A polícia finalmente chegou. Cansada demais até para me mexer, fiquei para no meu lugar. Eu não sabia quanto tempo fiquei sentada no chão até que ouvi passos se aproximando atrás de mim. Sem olhar para trás, eu sabia que era Grey. Eu só sabia que era ele que se aproximava.
"Lily?" Sua voz suave disse, confirmando minha suposição de que era mesmo ele. Ele parou ao meu lado e se ajoelhou no chão. Eu levantei meus olhos cheios de lágrimas para ele e vi pânico e medo brilhando através de seus olhos verdes castanhos.
“Dylan está bem?” As palavras emergiram de seus lábios. Ele olhou para mim com uma expressão miserável no rosto. Devia ter sido a mesma expressão em meu rosto quando pensei que Dylan havia partido.
"Ele ainda está fraco, mas Dylan está bem, Grey." Eu respondi e lágrimas quentes rolaram pelo meu rosto em abundância.
Grey caiu ao lado. O peso que ele parecia carregar em seus ombros desapareceu quando ele soltou a respiração que ele não sabia que ainda estava segurando. Suas mãos cobriram seu rosto e ele ficou assim por um tempo.
"Grey?" Eu chamei fracamente, me perguntando por que ele não havia olhado para cima ainda. O som da minha voz o fez levantar a cabeça e quando ele me encarou, vi as lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
"Fico feliz que ele não tenha se machucado." Ele sussurrou. O olhar em seu rosto me disse que ele queria expressar o quanto estava aliviado, mas não conseguia expressar seus sentimentos em palavras. Foi exatamente assim que me sentia também naquele momento. Meu coração estava apertado de emoção e não havia uma palavra criada no dicionário que poderia descrever meus sentimentos agora. Se houvesse uma palavra, deveria ser "indescritível".
Sem mais palavras, Grey me puxou para seus braços com Dylan entre nós. O calor de seu abraço confortou minha alma mais do que mil palavras poderiam. Fechei os olhos, deixando mais lágrimas brotarem neles.
Tudo o que eu sempre quis na minha vida já estava alii... e eu não poderia desejar mais…
Elizabeth se foi... Natalia se foi... Ash era o único que sobrara, mas iria garantir que ele não conseguisse escapar do hospício e nos prejudicar. Nunca permitirei que ele tomasse minha preciosa família novamente. Nunca.
O som de passos apressados e as vozes atrás de mim me despertaram de meu profundo devaneio. "Levante-se, Lily." Precisávamos levar Dylan ao hospital para ter certeza de que ele estava bem.
"Não quero deixá-lo... quero ir com ele para o hospital."
"Temos que dar nosso depoimento primeiro na delegacia. Não vai demorar muito, eu prometo. Depois disso iremos para o hospital." Grey disse gentilmente, enquanto pegava Dylan de meus braços e o colocava na maca que o esperava.
Talvez eu estivesse cansada demais para falar, então não fiz objeções e soltei um suspiro e murmurei: "Tudo bem." Tentei me levantar sozinhs, mas caí de volta no chão. Minhas pernas não tinham mais forças. Foi a adrenalina que me manteve corajosa e forte o tempo todo, mas agora que a situação com Ash havia terminado, me sentia como uma planta murcha.
Grey teve que me ajudar a ficar de pé, enganchando seus braços fortes em volta da minha cintura e me puxando para cima. Ele não me largou, mesmo depois de eu estar de pé. Eu não me opus e permiti que ele me conduzisse até a porta de onde viemos, porque sabia que se ele me deixasse andar sozinha eu cairia novamente no chão.
Passamos pela sala e vimos bem a tempo quando a polícia o arrastou até a porta. Ash ainda estava surpreendentemente vivo, mesmo depois da quantidade de sangue que havia perdido, mas estava fraco e mal conseguia manter os olhos abertos.
As autoridades colocaram o corpo de Elizabeth em uma bolsa preta. Então eles pegaram o corpo rígido de Natalia do sofá. Eles tentaram colocá-la dentro do saco para cadáveres, mas seu corpo estava tão duro que eles não podiam colocá-la dentro sem rasgar seus membros, então eles simplesmente encontraram um cobertor branco e a envolveram nele.
"Você ainda está sangrando." Um policial notou o sangue na camisa de Grey.
"Não é nada grave." Grey respondeu.
"Vai ser se não tratarmos disso primeiro." O oficial respondeu. "Há uma equipe médica esperando lá fora. Trataremos seu ferimento primeiro e depois iremos à delegacia para obter suas declarações."
Saímos da casa com o policial. Uma equipe médica atendeu imediatamente o ferimento de Grey, depois que ele se sentou em uma cadeira improvisada. Depois de limpar seu ferimento, ele foi enfaixado com um curativo.
Fiquei aliviada ao descobrir que a lesão de Grey não era tão profunda.
Quando terminaram, o policial nos levou para a delegacia. Eu estava muito distraída para reparar como havíamos chegado lá. A última coisa que sei é que já estava sentada em uma sala e uma policial começou a me fazer perguntas às quais respondi da melhor maneira possível. A entrevista durou cerca de meia hora, mas pareceu que durar por mais de duas horas.
Depois de dar meu depoimento, a oficial me ofereceu uma xícara de café que aceitei de bom grado.
A xícara quente despertou meus sentidos adormecidos. Na verdade, me senti muito melhor depois da xícara.
Em pouco tempo, saí da sala. Grey já estava esperando por mim. Sem perder mais tempo, seguimos para o hospital usando meu carro, que um dos policiais gentilmente dirigiu até a delegacia para que pudéssemos usá-lo.
"Já liguei para Sophia e Philip e expliquei tudo a eles. Eles estão a caminho do hospital agora. Eu imagino que eles contaram a seus irmãos também e eles também estejam com eles."
"Obrigada por fazer isso por mim..." Eu disse a ele.
O silêncio reinou dentro do carro até chegarmos ao hospital. Quase segundos depois que o carro derrapou até parar em frente ao estacionamento, saí do veículo e fui direto para o balcão. Depois de pegar as informações de que precisava, corri para o quarto de Dylan.
A visão que me cumprimentou quando entrei na sala partiu meu coração. Ele parecia tão magro e frágil. Peguei uma cadeira e sentei ao lado dele, em seguida, segurei a sua mão.
"Vou cuidar de Dylan. Você pode dormir, Lily." Grey disse gentilmente, com as mãos nos meus ombros.
"Não, eu quero cuidar do nosso filho até que ele acorde."
Grey não disse mais nada. Em vez disso, ele pegou uma cadeira e sentou-se ao meu lado.
"Está com fome?" Ele perguntou e eu sacudi minha cabeça. Depois do que passamos, eu surpreendentemente não estava sentindo nenhuma fome. Mas talvez amanhã, quando a realidade finalmente me chocasse, eu perceberia como estava com fome e exausta.
O silêncio se instalou na sala mais uma vez.
"Quase morremos esta noite." Falei baixinho depois de um momento de pausa.
"Você nos salvou... Se não fosse por você, estaríamos mortos." Ele respondeu, olhando em minha direção.
"Depois desta noite, percebi uma coisa. Não quero mais esconder a verdade."
"Do que você está falando, Lily?"
Por fim, levantei a cabeça e encarei-o diretamente nos olhos.
"Você é o pai da Isabelle."