ele era capaz de invadir.
— Meus soldados estão prontos para enterrarem suas espadas em seu crânio… de meia volta e eu pensarei em lhe dar uma segunda chance.
Joaquim tentava blefar, Helton não sabia que seu irmão estava sem soldados ali, era a única forma de permanecer vivos até os reforços chegarem.
— Veremos por quanto tempo você e seus soldados aguentam sem comer!
Helton gargalhava, fazendo um cerco em volta do castelo de Joaquim, que agora estava sem muitas opções, o que ele faria para proteger sua amada e sua família?
Será que ele deveria pedir para que Lucinda fugisse, ou deixá-la ali até que tudo acabasse?
O Lorde se questionava confuso, enquanto encarava o seu irmão.
Joaquim, iria decidir o melhor para sua amada, ele sabia que os dois se amavam muito, mas ele temia que somente o amor não fosse o suficiente para protegê-la do mundo horrível em sua volta.