Capítulo 8
1155palavras
2023-02-07 20:31
Thales esperou a tia subir para falar:
- Amiga, pelo amor de Deus, tira a postagem.
- Que postagem?

- Sua foto com o Gustavo. Você não está acompanhando os comentários?
- Não. Nem me lembrava dela. Depois que postei, descobri que meu pai está com câncer.
- Meu Deus, Boa! Tudo de uma vez em sua vida... - Emilly falou, enquanto a abraçava.
- Depois vamos falar disso, primeiro vamos apagar o incêndio.
- Que incêndio, Thales?
- Cadê seu telefone?

- Na bolsa - Bianca foi falando e procurando. Quando achou o aparelho, viu que tinha muitas notificações de comentários. - Nossa, nunca pensei que uma foto minha pudesse bombar desse jeito.
- Muitos desses comentários são meus e de Emilly que estamos te ligando desesperados pra você tirar a foto antes que fique muito pior.
- O que ficar pior?
Bianca colocou pra ver os mais de 500 comentários e o primeiro era de Aisha, dizendo: mamãe, vem aqui rapidinho ver isso. E marcava a mãe .

Depois o que se seguia era uma enxurrada de comentários maldosos de Sirlene, a mãe de Aisha que não é amiga de Gustavo e muitas outras pessoas que Bianca deduziu serem parentes dela.
Quase todos respondidos por Thales e Emilly a defendendo.
A mãe desceu as escadas perguntando o que aconteceu e Bianca apagou o celular imediatamente. Respondeu nada e que iria sair com os amigos. Thales prometeu que ela passaria a noite no apartamento dele, então a tia pediu uma carona.
Emilly a convenceu a ir dirigindo pra não depender de ninguém no dia seguinte, e então ela beijou os três e saiu.
Bianca mal interagiu com a mãe, querendo apenas se esquecer de toda a conversa que viu por comentários abertos.
Lógico que não conseguiu ler tudo, mas entendeu que Aisha chamou a mãe pra ver o pai com outra mulher, e a mãe respondeu que essa era a esposa de São Paulo. Que a esposa de Minas era ela. Thales disse pra ela deixar de recalque que eles tinham se separado há muito tempo e agora a futura esposa seria Bianca.
Ao que as sobrinhas dela responderam que Bianca não podia casar com um homem casado e começaram a dizer que eles viviam juntos, contar histórias, fatos que corroboravam isso.
Ela estava em choque, mas Thales a tirou do transe.
- Princesinha, primeiro você tem que apagar isso antes que chegue ao conhecimento de seu pai e sua mãe. Depois você precisa checar até onde isso é verdade ou se é apenas despeito.
Bianca estava agindo no automático. Apagou a foto e com ela todos os comentários. Depois começou a ficar o número de Gustavo e parou.
- O que foi, Bianca? Precisa ligar pra ele...
- Eu acho que é verdade. O mundo deve ter caído na cabeça dele depois dessa postagem.
-Porque você acha isso?
- Depois que postei, não consegui mais falar com ele hoje. Quando saí do hospital, liguei várias vezes. Pedi até pra Suzy que disse que ele estava em reunião e não podia me atender. Não respondeu nenhuma das minhas mensagens, nada.
- Mesmo que seja um comportamento estranho, você não pode ficar com achismos. Tem que conversar com ele. Tente ligar novamente.
Quando Bianca ligou, ele atendeu no primeiro toque:
-Precisamos conversar.
- Minha mãe não quer que você venha aqui porque estou sozinha. Vai pra casa do Thales que estou indo pra lá.
Depois que desligou, Emilly a abraçou e saíram para encontrar Gustavo lá. No caminho, Thales falou que ia deixar ela lá e sair com Emilly pra dar privacidade. Mas Bianca não estava prestando atenção em nada, estava numa.bolha de dor e confusão que não sabia se queria ouvir o que Gustavo tinha pra lhe falar.
Entrou, se serviu de um chopp de vinho que tinha na geladeira e sentou no sofá, pensando em tudo o que viveu com Gustavo durante esses quatro anos.
Sabia que o pai mandou checar antecedentes e tudo o mais dele pra entrar na empresa, isso era normal. Depois, quando eles se envolveram, o pai mandou checar mais a fundo e descobriu que ele foi roubado da mãe biológica, foi adotado por uma família de prestígio no interior de Minas e que o pai adotivo era coronel e muito rígido. Que ele tinha vários irmãos numa cadeia estranha. Quatro da constituição familiar biológica, quatro do pai, dois da mãe, e três da família adotiva, outra adotada e dois biológicos. Tinha uma filha, Aisha, que estava próximo de completar 11 anos naquela oportunidade. Muitas das coisas, ela deixava ele contar.
Lembrou que Thales tinha perguntado se por um acaso ele não teria uma união estável com a mãe da filha dele, assim não teria nenhum registro que o pai não teria captado.
Na época ela negou com toda a certeza, mas puxando na memória, conseguia se lembrar dos comportamentos estranhos que ele tinha como namorado.
Ela era muito ocupada, sempre. Então não se deu conta de que seu contato com a família biológica dele era muito restrito. Alguns encontros rápidos, e uns três ou quatro almoços de família durante todo esse tempo. Sua irmã mais velha, Cláudia, era evangélica e não gostava de Bianca, que nunca se importou, sentia que ninguém poderia agradar a todos.
Sentada na sala de Thales, se perguntou se de repente, ela não recriminava o fato de Bianca estar saindo com um homem casado.
Percebeu que por mais que Gustavo tivesse total acesso a tudo em sua vida, sua família, seus negócios e seus amigos, o convívio dela era restrito a ele. Por mais tempo que passaram juntos, o convívio dela com a família dele era quase zero. Como ela nunca namorou, era muito ocupada e todo mundo blindava ela por ser a princesinha, ela não achava que seria primordial uma relação entre as duas famílias.
Uma comentário que uma das sobrinhas da Sirlene fez, martelava em sua cabeça: estava tão desesperada pra casar que não checou se o noivo estava disponível. Thales respondeu que ela não precisava de marido. Tinha dinheiro, luxo, estudos, emprego e um monte de homens a seus pés.
Mas ela ali, só pensou que a tal não deixava de ter razão. Ela realmente tinha tudo isso, mas não prestou atenção nos sinais pra manter a única coisa que não tinha.
Nós quatro anos que namoraram, as coisas esquentaram algumas vezes. Porque ele sempre conseguia se controlar? Ele era um homem, jovem e viril. Ela não desconfiou que ele não estava sem fazer sexo todo esse tempo.
Tudo bem que não passava pela sua cabeça que o amor da sua vida seria capaz de engana-la dessa maneira, mas se ela fosse mais atenta aos sinais, teria descoberto muito antes.
O interfone tocou e ela foi abrir a porta pra ele. Já tinha uma opinião formada sobre o que ele ia falar, mas não ia ficar tentando adivinhar. Ele explicaria tudo...