Capítulo 33
1985palavras
2023-03-07 02:25
Yohan e a antiga Oblivya
O comerciante Yohan, após sair de Aftermoon, navega pelos mares escuros até o reino de Oblivya, o local era conhecido por ser uma parada para estrangeiros que procuravam diversão e iguarias exóticas, a cidade era repleta de casas de prazer e antiguidades, geralmente Yohan conseguia fazer bastante dinheiro vendendo suas mercadorias lá.
O grande mar esconde vários perigos e mistérios, dificultando muito as viagens feitas pelo comerciante, mas isso nunca o desanima, afinal de contas ele trabalha navegando desde sua juventude.
Foram apenas alguns dias de viagem para Yohan finalmente chegar em Oblivya junto a sua tripulação, todos já estavam exaustos, a viagem não havia sido fácil, e tudo que queriam agora era descansar.
O comerciante, se prepara para ir até seus clientes frequentes levar algumas de suas mercadorias, os produtos caseiros feitos pela família Forth ganhavam fama em todos os reinos que Yohan passava, e isso enchia cada vez mais seus bolsos.
Yohan andava pelas ruas estreitas, admirando a arquitetura do local, pelo caminho as pessoas que o conheciam o cumprimentavam perguntando como estavam suas viagens, ele as respondia rapidamente, e continuava o seu percurso.
Era possível ouvir os sons vindos das casas de prazeres, mesmo ainda sendo cedo, próximo ao horário do almoço, era algo comum ali, gemidos e gritos ecoavam das janelas.
Yohan, tinha o gosto diferente da maioria dos homens que frequentavam esses locais, ele preferia pessoas mais fortes, de preferência másculas, era comum da onde ele vinha experimentar coisas diferentes.
Depois de andar um pouco ele chega ao estabelecimento de um velho conhecido seu, ele sempre comprava as mercadorias de Yohan, seu nome era Olívio, e seu estabelecimento era um bistrô onde eram vendidos alimentos caseiros feitos com ingredientes importados, geralmente vendidos por Yohan.
— Olá amigo.. quanto tempo não o vejo!
O dono da loja diz surpreso ao vê-lo, fazia tempo que ele não passava por ali.
— Olá, amigo querido!
Yohan o abraça como cumprimento, eles se conhecem a muito tempo, são quase como parentes.
— E então.. o que traz de bom para nós hoje? Fiquei sabendo de outros comerciantes que você achou uma mina de ouro em Aftermoon…
Olívio diz dando alguns tapas nas costas do velho comerciante, que parece meio desconfortável em falar .
— Bem… grandes produtores lá, ganhar muito dinheiro vendendo produtos..
Yohan tenta falar pouco, mas é complicado de entender por conta de sua pouca fluência no idioma local .
— Novidades? Faz tempo que não vir aqui.
Ele muda de assunto, Yohan estava curioso pelos boatos que havia ouvido no porto, diziam que Oblivya estava com problemas em suas fronteiras, mas ninguém de fora sabia ao certo do que se tratava.
Olivio suspira, podia ver pela sua expressão que era algo desanimador .
— São os centauros… eles estão forçando as defesas novamente.. eles estão sempre tentando destruir alguma coisa ou derrubar nossas construções nas extremidades da cidade.
Yohan arregala os olhos, ele já havia ouvido falar dos centauros mas nunca detalhadamente.
Olivio continua a explicar.
— Graças aos Deuses temos armamento para nos defender, o problema é que estão sempre dando um jeito de destruí-los, sabe?! Isso tem atrapalhado um pouco as vendas, os estrangeiros temem por invasões e talvez até mesmo uma possível guerra, esses malditos são grandes e fortes, sem falar que conseguem correr mais rápido que qualquer humano, temos sorte dos muros serem tão resistentes.
Era mais complicado do que Yohan havia pensado, talvez fosse bom ele apenas vender tudo que tinha ali, e ir para outro local, de preferência mais calmo.
— Mim entender ... você querer comprar algo? mim ir embora logo…
O comerciante fala, dando a entender que não ficaria ali por muito tempo, ainda mais depois de ouvir tais informações, parecia perigoso demais, homens metade humano e metade cavalo, ele não queria ficar ali para ver pessoalmente.
— Sim! eu estava precisando de alguns doces para os bolos, e talvez frutas .. você teria?
Olivio fala, pegando uma caderneta, onde anotava os itens que faltavam em sua loja.
Yohan fica pensativo por um tempo, e logo lembra que as moças Forth tinham lhe vendido doce de leite caseiro, e algumas frutas secas e cristalizadas, era algo novo naquela localidade e com toda certeza chamaria atenção dos clientes no bistrô.
Ele assente para seu amigo, e juntos vão até o porto, onde ele o leva até seu navio.
Após alguns minutos andando eles chegam, Yohan topa seus criados deitados por todos os cantos com mulheres nuas, era comum sempre que paravam, eles eram acostumados a contratar tais serviços.
Antes mesmo de chegar ele já ouvia os sons vindo de dentro, ele odiava que fizessem tais coisas ali, e quase sempre gritava para que todos saíssem imediatamente, mas isso sempre repetia, eles não ligavam muito para o que Yohan falava.
Ao chegar, todos olham para seu capitão, se levantando rapidamente junto às mulheres, fingindo que nada acontecia, no rosto de Yohan era possível ver o descontentamento .
— Sem vergonha.
Yohan fala enquanto passa por eles, que o ignoram, saindo do navio sem falar nada, para Olívio era comum tais cenas, como morava ali era comum os barulhos vindos das ruas.
Eles andam juntos até o porão, que era onde ficava a maior parte de suas mercadorias.
Ele pega alguns potes e abre para que Olivio experimentasse, após a primeira colherada no doce, foi como se Olivio se apaixonasse pelo sabor, ele nunca havia comido tal coisa.
— Isso é magnífico! como se chama?
Ele fala dando mais colheradas no pote, Yohan dá risadas vendo o quão fascinado seu amigo havia ficado.
Ele então pega um frasco, nele continha frutas cristalizadas, em Aftermoon a temperatura era tropical e agradável, por isso as frutas que cresciam lá eram diferentes das do reino de Oblivya.
Dentro do frasco havia mamão cristalizado, uvas secas também conhecidas por uvas passas, ameixas secas entre outras frutas.
Olívio sente uma explosão de sabores ao colocá-las em sua boca, ele nunca havia experimentado tais coisas antes, imediatamente comprou e reservou quase todo o estoque que havia no porão do navio.
— Mim saber que você iria gostar… trazer mais mês que vem!
Yohan já deixava marcado a data e a quantidade que havia sido encomendada por seu amigo, os dois estavam felizes e satisfeitos, Olívio pelos novos ingredientes de qualidade que havia conseguido, e Yohan pelo dinheiro que engordava cada vez mais seus bolsos.
Os dois se despedem e Yohan pede para que um de seus serviçais entregasse as encomendas, como já era quase hora do almoço ele decidiu ir até o centro para comer algo, ele estava curioso pelos centauros que seu amigo falou anteriormente, geralmente ele viajava entre reinos e sempre ouvia histórias diferentes e isso o deixava intrigado, cada vez mais curioso pelo que encontraria no local a seguir.
Depois de chegar ao local onde iria comer, ele se senta em um dos bancos e observa a movimentação, logo chega seu prato, ele costumava comer no mesmo lugar sempre.
Era um estabelecimento conhecido por vários estrangeiros que passavam por ali, fazendo com que fosse muito movimentado.
Ele fica ali parado, desfrutando da culinária local, enquanto ouvia as conversas das pessoas ao redor, ele sabia que isso era um hábito feio mas ele não conseguia controlar.
Havia um grupo sentado próximo a ele, com cerca de quatro pessoas, usavam roupas diferentes e pareciam ser de algum lugar ao norte de Oblivya.
Ele prestava atenção no que conversavam e ficava surpreso ao ouvir que se tratava sobre os confrontos que haviam acontecido perto dali, diziam que alguns Centauros haviam conseguido invadir o grande muro, causando um enorme alvoroço, deixando alguns feridos e até mesmo alguns mortos.
Após alguns segundos calados eles continuaram a falar, Yohan neste momento já estava quase indo até a mesa deles para ouvir melhor, mas ele sabia que isso seria muita intromissão.
Yohan permanece ali, tentando fazer o máximo possível de silêncio para entender tudo o que eles falavam.
Ele ouve algo sobre o rei de Oblivya, uma possível União entre os outros reinos, para combater as criaturas mágicas que estavam ameaçando a soberania humana.
Yohan fica assustado, ele tinha conhecimento sobre algumas dessas criaturas mas ele nunca havia imaginado uma guerra entre os humanos e os seres mágicos, isso estava fora de sua realidade, era algo que ele sabia que custaria a vida de muitas pessoas inocentes, em sua mente ele torcia para que tudo não passasse de boatos ou até mesmo exagero da parte daqueles homens que conversavam ali.
Eles continuam, falando sobre descobertas de raças novas, magia, uma lenda antiga que recaia sobre todos, e uma possível união também das raças mágicas, aquilo já estava saindo do controle, para ele aqueles homens estavam loucos e tudo aquilo que haviam dito não passava de imaginação fértil e excesso de álcool.
Yohan termina de comer sem dar muita atenção ao resto que eles falavam e retorna a seu navio, já estava tarde e ele precisava descansar um pouco para retornar a navegação.
Ele vai até a sua cabine, onde planeja e traça as suas próximas rotas e paradas, os locais onde abasteceria sua água e alimentação.
Ele termina o planejamento e se deita para descansar um pouco, avisando a todos que iriam sair ao anoitecer, alguns de seus serviçais ainda curtiam com as moças nuas que dançavam e rebolavam no deque, muitas das vezes aquela festança ia noite adentro, e infelizmente não havia nada que o capitão Yohan pudesse fazer, já que seus tripulantes ficavam dias na água, sempre que tinham uma oportunidade ao chegar em terra firme faziam o que queriam.
Entre os barulhos, Yohan tenta dormir , pegando no sono após alguns minutos de tentativa…
A noite caia e Yohan se levanta indo até o deque onde ele via vários dos seus serviçais desmaiados no chão por conta da bebedeira, com um grito ele acorda todos, ele não ligava se estavam cansados ou não, tudo que ele queria era que eles apenas fizessem seus trabalhos.
— Vamos sair agora! Preparar as velas!
Yohan grita, fazendo alguns dos marinheiros darem um pulo, quase que automaticamente eles preparavam as coisas para a partida, como estava escurecendo Yohan pediu para que alguns dos tripulantes também acendessem as velas e lamparinas, eles iriam para um local próximo ali, haviam algumas entregas ainda a serem feitas, depois voltariam para Springdale, ele havia encomendado algumas coisas e em alguns dias estariam prontas.
Antes de desatracar o navio, ele vai até o lado de fora para verificar se estava tudo certo, ele se despede de alguns de seus amigos comerciantes e pega algumas caixas de alimentos para que não faltasse nada até a próxima parada, após a confirmação que estava tudo pronto, eles saem, não era seguro viajar à noite mas Yohan tinha muita experiência com o local, para ele era como se estivesse andando nos quintais de sua casa.
Eles teriam que passar por algumas ilhas, e também algumas áreas rochosas, ali seria um dos lugares mais perigosos, mas ele não temia, o que o mais preocupava, era os boatos sobre os seres aquáticos, tritões, sereias, polvos gigantes, entre outros.
Ele sabia que era impossível se comunicar com tais seres, que eles não eram muito amigáveis por conta de todas as guerras que haviam acontecido, eles ainda eram os únicos seres que não tinham tanto contato com os outros e isso deixava todos assustados, afinal de contas ninguém sabia o que esperar vindo deles.
Tudo que Yohan tinha que fazer era desviar de todos os pontos em que se eram avistados tais criaturas, já era noite e não teria como ele os ver caso aparecessem, ele seria cauteloso.
O navio então some entre a escuridão do mar, sendo levado pela leve brisa que soprava nas velas, as luzes das lamparinas e os sons dos tripulantes aos poucos desaparecem deixando apenas as ondas feitas pelo navio.