Capítulo 40
862palavras
2022-12-04 03:31
Mesmo que parecesse que havia uma barreira entre nós, eu sabia que Grey realmente se importava com mamãe. Eu até acho que ele se importava mais com ela do que comigo, mas isso não era grande coisa para mim.
"Lily, me responda." Ele segurou meus ombros para capturar minha atenção e seus intensos olhos acizentados perfuraram os meus. "Aconteceu alguma coisa ruim com ela?" Ele perguntou, mas as palavras mal saíram de seus lábios. Percebi que o olhar de medo que vi em seus olhos agora era a mesma expressão que assombrou meu rosto quando soube que mamãe estava no hospital.
"Ela desmaiou e caiu no chão...", respondi, mas mal terminei as palavras porque ele me interrompeu.
"Ela bateu a cabeça no chão?" Sua preocupação estava escancara em seu rosto.
Eu balancei minha cabeça e respondi, "Ela teve sorte, Celine estava lá para pegá-la quando ela caiu…"
Alívio cruzou seu rosto. Ele soltou um suspiro antes de deixar suas mãos caírem ao seu lado. O lugar onde suas palmas me tocaram nos ombros ainda estava quente, e isso me lembrou da noite passada. Imediatamente, afastei as memórias dos meus pensamentos e entrei no meu carro. Mas antes que eu pudesse mover um centímetro, Grey segurou meus braços.
"Eu vou no hospital com você." Ele fez uma pausa e acrescentou. "Você pode entrar no meu carro e eu dirijo." Ele ofereceu, mas eu balancei minha cabeça. Pensando que preferia dirigir meu carro do que sentar ao lado dele dentro de um pequeno espaço.
"Vou dirigir meu carro. Você pode me seguir, se quiser." Absoluta certeza soou em meu tom quando eu pronunciei  as palavras. Grey abriu a boca para argumentar, mas mudou de ideia. "Ok." Ele respondeu secamente e me deixou ir. Sem demora, aproveitei para entrar no meu carro e tranquei a porta. Com o canto dos olhos, vi Grey se virar para onde estacionou o carro. Com passos rápidos e longos, ele o alcançou e entrou rapidamente.
Eu coloquei meu cinto de segurança ao meu redor, antes de girar as chaves. O motor vibrou em resposta, e eu manobrei o carro em direção a estrada. Como esperado, o carro de Grey seguiu atrás de mim.
O hospital onde mamãe foi internada ficava a trinta minutos de carro, mas em menos de vinte minutos cheguei ao hospital. Depois de deixar meu carro na área de estacionamento, desci e corri para o prédio grande.
Grey ainda estava estacionando o carro quando o deixei, mas estava quase na entrada quando Grey me alcançou. "Você não deveria dirigir assim." Ele se aproximou e sussurrou as palavras em meus ouvidos. Não havia nada de gentil em sua voz. Ele parecia um pai irritado, repreendendo seu filho por um mau comportamento.
"Não há nada de errado com o modo que diriji." Eu olhei para ele.
"Sua habilidade não é o problema. Sua velocidade que é." Ele respondeu. Quando eu lancei a ele um olhar de rabo de olho, eu vi o seu cenho franzido. Ele parecia estar preocupado.
'Grey preocupado comigo? Isso é inacreditável.' Eu pensei comigo mesma.
"Eu dirijo numa velocidade normal." Eu raciocinei, quando nós dois passamos pela entrada do hospital.
"Você chama aquilo de velocidade normal?" Ele indagou baixinho. "Estou surpreso que nenhum policial tenha te parado."
Eu estava prestes a responder, mas tínhamos chegado ao balcão de informações. Todas as coisas que eu queria jogar na cara dele se evaporaram. Me concentrei na enfermeira que se levantou da cadeira enquanto perguntava educadamente: "Em que posso ajudá-la, senhora?" A enfermeira olhou para mim por um segundo antes de seus olhos mudarem para Grey, que estava atrás de mim como um guarda-costas. O olhar da enfermeira permaneceu em seu rosto. Pura admiração  brilhou em seus olhos.
Grey sempre chamava a atenção por onde passa. Eu pensei comigo mesma, bastante irritada. Havia algo nele que o destacava, mesmo no meio da multidão. Acrescentei e suspirei enquanto observava a enfermeira, que continuou a olhar para ele como se estivesse sob algum tipo de feitiço.
"Você pode me dizer onde fica o quarto da Sra. De Silva?" Falei e ela saiu do transe. Envergonhada, ela deixou seu olhar vagar para a tela do computador à sua frente. Depois de digitar no teclado e alguns cliques de mouse, ela levantou a cabeça para mim. "Quarto número oito. Siga em frente, entre no primeiro corredor que você verá e encontrará o quarto dela." Ela instruiu, enquanto seus dedos apontavam na direção que deveríamos ir.
"Muito obrigada." Eu disse a ela e corri para a direção que ela apontou. Eu a peguei dando uma última olhada em Grey, antes que ela estivesse fora do meu campo de visão.
Silenciosamente, Grey caminhou ao meu lado. Acelerei o passo e ele alargou o passo. Eu diminuí a velocidade e ele fez o mesmo. Irritada, parei. "Você não vai parar de me seguir?"
"Eu não estou te seguindo." Ele respondeu, me ignorando enquanto continuava andando. "Você não é a dona dos corredores e, por acaso, temos o mesmo destino." Ele deu de ombros com indiferença. Desta vez, ele apressou os passos até que eu não consegui mais alcançá-lo e fiquei sozinha, abandonada no corredor.