Capítulo 64
1100palavras
2023-04-04 19:50
Bianca viu o homem que deveria ser o Dom tomar a frente, e o olhou admirada. Olhou pra mãe e viu os olhos dela lacrimejando. Ela também viu. Dom Fabrízio era muito parecido com Maurício. Ela afastou a saudade do peito para prestar atenção no que o primo estava falando.
- Todos os seguranças vão sair daqui protegendo as crianças com seus corpos. Vão sair Enrico, Aisha, Paulo Henrique, Gabriel, Andrezza, Raizza, Antonella, Giuseppe e Giovanni. Não conheço essas pessoas, então não sei até onde o senhor está correndo perigo, portanto vou deixa-lo manter os alvos em Bianca, Gustavo, todos os convidados do lado de lá e Lorenzo.
- Vai deixar um alvo em mim, fratello?

- Me desculpe, irmão, mas não posso deixar nosso papa exposto. A partir do momento que você apontou uma arma pra ele, conto que você está do lado de lá.
- Você pode tirar todas as crianças. Menos Aisha e Enrico.
- Não. Enrico e Aisha saem também, ou meus homens não vão sair! - Bianca não sabe de onde tirou forças para enfrentar o tio mafioso. Mas não deixaria o irmão saber toda a verdade daquela forma. Precisaria conversar com ele antes.
- Pelo menos Aisha fica - Enzo disse, apontando uma arma para a cabeça de Gustavo.
- Eu fico - Aisha correu para Gustavo, que não se mexia. Pela primeira vez em tudo aquilo, ele não sabia o que fazer.
- Aisha, Enzo não vai atirar. Você saí.

Enzo revirou os olhos, pegou o celular e começou a falar:
- Cessar fogo contra os homens. Os seguranças vão sair protegendo as crianças com o corpo. Meus netos e sobrinhos estarão entre eles, não machuque nenhuma criança. Repito, nenhuma criança.
Bianca observou que ele não abaixou o celular, mas todos os seguranças começaram a retirar as crianças. Quando a formação estava completa, Aisha olhou para Bianca que assentiu pra ela ir.
Quando Aisha estava caminhando para adentrar a formação, Enzo apenas disse ao telefone: Agora. E o que veio a seguir foi uma confusão que Bianca demorou pra entender.

Aisha estava ferida, tinha muito sangue, os seguranças se apressaram em levar as crianças pra dentro da casa. Tudo o que tanto sua família mafiosa e sua família formada por amigos queriam, se resolveu com aquele tiro.
Era as crianças e adolescentes fora de perigo e sem presenciar todo aquele horror. Bianca considerou que as crianças italianas já devem ter visto aquilo, mas nem ela queria presenciar tal atrocidade.
Depois que as crianças saíram, Gustavo e ela correram para Aisha ao mesmo tempo. A bala, no desespero não acertou o coração, pegou na costela um pouco abaixo. Aisha estava acordada ainda. Bianca pegou em sua mão chorando e falando que ia ficar tudo bem.
Aisha, muito fraca, tentou falar e Bianca não conseguia escutar, então se aproximou dela:
- Pega aquele desgraçado! - E apagou.
Bianca chorando desesperada, viu várias pessoas vestidas de branco, com aventais afastando ela e Gustavo da menina e colocando em uma maca que ela não sabe de onde surgiu.
Gustavo a abraçou e falou:
- Contratei um cirurgião cardíaco, um cirurgião geral e um neurocirurgião pra ficar de prontidão caso algo desse errado. Vai ficar tudo bem.
Bianca virou para o tio, descontrolada, socando o peito dele.
- Seu desgraçado imundo, inútil, porque atirou nela? Ela é só uma menina, seu mërda...
Bianca desferia socos nele, aguardando a bala que o sniper deveria atirar em quem agredisse ele, mas não chegou.
- Ora. Você deu toda a sua fortuna pra ela. Com ela morta, você pode pegar de volta e me devolver.
- Te devolver? Porque você acha que tem direito no que meu pai construiu, seu verme?
Vários homens entraram pela tenda, carregando dois homens que jogaram na frente de Gustavo.
- Os únicos que encontramos na varredura, senhor.
- Vocês demoraram demais com essa varredura e deram tempo de ele atirar na minha filha, seus inúteis! - Gustavo vociferou, nervoso.
- Dois? - A mente rápida de Bianca começou a funcionar, mesmo no desespero. - Vocês só encontraram dois atiradores? Não! Tem mais...
Bianca olhou para a mãe e os amigos e nenhum mais tinha alvo. Não entendeu. Sua cabeça não conseguia processar como dois atiradores tinham 20 pessoas na mira.
Nessa hora, PH e Enrico entraram na tenda novamente, carregando um aparelho com um prisma na ponta e Paulo Henrique falou:
- Projetores. O senhor Enzo sabia que estaria em larga desvantagem, então ele só tinha um atirador na verdade. O outro era um nerd que disparou os alvos a laser de um único projetor para enganar vocês.
Bianca ficou olhando os dois adolescentes ali dentro, naquele caos que estava formado na tenda. A família de Enzo de um lado, olhando calada tudo o que se seguia. Seus amigos e sua mãe do outro, pálidos e abismados. Lorenzo ainda próximo ao púlpito, sem expressão. Gustavo consternado ao lado de Enzo, que estava com um sorriso idiota na cara. Mais a frente, a poça de sangue da Aisha, atingida a poucos minutos, ao final do tapete vermelho, um monte de homens vestidos de preto com dois homens rendidos a seus pés. E ao seu lado, Enrico e Paulo Henrique segurando um treco que ela nem sabia o que era, nunca se interessou por tecnologia.
Ela recuperou o autocontrole de uma advogada de sucesso e falou.
- Tá legal. Agora me expliquem o que está acontecendo, por que meu cérebro deu um belo nó.
Enrico se colocou a frente e falou, muito seguro e firme.
- Tudo bem. Agora eu vou explicar tudo direitinho. Por favor, sentem- se todos para ficarem confortáveis. Gustavo, sente-se ao lado de Bianca e tome uma água, assim que tiverem notícias de Aisha, vão nos avisar. Vou explicar pra vocês tudo o que aconteceu aqui hoje com base no que vem acontecendo há uma semana, pretendo ser rápido e não ser interrompido.
- Enrico, o que é isso? Qual autoridade você tem para falar assim com os mais velhos?
- A autoridade, pai, vem do fato de eu ser o responsável por essa família. Tio Fabrízio, não me leve a mal, mas você está sendo deposto de seu cargo nesse momento. E vocês dois devem estar se perguntando como? Muito simples, eu sou o único herdeiro direto e de fato de Giácomo Sabattini, portanto, sou seu Dom. Se vocês ouvirem direitinho, obedientes e sem me interromper, vou contar minha primeira decisão como Dom e não vou reivindicar meu direito, assim não vou mexer muito na estrutura sórdida que vocês têm na Itália.