Capítulo 41
2131palavras
2023-02-05 08:31
Ryeon sentou ao lado de Lucy e ela encolheu-se debaixo do cobertor, olhando-o com um sorriso tão grande quanto o que Ryeon tinha.
ㅡ Senti saudade. ㅡ Ryeon logo disse, sentando-se pertinho.
Lucy sentiu os dedos de Ryeon tocar os seus.
ㅡ Também. ㅡ ela respondeu baixo. ㅡ por onde andou?
ㅡ Fui à procura de emprego. ㅡ Ryeon disse sorrindo e olhou as mãos que se tocavam. Brincou com os dedos dela e viu-a retribuir.
ㅡ Conseguiu?
ㅡ Ainda não, mas mamãe falou que talvez consiga algo numa lanchonete a algumas quadras daqui. O salário não é nada grande, mas irá nos ajudar.
ㅡ E a faculdade?
ㅡ Fiz a inscrição hoje. Se tudo der certo, a PNU me terá como aluno no próximo semestre.
ㅡ Ela é uma ótima escolha, oppa. ㅡ Lucy sorriu contida. Ainda era estranho saber que se tudo desse certo, ela e Ryeon estariam logo, logo longe um do outro.
ㅡ E você?
ㅡ SNU...
ㅡ Woah, Seoul National University? É a melhor!
ㅡ É... ㅡ Lucy olhou os dedos juntos e entrelaçou-lhes mais. ㅡ É arriscado, há poucas chances, mas Jaesun, Kimi e eu apostamos. Também colocamos para outras, não podemos depositar tudo em apenas uma, mesmo que a SNU seja a melhor...
ㅡ Você está certa, mas vocês vão conseguir e vão ficar juntos.
ㅡ É... Talvez.
As mãos estavam entrelaçadas no meio dos corpos. Mantiveram-se quietos, apenas ouvindo o som da noite e do vento passeando. Ryeon olhou-as enquanto Lucy voltou a fitar o céu.
ㅡ Ainda estamos...
Lucy desviou os olhos para Ryeon e atentou-se às suas palavras.
Ryeon pigarreou, sentia um grande nervosismo sempre que precisava perguntar algo sobre os dois, mas ele precisava perguntar sempre. Não tinha um relacionamento firme com ela, não que ele não quisesse, mas adorava beijá-la, então se ainda quisesse continuar beijando-a, precisa saber se podia.
ㅡ Ainda estamos juntos?
Lucy sorriu e assentiu para ele, apertando os dedos de Ryeon e aproximando seu corpo para repousar a cabeça sobre o ombro dele.
ㅡ Por que você não aceita ser minha namorada? ㅡ Ryeon quis saber.
Lucy riu baixo.
ㅡ Eu nunca neguei o seu pedido.
ㅡ Mas também nunca aceitou.
ㅡ Eu gosto de você Ryeon, gosto de te beijar, gosto mesmo.
ㅡ Mas não quer me prender. ㅡ Ryeon resmungou enquanto ela assentia. ㅡ isso não é prender...
ㅡ Estaremos longe, e se você não gostar mais de me beijar?
ㅡ Isso seria impossível.
ㅡ Nada é impossível, Ryeon, eu não sou tão especial assim. Na verdade, não sou nada especial. Com certeza aparecerá outra pessoa quando eu for e você-
Ryeon interrompeu-a com um beijo. Lucy abriu os olhos enquanto Ryeon sorriu sem quebrar o toque. Ele selou-a com um estalar de lábios e ainda perto falou:
ㅡ Não existirá outra pessoa.
ㅡ Você não sabe.
ㅡ Não existirá. ㅡ ele falou com mais seriedade e beijou-a outra vez.
A garota fechou seus olhos e sentiu os lábios cheios de Ryeon apertarem os seus. Ela suspirou quando ele tocou a ponta de seu queixo e ergueu seu rosto, quebrando o toque outra vez, ainda perto o bastante para dizer:
ㅡ Você é a única.
Lucy não conseguiu não rir e olhou nos olhos dele. Ryeon parecia falar a verdade, mas Lucy não conseguia não sentir insegurança quanto ao futuro. Tudo poderia ser uma completa bagunça. Ela poderia não conseguir conquistar seus sonhos, poderia desistir no meio do caminho e decepcionar ainda mais pessoas. Poderia deixar Ryeon e permitir que ele se aventurasse por outra paixão, pois jamais o prenderia a algo raso. Poderia sequer ser aceita na nova cidade e voltar mais cedo do que pensasse um dia voltar, talvez esgotada, talvez entristecida, ela realmente não sabia e era isso que lhe dava medo.
ㅡ Você ainda irá ao baile comigo, certo? ㅡ Ryeon perguntou movendo-se para trás de Lucy e abraçou-a por trás.
A garota gostou do toque, era caloroso e carinhoso. Ela repousou a cabeça sobre o peito de Ryeon e assentiu.
ㅡ Eu não sabia se você ainda queria ir comigo, por que eu meio que não te dei uma certeza concreta.
ㅡ Que bobagem, eu sei que você é louquinha por mim. ㅡ ele riu e Lucy deixou um tapinha sobre a mão dele, falando algo como "bobo" e fazendo Ryeon rir. ㅡ Ok, não estou completamente errado, eu sei que você gosta de mim, vejo nos seus olhos, mas eu jamais desistiria de te levar a esse baile, Lucy. Eu quero que todos vejam como é linda a minha garota e como ela com certeza será a mais bonita de todas ali.
ㅡ Você é completamente bobo, oppa...
ㅡ Sou completamente certo. Você é linda.
A garota não pode confirmar aquilo, mas ela gostou de ouvir. Continuou ali, sobre o peito de Ryeon enquanto sentia-o brincar com os fios longos de seus cabelos.
ㅡ Você tem planos para o futuro? Digo, além de se formar.
ㅡ Acho que ter uma casa, uma família. ㅡ Ryeon falou pensativo. ㅡ Um lugar meu.
ㅡ Você não gosta de morar com a sua mãe? ㅡ Lucy não pode deixar de perguntar.
ㅡ Eu gosto, mas eu não gosto de atrapalhar. Lembra que eu te falei que ela estava saindo com um guarda? ㅡ Lucy assentiu. ㅡ Eu encontrei com ele essa manhã saindo do quarto dela e eu estava só de cueca. ㅡ Lucy riu junto a ele, com certeza imaginando tal cena. ㅡ Talvez minha mãe queira um novo amor, sabe? Ela é jovem, merece viver isso e eu não quero ser um homem adulto que impede que ela traga alguém que goste para a casa sem que seja na calada da noite quando eu já estou dormindo, porque talvez ela ache que eu me incomode por causa do papai...
ㅡ Que bobagem, talvez ela só queira viver o que esteja vivendo agora. Não é porque ela e seu pai não deram certo que ela vá achar que você odiaria a ideia de ter outro homem dentro de casa. Ela pode só não querer um companheiro agora, é normal ela querer conhecer pessoas sem que necessariamente se case com elas.
ㅡ Mas e se ela realmente quiser casar com o guarda? Eu seria um problema, não?
ㅡ Filhos não são problemas, Ji. Você sabe, sua mãe te ama demais e ela tem um relacionamento bom com você, se você incomodasse assim ela te falaria, mesmo que indiretamente. Ela já falou ou mostrou algo assim?
ㅡ Não... ㅡ ele falou baixo. ㅡ Mas ela reclama de ter que dividir o banheiro dela comigo às vezes que o meu quebra.
ㅡ Isso é porque você é bagunceiro! ㅡ Lucy apontou rindo. ㅡ Você é a pessoa que mais quebra o banheiro, quase toda semana é preciso chamar um encanador, quem realmente aguenta?
ㅡ Você aguentaria se fosse você? ㅡ Ryeon perguntou rindo, vendo a garota encará-lo.
ㅡ Provavelmente teríamos dois banheiros, oppa.
ㅡ Ótimo, preciso anotar isso para quando estivermos construindo nossa casa. Precisaremos de mais banheiros se quisermos ter filhos também.
Lucy não aguentou e caiu outra vez em riso alto, fazendo Ryeon rir também alto.
ㅡ Você é realmente bobo, Ryeon!
ㅡ Não, sou. Sou sonhador, tenho esse direito, não?
ㅡ Então esse é o seu sonho?
ㅡ Bom, depende.
ㅡ De quê?
ㅡ Qual é o seu sonho?
ㅡ O meu? ㅡ Lucy perguntou ainda risonha.
ㅡ É, assim poderei ajustar o meu ao seu e assim seremos extremamente felizes, já pensou?
ㅡ Ninguém pode ser extremamente feliz, Ryeon.
ㅡ Nós podemos, basta querer.
ㅡ Você acredita nisso?
ㅡ É claro que acredito, senão não estaria agora mesmo pensando no nome que teria o nosso cão e no café da manhã que um dia levarei para você na cama.
Lucy gostava do modo bobo em como Ryeon falava daquelas coisas, sabia que eram apenas para fazê-la rir, e isso parecia fazê-los bem.
ㅡ Dois filhos, talvez só um porque criança faz muita bagunça.
ㅡ Você faz muita bagunça. ㅡ Lucy olhou-o apertando ainda mais os braços dele em torno de seu corpo. Ryeon estalou a língua.
ㅡ Ok, sem filhos por enquanto. ㅡ riu. ㅡ mas uma piscina, uh?
ㅡ Para enchermos de boias bregas.
ㅡ Exatamente.
ㅡ Precisamos de um quarto de jogos, e uma sala de cinema. ㅡ Lucy falou entrando na brincadeira.
ㅡ Certo, anotado. ㅡ Ryeon disse fingindo anotar na palma de sua mão com a ponta de seu dedo.
Lucy riu e encolheu-se mais nos braços de Ryeon. Sentiu quando ele repousou o nariz no topo de sua cabeça e fechou os olhos quando sentiu-o passeá-lo por ali.
Ela fazia pequenos carinhos nos braços de Ryeon também e sentia-se estranhamente em paz do modo em como estavam.
Passaram minutos ali, sentados sobre a grama e juntos em meio a carinhos pequenos.
Lucy voltou o olhar ao céu outra vez e mesmo que poucas estrelas estivessem por ali, ela pegou-se pensando em tudo o que Ryeon havia dito em tom de brincadeira.
Casa, filhos, eles...
ㅡ Oppa? ㅡ ela chamou baixo, fechando os olhos outra vez e repousando melhor sobre os braços de Ryeon enquanto ele ainda a abraçava. ㅡ É mesmo possível realizar os sonhos?
O coração de Ryeon batia leve, ele também sentia-se em paz.
ㅡ Nada é impossível. ㅡ ele repetiu a frase que já havia dito para a garota tantas vezes, queria que ela acreditasse naquilo. ㅡ basta querer.
Lucy virou-se devagar e ainda escolhida, abraçou a cintura de Ryeon. Ryeon segurou-a ainda mais forte, protegendo-a do frio e do mundo, ao menos enquanto ainda a tinha.
ㅡ Somente querer? ㅡ Lucy perguntou-o.
ㅡ Sim.
ㅡ E você quer?
Ryeon sorriu respirando o cheiro doce que exalava da garota outra vez e assentiu.
ㅡ Quero muito.
ㅡ Comigo?
ㅡ Só com você.
Lucy abriu os olhos e ainda que tudo se mantivesse quieto ao redor, ela pode ver sua mãe na janela que dava visão para a cozinha. A mulher não olhava para onde eles estavam, talvez não tivesse os visto ainda ou com certeza já teria feito algo para separá-los, mas Lucy colocou-se no lugar de Ryeon e pensou se era um empecilho na vida de seus pais como Ryeon pensava ser no de Roseanne.
Talvez a resposta fosse óbvia. Tão óbvia que fazia a garota pensar que se talvez ela tivesse uma casa também, um lar, ela poderia enfim deixá-los voltar a ser felizes como eram antes.
Precisaria esperar o futuro, precisaria se entender mais e se situar no mundo ao redor antes de tudo. Talvez fosse demorado, mas talvez Lucy quisesse aquilo.
E mesmo que Ryeon estivesse brincando, que no futuro eles não fossem ficar mesmo juntos e que ele realizasse o seu sonhos ao lado de outra pessoa, Lucy começava a pensar em ter um lugar seu.
Era culpa de Park, o garoto sonhador que fazia com que os outros também sonhassem.
Lucy realmente queria muitas coisas para o seu futuro, e ela sabia que teria que ir com calma, subir degrau por degrau para conquistá-las e algumas até mesmo nem fossem conquistadas no fim, mas ali, ainda abraçada a Ryeon na grama, debaixo do céu escuro de uma noite fria, ela acabava de colocar mais um degrau na sua extensa escada.
Nomearia de degrau do lar.
Lar esse que talvez fosse obtido sozinho, com anos e anos de um esforço que Lucy ainda não conhecia, mas talvez fosse obtido em conjunto, não importava ainda. Mas era um degrau que com certeza Lucy começava a pensar em subir em sua vida.
Era só mais um degrau para ela se empenhar a conquistar, talvez não fosse tão difícil assim. Talvez. Não tinha certeza de nada. Era jovem e sonhadora, mas enquanto custasse zero para sonhar, ela continuaria sonhando.
Sonhando e querendo, pois segundo a Ryeon, o garoto sonhador, bastava querer e nada seria impossível.
Lucy queria realmente acreditar naquilo.
Sentiu o carinho de Ryeon ainda permanecer em sua cabeça e como um gatinho, ela ergueu devagar o rosto e sentiu o nariz dele descer, percorrendo a lateral de seu rosto e indo direto para seu pescoço.
Lucy ofegou e abraçou-o mais. Precisava senti-lo, então buscou pela boca de Ryeon, sentindo-o beijá-la com a mesma vontade que tinha em si.
Lucy segurou o rosto de Ryeon e afundou o beijo, fechando ainda mais os olhos e imaginando-os juntos, anos à frente e com seus sonhos realizados.
Sua mente ainda perguntava para si mesma: Seria possível?
Ninguém tinha a resposta para a pergunta além do universo, mas Lucy não quis muito saber aquele momento, apenas continuou beijando Ryeon e aproveitando o tempo que ainda tinham.
Afinal, era apenas o que importava naquela noite escura e fria para eles.
Eles.