Apesar do ciúme fervendo dentro dele, tudo que ele podia fazer era observar o homem beijar Lily antes de se afastar dela, para que outros pudessem ter a chance de chamá-la para dançar.
Ele ainda estava fervendo de uma fúria desenfreada, quando outro homem emergiu da multidão e se dirigiu a ela. Reivindicando suas mãos delicadas, o segundo homem as colocou em volta de seu pescoço e suas mãos deslizaram nos quadris estreitos de Lily. Eles dançaram juntos uma música suave e relaxante, tocada pela orquestra.
Eles pareciam tão felizes juntos e isso fez uma carranca profunda se formar em sua testa. Ele nunca a tinha visto tão feliz como agora. O sorriso brilhante em seus lábios superava a luz dos candelabros que adornavam o teto.
Depois que a música terminou, o homem se aproximou e deu um beijo no seu rosto, em seguida, afastou-se para se juntar ao público que assistia. Como se fosse uma deixa, outro homem bem vestido, usando um smoking caro, veio dançar com ela.
Grey contou quantos homens Lily dançou. Havia sete deles no total. Mas até agora, ele ainda não tinha certeza de quem entre eles era seu verdadeiro amante, porque notou que cada homem depositava um beijo em seu rosto após o término de cada música. Cada um deles parecia gostar muito dela. Os homens compartilhavam um vínculo mútuo com ela que, claramente, ultrapassava os limites da amizade. Ele tinha certeza que eles não eram amigos dela.
Será que o primeiro homem que a beijou na ponta dos lábios era seu namorado? Grey se perguntou perplexo. No entanto, ele ainda não tinha certeza do que responder, porque o segundo homem com quem ela dançou estava bem perto dela... tão perto que ele não pôde deixar de sentir um pouco de ciúmes. E então, ainda havia o terceiro homem – o mais jovem com quem Lily teve sua última dança. Ela olhou para ele como se tivesse coraçõezinhos nos olhos. Nenhuma mulher olharia para um homem dessa forma se não houvesse nada acontecendo entre eles.
Droga.
Ele não conseguia adivinhar quem entre eles era o amante de Lily.
Um suspiro emergiu de seus lábios, quando ele finalmente desviou o olhar da pista de dança. Depois de beber o restante da vodka que estava em seu copo, ele o devolveu para o balcão do bar e saiu da sala.
Ele foi até a varanda para respirar um pouco de ar fresco.
Agora que seu choque e descrença finalmente haviam diminuído, centenas de perguntas passaram pela sua cabeça.
Com as mãos segurando as grades, ele olhou para o magnífico céu repleto de milhões de estrelas, brilhando como preciosos rubis, safiras e diamantes. Ele então se perguntou como Lily havia sobrevivido ao incêndio que teria supostamente tirado a sua vida.
Ele tinha certeza que ela havia morrido naquele incêndio. Ele lamentou sua morte e viu seu caixão ser baixado ao chão e, no entanto, aqui estava ela dentro do salão, rindo e se divertindo sem saber o quanto que ele teve que aguentar depois de sua morte.
Ele viveu por um inferno inimaginável depois que pensou que ela havia morrido.
Uma fúria repentina borbulhou dentro dele, lembrando como ela pediu o divórcio enquanto ele estava em outro país para uma viagem de negócios muito importante.
Elizabeth, sua madrasta foi quem o informou que Lily se demitiu de seu emprego e então jogou uma bomba nele, contando que Lily tinha contado para ela que queria mesmo o divórcio.
Antes de deixar o país, Grey havia pedido para que sua ex-esposa o esperasse. Então, quando ele voltasse daquela maldita viagem de negócios, eles conversariam sobre um assunto importante. Ele não estava disposto a prosseguir com o divórcio, em vez disso, queria tentar salvar o seu casamento. Era o que ele estava planejando dizer a ela. Mas então, antes que ele pudesse retornar, Lily enviou a ele os papéis do divórcio.
Os papéis já estavam assinados.
Toda a esperança que ele tinha de reconstruir o casamento foi destruída na hora que ele viu a assinatura dela. Ela nunca sequer o tinha amado. Os papéis do divórcio eram a prova disso.
Lembrou-se de ter bebido até esquecer o próprio nome na noite em que assinou os papéis do divórcio e os enviou de volta ao país.
Ele estava com raiva… Furioso consigo mesmo por amar alguém que não o amava de volta... No entanto, ele ainda teve esperanças que pudesse convencê-la a desistir do divórcio.
Ele não ficou lá a semana inteira como planejado e retornou imediatamente para o país alguns dias depois. Foi quando ele descobriu que ela havia morrido em um incêndio... E então ele pensou que ela havia se...
Grey cerrou os punhos até os dedos ficarem brancos. Lily devia ter forjado a própria morte para poder tirá-lo de sua vida.
Ele queria aplaudi-la, dar-lhe um Oscar por ter conseguido enganá-lo fingindo a própria morta.
Qualquer emoção que ele sentisse por ela era agora dominada pela raiva.
Se ela o quisesse fora de sua vida, ele mostraria a ela o quanto ele a não deseja.
Os passos suaves atrás de suas costas, o trouxeram de volta à realidade. Ele ouviu o som de saltos se aproximando.
Desviando o olhar do céu que estava magnífico, ele se virou para onde ouviu os passos pararem e se viu olhando diretamente para sua ex-esposa.
Sua boca estava ligeiramente entreaberta em pânico e choque brilhou em seus olhos, enquanto ela olhava para ele. Pareceu que ela não esperava que ele estivesse ali na sacada.
Por um momento, que pareceu durar uma eternidade, eles lutaram contra o olhar um do outro. Nenhum deles queria ceder.
A ternura cresceu dentro dele, mas as emoções queimaram tudo até as cinzas com ódio flamejante que crescia dentro dele. Isso rapidamente o transformou em um monstro.
Ele olhou para ela com um ódio de fazer qualquer um se arrepiar. Tudo o que ele conseguia pensar enquanto olhava para ela eram nas mentiras e no sentimento de ter sido traído.
Ele carregava essa culpa todo esse tempo e, no entanto, enquanto ele sofria por causa da morte dela, ela estava se divertindo com sua nova vida.
Ela estava feliz agora sem ele em sua vida. E ele devia fazer o mesmo...
Como se Lily não existisse mais, ele passou por ela sem olhar para trás.
'Adeus ao antigo 'nós'.' Ele falou em sua cabeça, embora ela não pudesse ouvi-lo. Com um passo rápido e longo, ele se afastou. Mas não era só dela que ele estava se afastando... ele estava se afastando de seu antigo amor e de seu antigo eu.
****
"Onde diabos você esteva, Grey?" A primeira coisa que o cumprimentou quando chegou à Mansão Bradford foi a visão do rosto furioso de Natalia. Ela estava tendo um chilique de novo.
Ignorando-a, ele foi direto para dentro de seu quarto.
Ele não estava com humor para discutir com ela. Ela estava grávida e ele não queria ser o motivo de seu aborto, embora soubesse que não era o pai da criança em seu ventre.
Ele nunca a tocou. Nunca. Mesmo depois de casados, ele não havia encostado um dedo nela, não importa o quanto ela tentasse seduzi-lo.
Natalia insistiu que ele era o pai. Mas ele sabia a verdade.
Como ele poderia ser pai se eles nunca tiveram uma relação sexual? Nem se quer uma vez.
Ele também sabia de quem era a cama que ela esquentava todas as noites – a de seu meio-irmão.
"Onde raios você estava!?" Natalia o seguiu para dentro do quarto. Sua voz aguda trovejou dentro da sala.
"Tenho que te contar tudo o que faço? Você não é minha mãe." Grey retrucou. Ele finalmente se virou para ela. Seus olhos queimaram de raiva quando ele encontrou o seu olhar. "Pare de me chatear. Não sou um cachorro que vai seguir tudo o que você diz. Estou cansado disso."
"Foi se encontrar com a Catrina de novo?!" Natalia gritou, com o rosto todo vermelho.
“E se eu fui? Eu não estou nem aí, você está secretamente se encontrando com o meu irmão. Você também não deveria se importar." Ele respondeu calmamente.
A boca de Natalia se abriu em choque. Ela não esperava que ele soubesse de seu paradeiro.
"Surpresa? Você achou que eu não fazia ideia de que você estava tendo um caso com meu irmão? Você acha que eu sou um tolo?" Ele perdeu a cabeça.
“Maldito Grey! Eu me arrependo de ter me casado com você!"
Uma gargalhada emergiu de sua garganta. "Você deveria estar, depois de manipular as pessoas ao meu redor para me forçar nesse casamento. Se não fosse por meu pai, eu nunca teria me casado com você!"
"Vá para o inferno Grey!" Ela gritou antes de sair de seu quarto.
"Você vai se arrepender disso!" Natalia ameaçou. "Vou arruinar sua vida!"
"Você já fez isso." Ele gritou atrás dela.
Natalia bateu a porta com força.
Quando ela se foi, seu olhar caiu para o porta-retratos da família pendurado na parede.
"É tudo por sua culpa que eu me casei com ela, pai", ele disse ao velho no porta-retrato. "E ainda assim eu não poderia culpá-lo por isso. Foi o seu último desejo... Eu não poderia ir contra o seu desejo sabendo que você não viveria mais..."
Ele desviou o olhar do porta-retrato e se serviu de uma taça de seu vinho favorito.
Ele não conseguiu dormir naquela noite, então apenas se sentou na varanda, com uma taça de vinho na mão enquanto observava o céu estrelado.
Ele não era o vilão, mas sempre foi tratado como tal, pensou ele enquanto consumia sua bebida… mas alguém tentou ouvir o seu lado da história?
Inferno de pessoas. Deixe-as julgá-lo! Eles apenas sabiam seu nome, mas não sua história…