Capítulo 24
1097palavras
2023-04-12 08:20
Rose
Já estava esperando que quando nos olhássemos de novo, algo constrangedor acontecesse e eu saísse correndo, mas um imã me prendia aquele homem, não existia lugar no mundo onde eu quisesse estar mais do que perto dele.
— Só queria ter certeza de que estamos bem com relação ao que conversamos ontem — ele me levou até seu escritório e fechou a porta.
— Claro — sorri de lado sem graça, eu não sabia ainda como agir perto dele.
— Não quero que fique assim — ele chegou mais perto e fez um carinho em meu rosto — Se não quiser que ninguém saiba por enquanto eu entendo, mas perto de mim, quero que aja normalmente.
— Eu vou, só preciso me acostumar — deitei meu rosto em sua palma. Eu estava ficando viciada nos toques dele.
— Pode deixar que eu faço você se acostumar — eu sabia que ele tinha esse poder, eu só tinha que me policiar para não cometer nenhuma gafe perto das pessoas.
— Não vai nem tomar café da manhã? — Perguntei enquanto ele continuava me encarando, eu queria tirar o foco de mim.
— Você vai tomá-lo comigo? — Ele sorriu de lado.
— Como se eu já não fizesse isso — ele puxou minha cintura para trazer meu corpo ainda mais perto do seu.
— Faz, quando quer, é tão brava que as vezes me deixa comendo sozinho por dias.
— Você mereceu — cruzei os braços o encarando — Cada repreensão. — Ele gargalhou e levei minha mão a sua boca — Homem do céu, não faça isso, as meninas vão te ouvir e achar mais coisas do que já pensam. — Ele beijou a ponta dos meus dedos e os puxei de volta.
— Deixe que pensem, não serão loucas de sair falando o que não sabem. Já não basta o que Janice fez.
— E falando nisso precisamos arranjar uma nova arrumadeira ou uma governanta que tome conta de tudo.
— Pode providenciar. Se quiser posso pedir para minha mãe vir ajudá-la.
— Não será pedir muito a ela? — Eu adorava Dona Arlete.
— Para você? Nunca. Minha mãe ama mais você e suas irmãs do que os próprios filhos — todo esse drama me fez revirar os olhos.
— Então eu adoraria a presença dela. Faz tempo que ela não vem nos visitar, Otávio precisa da presença dela.
— Vou fazer isso então. A tarde ela vem para conversar com você e já traz o nome de algumas pessoas que possam se interessar pelo cargo.
— Ótimo — ele me abraçou forte e pousou um beijo em minha cabeça.
— Quero um tempo só para nós dois hoje, após Otávio dormir. O que acha? — Continuei agarrada a seu corpo sem me preocupar com nada.
— Desde que não seja em seu quarto — eu ainda tinha receios sobre isso.
— Vamos vir para o escritório então, assim ninguém pode falar nada.
— Exatamente. Será nosso refúgio secreto.
— Gosto disso.
— Eu também.
Passamos mais alguns minutos assim, somente ouvindo a respiração um do outro antes de enfrentar o mundo. Eu precisava me concentrar e não me iludir no que ele vinha me oferecendo. Era tudo demais e muito intenso.
Voltei para a cozinha e ele ficou na sala de jantar esperando que eu levasse as coisas para ele.
— O que ele queria? — Luana veio perguntando.
— Dizer que a condessa/ irá vir escolher a nova funcionária da limpeza. — Somente o necessário — Ele já está esperando o café da manhã. Não vamos atrasar, a rosca ficará para mais tarde.
— Não falou mais nada? — Bianca questionou.
— O que mais ele poderia ter a dizer?
—Não sei, a Rose, eu vou falar já que você não percebe — Luana me encarou e depois de um minuto com as duas conversando entre olhares ela assentiu. — O patrão tem interesse em você.
— O QUE?! — fiquei chocada.
— Por isso Janice surtou. Todas nós já percebemos aproximação dele com você, e particularmente acho que formam um casal lindo. O filho do duque não é tão bom partido, meu noivo já ficou sabendo de cada coisa dele.
— De onde tiraram isso? — Meu Deus, como o mundo podia estar tão de cabeça para baixo.
— Pelos olhares, boba — Luana falou — O olhar dele para você é sempre repleto de significados e a forma como você trata o filho dele devem contar bastante.
— Meninas, parem de dizer bobagens, vamos levar o café dele. É para isso que estamos aqui.
— Vai se sentar com ele, tenho certeza de que ele te convidou. E não precisa se preocupar, nós somos as maiores torcedoras desse relacionamento. — Neguei com a cabeça e sai andando pegando Otávio de Bianca.
Cheguei à sala e Antônio me olhou desconfiado, de certo meu rosto trazia o que tinha acabado de acontecer. Me sentei com o pequeno no colo e ele se esticou para pegá-lo de mim.
— Nossa, o que aconteceu que fez com que vocês madrugassem hoje? Principalmente o Otávio? — Ele me questionou enquanto abraçava o filho.
— Também não sei. Mas está mais tranquilo do que nos outros dias.
— Isso é bom, assim você consegue realizar o que precisa sem que ele te dê tanto trabalho. — As meninas deixaram as coisas e se retiraram.
— Ele não me atrapalha, eu amo cuidar dele. Faz com que eu me sinta útil.
— Como se você não fosse. — Ele revirou os olhos e servi café para nós dois. — Vou tentar vir com a minha mãe para resolver as coisas sobre a nova contratada, mas se não conseguir, escolha aquela que lhe achar melhor, tenho certeza de que dona Arlete não vai se opor.
— Antônio... — sussurrei — Eu não tenho direito de escolher nada aqui — ele torceu o nariz — Não faça assim, as meninas já comentam sem nem a gente começar a ter algo, se me der esses poderes ai sim a coisa toda vai desandar e não conseguiremos nos conhecer. — Ele passou sua mão por sobre a mesa e segurou a minha.
— Não se preocupe com nada, eu vou resolver tudo e te proteger do que for preciso.
— Eu sei, mas...
— Sem mas Rose, faça apenas o que eu estou falando e tudo ficará bem. — Minhas borboletas se agitavam, mas ao mesmo tempo o frio se instalava em minha espinha. O que eu faria quando todos soubessem?