Capítulo 32
1888palavras
2023-02-11 18:23
Mesmo sofrendo pela falta que sentia de Richard , cumpri meu papel junto a Fred , nossos filhos não escondiam a felicidade de ver os pais como um verdadeiro casal .
Fred parecia que melhorava gradativamente , ele só não havia ma contar ainda para as crianças o que ele tinha , ainda mais porque não teve nenhuma crise que comprometesse sua saúde .
Após sua ida ao médico , e termos certeza que poderíamos viajar com as crianças , fizemos um cronograma de viagens , como Itália , frança , Nova York , e por último Orlando , mas precisamente a Disney .

Isso nos levou 2 meses , maravilhosos ao lado de meus filhos , e claro , do Fred também , que agora se mostrava um novo homem. Na verdade um que nunca imaginei que existisse . Romântico , carinhoso , atencioso . Um pai amoroso .
Mas por mais que trocássemos alguns beijos , não passava disso . Por mais que tentasse , estava difícil esquecer meu querido felino .
Quando já estávamos de volta ao Brasil , Fred teve uma crise de dor , levei o ao médico às pressas , onde foi prescrito o tratamento com quimioterapia , então antes de começar essa nova etapa , decidimos que este era o momento de contar para nossos filhos .
A conversa desestruturou todos nós , por mais força que tentamos passar aos nossos filhos , foi uma das coisas mais difíceis de se fazer .
Melissa chorou , se desesperou , já João , se rebelou , gritou e por fim ,também se chegou ao pai e o abraçou dizendo que não queria perde-lo .
_ meu filho , se eu pudesse escolher , jamais escolheria deixar vocês , vocês são minha vida , e nunca jamais se esqueçam disso .

_ oh ,papai , não tem nada que possamos fazer ? _ Mel pergunta , chorosa .
_ não meu amorzinho , apenas aproveitar o tempo que temos juntos .
Eu me achego a eles e nós quatro nos abraçamos juntos .
Ali selamos mais uma vez nossa família . Decidi neste dia que precisava tentar esquecer Richard , ou apenas bloquea-lo da minha mente ,já que não conseguia do meu coração , e viver o momento com minha família , momento de dor ,mas também de paz , harmonia , companheirismo .

Minha rotina voltou , com uma intensidade menor , onde eu mal dava conta da minha parte que era a administração , então quase  tudo  ficou  na responsabilidade de Layla , e  como no início do meu casamento , cuidava da casa , dos filhos e do marido , que fazia a quimio duas vezes por semana .
Era um momento sofrido , Fred não aceitava receber visitas , somente do pai e da mãe . Seus cabelos começaram a cair , sua aparência dia a dia ficava mais frágil .
E o único lugar que eu podia desmoronar era no meu escritório , no meu trabalho .
Os dias foram passando , e nem sinal de melhora , ao contrário ,tivemos que internar ele , e na madrugada do segundo dia de internação ele tem uma parada cardíaca , que por pouco não o perdemos .
Quando o dia amanhece , estou tão agitada e nervosa que o médico me pede pra sair um pouco , ligo pra casa e aviso meus filhos que vou precisar sair e que é pra eles irem lá ficar um pouco com o pai , e eu vou pra pousada ,não posso deixar meus filhos perceberem que estou desabando .
_ Oi nega ,e aí tudo ok?  soube que você  havia chegado _ Layla entra em meu escritório , e se cala ao me ver limpando  meus olhos , estava chorando _ pelo visto as coisas não estão tão bem assim .
Ela vem e me abraça e eu desmorono mais ainda .
_ hoje pensei que Fred fosse morrer Lay , ele teve  uma  parada cardíaca , e  foi muito difícil os médicos fazerem ele voltar a si .
_ oh minha querida , não pensei que ele estivesse tão mal assim . _ ela acaricia meus cabelos , enquanto tenta me consolar .
_sim está , eu até permiti que trouxessem o outro filho dele pra ficar conosco lá em casa , deve chegar hoje a noite .  Acho que ele não vai ter  muito tempo não ,amiga .
_ Malu , você tem que manter a calma , seus filhos precisam de você neste momento .
_ eu sei Lay , eu sei , mas tá muito difícil . Nunca imaginei ver o Fred na situação que está ._ recomeço a chorar .
_ calma , querida , tenha fé . É só o que não  podemos perder neste momento .
Em menos de uma hora enquanto conversava com Layla , a enfermeira  dele me liga , dizendo que ele estava perguntando por mim .
Saio da pousada e dirijo o mais rápido que posso pra casa , chegando lá , a primeira coisa que noto é uma mulher vestida de branco  no quintal  da minha casa ,de mãos dadas a um garotinho , que quando me aproximei mais nem precisei perguntar quem era ,pois era a miniatura do meu filho João quando pequeno .
_ boa tarde , você é ..? _ pergunto pra mulher que está com a criança .
_  boa tarde senhora , sou Eduarda , a babá .
_ sim , Eduarda , e acredito que esse garotinho lindo seja o Júnior ?
Me abaixo em frente a criança , lhe estendo a mão em cumprimento , ele me olha ressabiado , eu sorrio , não importa que ele seja filho de outra mulher , é apenas uma criança , e quem sabe , com ele aqui , Fred se alegre mais e assim consiga resitir um pouco mais .
_ e aí garotão , tudo bem com você ?   ?
_ sisim.. _ ele gagueja um pouco e põe o dedinho na boca . Parece estar nervoso , também pudera , estava em uma cidade diferente , onde não conhecia ninguém .
_ júnior , eu sou a tia Malu _ passo a mão em seus cabelos  dou um beijinho naquela bochecha linda _ vou lá dentro só tomar um banho e irei dar uma saidinha , mas  depois se a Eduarda concordar podemos inventar qualquer brincadeira , o que vc acha ? _ falo com ele ,mas olho para a babá .
A babá sorri e concorda com a cabeça , ele se anima um pouco , e eu me retiro pra tomar logo meu banho e me dirijo ao hospital .
Ao chegar lá , meu filho está sentado cochilando ao lado do pai
A enfermeira ao me ver , pede silêncio , antes que eu possa falar alguma coisa , e faz sinal para que eu a siga para fora do quarto .
_ o que houve ?_ pergunto assim que chegamos ao lado de fora .
_ senhora , o médico do Sr Frederico quer conversar com a senhora . Ele conseguiu dormir a poucos minutos por causa da dor ,  então se puder manter o silêncio , agradeço .
_ sim . Onde eu posso falar com o médico ?
_  venha , a levarei até o consultório que ele está .
Assim a sigo , já nervosa , pensando no pior.
E assim foi .
Dr Juliano , esse era o nome do oncologista , pediu-me para sentar , e profissionalmente me explicou a real situação do meu marido . Ele não passaria daquela semana .
Deus , o que eu faria , como iria dar essa notícia para meus filhos ? E agora com mais uma criança na casa ? O menino mal chegou e nem poderia ficar direito com o pai .
_ dr , o senhor tem certeza disso ? _ preciso ter um pouco mais de esperança .
Dr Juliano me olha com pesar , eu sei que depois de hoje , a situação estaria mesmo complicada , mas não imaginei que perderia Fred desta forma .
_ infelizmente senhora ,não há muito o que fazer . Continuaremos com os medicamentos pra dor , mas não há muito mais o que fazer .
_ obrigada doutor ._ saio dali mais arrasada do que nunca . Neste momento queria ter um ombro ao qual pudesse dividir minha dor ,meus anseios .
Mesmo contra vontade penso em Richard ,mas me recrimino , esse momento não era pra pensar em alguém pra me consolar , e sim estar firme para ajudar meus filhos e dar um pouco de alento para Fred .
Que por mais que não tenhamos voltados a sermos um casal na cama , esse tempo juntos ,fez com que nos reaproximamos novamente . Eu sei que amo meu marido ,mesmo que esse amor tenha se tornado fraternal . Eu ainda o amo , e  preciso de forças para o que está por vir .
Voltei ao quarto , meu filho já estava acordado , segurando a mão do pai , que conversava com ele baixinho .
Eu já havia secado as lágrimas , então disfarço o máximo que posso, coloquei um sorriso no rosto e entrei ,interrompendo eles.
_ como estão os amores da minha vida ?
_ oi ,meu amor , senti sua falta ._ Fred fala , sua voz está fraca , eu chego mais perto e digo para ele não se esforçar muito .
_ fui só resolver umas coisas na pousada ,mas não sairei mais do seu lado Fred . _ seguro a outra mão dele , João sorri pra mim , melancólico ._ cadê Melissa que não vi nem lá em casa ? _ pergunto ao meu filho .
_ ela saiu agora pouco com a vovó . Foram comer alguma coisa . _ João me responde .
_ e você João ,por que também não vai comer algo ? Agora que já cheguei , eu fico aqui com seu pai .
_ mãe , eu não ...
_ vai sim meu filho , sua mãe cuida de mim agora . _ ele ainda tenta resistir , olha pra mim e pro pai , mas acaba cedendo e sai .
Fred aperta minha mão , e quando fala ,seus olhos estão cheios de lágrimas .
_  meu amor , eu quero passar o tempo que me resta em casa , não quero ficar neste hospital .
_ mas Fred , aqui eles tem tudo o que você precisar ..
_ querida , a dor não está passando , e eu prefiro ficar o tempo que me resta junto de você e meus filhos . Eu preciso que você consiga isso .
_ tem certeza Fred ? As crianças ...
_ tenho sim , filha .
Quando meus filhos e minha sogra chegaram , eu fiquei no corredor dando vários telefonemas , mandei chamar o médico e procurei os meios legais de como transformar um quarto lá em casa em um de hospital , e a liberação para que ele pudesse ser transferido pra lá . Graças a Deus , tínhamos o dinheiro nescessário para podermos fazer isso .