Capítulo 104
1622palavras
2023-01-24 00:01
O som de um corpo caindo no chão foi seguido por gritos das pessoas que estavam assistindo a discussão. Uma voz zangada gritou, mas eu mal consegui entender as palavras porque foi abafada pelo som de passos fortes e apressados, o que me dizia que outro grupo de pessoas havia chegado.
"Me solta!" Zane resmungou para quem o estava impedindo de atacar Grey novamente.
"Não, não vou." Uma voz afiada como aço respondeu. "Não queremos que nosso amigo se machuque ainda mais." Disse uma voz que tinha certeza que não pertencia a nenhum dos meus seis irmãos nem ao guarda-costas da família.
Ele devia ser um amigo do meu ex-marido.
Alguém que havia caído no chão após levar um soco levantou-se. Mesmo sem vê-lo, tinha certeza que era Grey.
"Eu não quero brigar." Grey disse de uma maneira surpreendentemente calma depois de ser atingido com força no rosto. "Eu só quero ver a sua irmã." Ele adicionou.
Eu silenciosamente desejei que ele só fosse embora.
"Não... eu não vou permitir que você a veja..." Zane cuspiu em um tom cheio de ódio. "Minha irmã quase morreu por sua causa!"
"Maldição... Deixe-me ir..." Zane sibilou baixinho. Lutando para se libertar, ele conseguiu escapar das mãos quem o seguravam.
Mais uma vez, pude ouvir o som de punhos batendo na mandíbula de alguém, seguido pelo som de um corpo caindo no chão.
"Não rele no meu irmão!" A voz de Luis trovejou pelo corredor.
Logo percebi que a comoção havia se transformado em uma guerra sangrenta com socos vindo dos dois grupos de pessoas.
O primeiro grupo pertencia aos meus seis irmãos e o outro grupo era Grey e seu círculo de amigos que não fazia ideia de quantos eram.
Vozes gritando, socos fortes e passos apressados preencheram o corredor por um tempo.
A briga do lado de fora do meu quarto de hospital continuou e continuou…. Só de ouvir já era o suficiente para me deixar doida.
Não morri com o tiro, mas parecia que iria morrer de exasperação.
Os gritos no corredor se intensificaram e também os punhos. Cobri meus ouvidos, desejando poder bloquear os sons, mas nem isso ajudou com os barulhos.
"Calma, Lily." Mamãe me lembrou novamente ao testemunhar a expressão em meu rosto.
Respirei fundo, mas, apesar dos meus esforços para recuperar a compostura, acabei fracassando. Assim, minha preocupação se intensificou ainda mais. Eram todos homens adultos. Como eu gostaria que eles parassem de lutar... eles estavam incomodando outros pacientes que precisavam desesperadamente de descanso e paz de espírito.
Segurando minha cabeça que agora estava latejando e com uma carranca profunda esculpida em minha testa, olhei para a porta com um olhar mortal.
Se eles não parassem, eu mesma teria que sair pela porta e detê-los. Afinal, eles estavam todos brigando por minha causa.
"Nem pense em fazer isso, Lily." Mamãe disse baixinho como se ela pudesse ler os meus pensamentos através da minha expressão. "Apenas deixe-os fazer o que quiserem… Eles são todos adultos." Ela me lembrou na esperança de que eu não fosse interferir.
Esse era o problema. Eu pensei comigo mesma com uma sensação de mau presságio. Homens adultos causando mais problemas do que crianças. Se eu não os impedisse, um deles provavelmente acabaria na sala de emergência ou, pior ainda, no necrotério.
Com uma dor de cabeça latejante que se recusava a passar, ouvi o som da luta ainda que ainda estava acontecendo do lado de fora da porta.
A luta no corredor parou e eu pensei por um breve momento que tivesse acabado. No entanto, era apenas a calmaria antes da tempestade porque a próxima coisa que eu soube foi o som de um vidro sendo quebrado.
"Benzadeus!" Mamãe exclamou, assustada. Suas mãos pressionavam seu peito para impedir que seu coração saltasse para fora.
Mamãe parecia desesperada como se ela mesma quisesse sair do quarto para ir parar a luta, mas estava com medo de me deixar sozinha porque eu poderia fazer algo drástico, como segui-la.
Incapaz de ignorar tudo, levantei e desci da cama.
"Valha Deus! Volte para a cama, Lily..." Mamãe engasgou alarmada.
"Eu vou dar um fim nessa palhaçada." Eu disse a ela.
"Não, eu que vou lá acabar com isso." Mamãe me segurou imóvel. Seu rosto parecia bastante pálido.
"Duvido que se você consiga parar eles sozinha, aqueles teimosos não vão ouvir ninguém agora, mas talvez eu consiga parar a comoção." Eu disse entre os dentes cerrados. Mamãe não pôde fazer nada quando me afastei dela.
Uma carranca perigosa marcou minha testa enquanto eu procurava meus chinelos, mas não consegui encontrar nenhum deles. Mas eu não podia perder tempo procurando por isso, então atravessei a sala. O chão de azulejos estava frio sob meus pés, mas mal me dei conta deles. Minha mente estava focada em apenas uma coisa: Terminar a briga antes que alguém se ferisse gravemente.
Nesse ponto, o latejar na minha cabeça pareceu se intensificar. Sem nenhum aviso, abri a porta.
"Parem já com isso!" Eu gritei, mas nenhum deles me escutou. Eles estavam literalmente em todo lugar, tentando bater um no outro.
Observando a cena, notei que três dos melhores amigos de Grey estavam ali, trocando socos com meus irmãos. O próprio Grey estava no chão, ao lado dele estava um vaso de flores derrubado.
Eu respirei fundo. Observando a cena com um olhar furioso, notei uma criança sentada no final do corredor, soluçando violentamente enquanto assistia à luta. A visão da criança chorosa só aumentou minha raiva.
"Eu falei para paraaaaaaar!" Eu gritei de raiva.
O som da minha voz fez todos congelarem em seus lugares.
Lentamente, todos eles olharam para mim.
Acho que me esforcei demais visto que quando minha mão foi para minha cabeça enfaixada, senti um pouco de umidade nas bandagens.
Aterrorizada. Meus olhos focaram lentamente em minhas mãos e percebi que estavam manchadas de sangue.
Eu não estava realmente apavorada com sangue, mas
ver a quantidade de sangue na minha mão foi o suficiente para me assustar.
O sangue sumiu do meu rosto, deixando-me pálida como um fantasma.
Antes de desmaiar, vi o olhar aterrorizado no rosto dos homens, então a escuridão finalmente tomou conta.
***
Algumas horas depois, acordei em um quarto completamente silencioso. Os únicos sons que eu podia ouvir eram o som fraco da minha própria respiração, o zumbido do aparelho de ar condicionado e o bipe do monitor ao lado da minha cama.
Abrindo os olhos, encontrei meu pai parado ao meu lado. Embora seu rosto não aparecesse no meu campo de visão, sabia que ele estava preocupado.
"Estou feliz que você esteja acordada." Ele me disse.
"O que aconteceu?" Perguntei em um sussurro fraco.
"Sua mãe me disse que você desmaiou depois de se estressar e os pontos da lesão em sua cabeça se abriram."
As memórias retornaram para mim. Eu estava grata pela briga ter se encerrado, mas eu não via nem meus irmãos dentro da sala, nem os amigos de Grey. Como se estivesse lendo meus pensamentos, ele falou: "Pedi temporariamente à equipe de segurança do hospital para expulsá-los e proibi-los de entrar no hospital até que você recebesse alta para evitar problemas."
Puro alívio passou por mim.
Graças a Deus… pensei comigo mesma. Pelo menos eu não tinha que me preocupar com Grey e meus irmãos se cruzando novamente e causando confusão.
"Onde está mamãe?" Eu perguntei baixinho e papai só conseguiu apontar para o sofá em silêncio para me mostrar que mamãe estava sentada nele, bebendo um copo d'água na mão. Parecia que ela ainda não tinha se recuperado do choque depois de me ver o meu desmaio.
"Descanse um pouco, Lily. Eu e a sua mão precisamos conversar."
Eu fiz que sim com a cabeça, em seguida, observei como papai segurou a mão de mamãe e juntos eles caminharam até a porta.
***
"Então você acha que Natalia ainda está viva?"
Sophia Phoenix perguntou ao marido. Eles agora estavam sentados no banco do lado de fora do hospital.
Depois de olhar em volta e certificar-se de que ninguém poderia ouvi-los, Philip Phoenix respondeu. "Minha intuição me diz que ela ainda está viva. Eu fui ver o corpo no necrotério antes de vir para cá e o corpo estava completamente irreconhecível. O resultado do DNA diz que era ela, mas eu não acredito. Natalia falsificou a morte de nossa filha uma vez e ela poderia fazer o mesmo consigo mesma – ela poderia pagar a qualquer um para falsificar o resultado do DNA para escapar das acusações contra ela."
A notícia escureceu a expressão de Sophia.
"Sinceramente, pressinto o mesmo que você." Ela disse suavemente. "Meu instinto nunca esteve errado, Philip. Sinto que ela ainda está por aí, embora eu tenha dito à nossa filha que Natalia está morta porque não quero que ela se preocupe."
"Você fez a coisa certa, Sophia. Devemos proteger Lily. Ela passou por muita coisa e merece um pouco de paz de espírito depois do que aconteceu com ela."
"Precisamos contratar mais guarda-costas para Lily." Ela me aconselhou.
"Já faz isso." Ele respondeu, surpreendendo-a. "Assim que ela receber alta do hospital, eles ficarão de olho nela onde quer que ela vá."
"Também contratei homens para procurar Natalia caso ela ainda esteja por aí. Não podemos ter certeza se ela está à espreita e esperando o momento perfeito para atacar novamente. É melhor estar preparado do que se arrepender no futuro."
Soltando uma respiração profunda... Sophia apenas acenou com a cabeça em resposta.
A menos que o resultado do teste de DNA que Philip tinha pedido secretamente fosse divulgado, eles não podiam fazer nada além de tomar medidas duplas de segurança.
Se Natalia estiver realmente em algum lugar por aí, Sophia pensou, tomara que ela seja pega logo.