Capítulo 11
1401palavras
2023-10-12 00:06
Abri lentamente meus olhos, e com uma forte luz que "saia" do teto, fechei-os rapidamente até conseguir me habituar com a claridade. Respirei fundo e olhei ao redor, tentando identificar o local onde eu me encontrava, e pelo teto branco e alguns aparelhos ao lado acabei por deduzir, estar no hospital e então pequenos flashes surgiram em minha mente.
FLASHBACK ON
Uma fisgada forte no pé da barriga me fez sentar na cama e fechar os olhos devido a dor que sentir na hora. Passei a mão na testa e notei o quanto estava molhada de suor, levantei devagar e a pontada voltou fazendo-me soltar um gemido, caminhei até próximo a porta e acendi a luz e ao olhar para baixo vi uma fina camada de sangue descer por minha perna direita, olhei para a cama e a mesma estava com uma mancha de sangue lá. Minha respiração começou a acelerar e abri a porta com tudo indo até meu quarto pegar meu celular. Procurei ele na cabeceira da cama, no criado-mudo e nada... Lágrimas desciam por meu rosto e a cada soluço que eu dava uma dor subia, andei devagar até a sala pois a dor havia aumentado, avistei meu celular na mesinha próximo a TV, como ele veio parar aqui?

Aproximei-me do mesmo e o peguei, já digitando o primeiro número que veio em minha cabeça. Duas vezes seguida caiu direito na caixa postal e na última tentativa, no terceiro toque ele atendeu.
— O que você quer?— gritou ele devido ao som alto.
— O bebê, vem pra casa.— falo baixo.
— Fala sério Samantha, eu estou numa festa e você quer que eu vá até ai ver quem nem nasceu ainda?— ele disse e alguém riu.
Respirei fundo e deixei um gemido escapar.
— Por favor Jordan. Por favor, eu estou perdendo ele.— falo chorando.

— Você o quê?— ele grita e mordo o lábio.
— Me ajuda, eu sei que você não se importa com ele, mas por favor me ajude. Não quero perder ele, não quero perder meu bebê, nosso bebê.— digo com a respiração fraca e toco minha barriga ouvindo ele suspirar do outro lado.
— Já estou chegando!— e desligou na minha cara.
Caminhando até o corredor, sentir uma leve tontura me preencher, apoie-me na parede tentando me manter firme mas, em menos de cinco passos, cai no chão, sentindo minha vista turva e em seguida, escuridão.

FLASHBACK OFF
Por instinto coloquei a mão em minha barriga e a apertei de leve. Eu precisava senti-lo, saber se ele ainda estava ali comigo. Algumas lágrimas desceram por meu rosto e as sequei, impossível amar alguém que nem se conhece, que ainda não viu nem o rosto, mas saber que ela está dentro de você, que ela pertence a você é uma sensação incrível e mesmo com toda essa turbulência que vem ocorrendo, eu o amo e não quero perder-lo, quero que ele cresça dentro de mim, saudável e lindo.
— Ele está bem.— olho na direção da porta e a vejo sendo fechada e observo a pessoa que acaba de entrar ali, confesso que fiquei surpresa ao vê-lo ali.
— O que aconteceu?— minha voz saiu mais fraca do que pensei.
— Não se lembra de nada?— perguntou ele ao aproximar-se da cama.
— Mais ou menos... Só de te ligar e depois eu...— senti uma dor leve e gemi baixinho.
— Melhor ficar quieta, daqui á pouco o médico vem ti ver.— falou e assentir.
Era estranho ficar num lugar assim com ele e não ter brigas ou indiretas, estava tudo num silêncio bom, não estava sendo constrangedor para mim, agora não sei pra ele. Jordan estava sentado numa poltrona para acompanhante perto da janela e mexia no celular, e eu apenas mantinha minha mão sobre minha barriga, meu bebê estava bem, e isso era tudo o que importa.
A porta foi aberta e um homem de jaleco branco entrou, segurando uma prancheta e seguido por uma enfermeira de uns quarenta anos com uma bandeja em mãos. O médico era jovem, não mais que trinta e três anos, alto e de um porte físico forte natural, olhos azuis e cabelos pretos, ele era muito lindo. Ele aproximou-se mostrando um sorriso lindo com dentes brancos perfeitos, como ele era gostoso, meu Deus.
— Samantha Elena Pierce Brenner, é isso?— pergunta ele com a voz grossa.
— Isso ai.— falo baixinho.
— Vamos dar uma olhadinha em você agora, e checar se o bebê está bem.— diz ele e assinto levemente.
A enfermeira checou minha pressão, colocou mais uma bolsinha de soro, enquanto o doutor que ainda não sei o nome, apertava levemente minha barriga e sempre me perguntando se sentia alguma coisa.
— Está tudo bem Samantha, com você e com o bebê, só procure se manter quieta.— diz ele.
— O que houve? Por que tive aquele sangramento?— perguntei.
— Houve um pequeno descolamento da placenta, e por isso o pequeno sangramento.— explica.
— Mas o que pode ter colaborado com isso?— pela primeira vez Jordan se pronuncia e o vejo ao meu lado.
— Existem vários motivos, mas provavelmente algum problema emocional. Senhorita Pierce, você sofreu algum emocional forte? Estresse, susto, alegria?— questiona ele e olho de relance para Jordan que se mantém sério.
— Hmm, sempre fico meio abalada quando lembro da minha mãe, ela hmm, morreu quando eu tinha 15 anos.— falo, me aperta o coração ter que usar aquilo como uma desculpa para uma discussão minha e de Jordan. Mas ainda assim era certa verdade.
— Sinto muito por sua perda, uma garota linda como você não merece passar por nenhuma perda.— diz ele e mostro-lhe um sorriso de lado.
— Obrigado doutor...— esperei ele dizer seu nome.
— Ethan Moore.— diz.
— Belo nome, enfim obrigado por ter cuidado para que eu não perdesse o bebê.— agradeço.
— Não agradeça a mim e sim, agradeça o rapaz. Ele chegou muito assustado aqui com você no colo, e brigou com alguns funcionários que não queria atendê-la logo.— confessa ele e olho para Jordan que morde o lábio, mas não me olha.
— Doutor?— a enfermeira que havia saído retorna até o quarto.
— Sim Abby?— ele olha em sua direção.
— O paciente do quarto 236 está descontrolado e não sabemos o que fazer.— diz ela assustada e ele ri anasalado.
— Já estou indo —diz ele e volta-se para mim— E você dona Samantha, irá passar essa noite aqui. Vai ficar em observação e amanhã cedo faremos mais um exame, para ver se está tudo certinho, e logo após eu te darei alta.— diz ele.
— Tudo bem.— falo.
— Tente descansar, não quero que minha paciente mais linda sofrendo por ai.— diz e lança uma piscadela disfarçada, saindo logo em seguida, deixando o quarto num silêncio desta vez bem constrangedor.
— Jordan?— o chamo.
— Oi.— ele me olha.
— Se quiser pode ir pra casa, fico bem aqui.— falo e ele revira os olhos.
— Esquece, eu fiz isso, então é minha responsabilidade.— diz e vai se sentar.
— Obrigado por ter feito isso por nós sabe, hmm, o bebê e eu. Talvez ele nem estaria mais aqui mas, isso seria bom para você não é mesmo?— pergunto com a cabeça baixa.
— O que você quer dizer?— ele pergunta confuso.
— Quero dizer que, se eu tivesse perdido o bebê, você não se importaria como vêm fazendo e que seria bom pra você, iria poder pedir o divórcio e tudo voltar há ser como era antes.— desabafo e o silêncio permanece por alguns segundos.
— Tem razão, eu faria exatamente isso... Se eu não tivesse uma educação e ele não fosse meu filho. Com toda certeza, me sentiria culpado se ele morresse e posso estar te odiando por ter sido tão burra quanto eu, por não ter se cuidado, mas ele é meu filho, o nosso filho.— o olhava confusa, surpresa e ao mesmo tempo admirada por ouvir tudo aquilo dele, uma lágrima escorreu por minha bochecha e rapidamente virei o rosto para ele não ver e a sequei.
— Obrigado.— sussurrei e depois apenas o som do aparelho que media meus batimentos era ouvido e ficar naquele silêncio, lembrando de tudo o que ele acabara de dizer, de alguma forma mexeu comigo e pra ser sincera, não gostei dessa sensação.
Malditos sintomas de gravidez.