Capítulo 68
1617palavras
2023-01-22 00:01
Ponto de vista de Ashley
Ficava sozinha, era assim que me sentia quando me sentei no balanço. Meus pés me arrastaram para o parque, não querendo ir para casa ainda.
Sabia que estava matando aula com muito mais frequência agora. Mesmo tempo, tinha medo de que o papai descobrisse. Ele teria um ataque e eu queria de evitar isso.
Suspirei baixinho, olhando ao redor no parque vazio. A grama era verde vivo, com pequenas flores silvestres que foram ocasionalmente esmagadas por animais e pessoas andando por aí.
Fazia tanto tempo desde a última vez que estive aqui. A quietude e a brisa suave empurravam meus cabelos para trás me relaxavam.
Minha bolsa repousava sobre minhas coxas enquanto meus dedos envolviam a corda do balanço. Eu queria aproveitar o silêncio. Eu precisava disso.
Levantei minha cabeça e fechei os olhos enquanto um pequeno sorriso surgiu em meu rosto, que era banhado pelo sol, me garantindo que tudo ficaria bem.
Quanto mais o tempo passava, mais eu começava a me arrepender de ter tratado Blake daquela maneira. Eu deveria tê-lo ouvido e deixá-lo explicar. Eu sabia que Stacy era uma saf*da conivente e caí direto em sua armadilha.
Eu precisava pedir desculpas a Blake por envergonhá-lo no refeitório. Foi errado da minha parte e desnecessário.
Que dr*ga, eu amava aquele idiota e não queria perdê-lo. Eu exagerei e fui longe demais. Ele devia estar achando que terminei com ele.
Não sabia há quanto tempo estava aqui, mas devia ter sido horas. O parque já começava a encher de gente. Os olhares curiosos caíam sobre mim ocasionalmente. Deviam achar que eu era louca. Meu cabelo ainda estava uma bagunça por ter sido puxado e os olhos vermelhos de tanto chorar.
Mordi meu lábio inferior enquanto me atrapalhei com o zíper da mochila. Agarrei meu telefone e verifiquei a hora. A primeira coisa que notei foram as muitas chamadas não atendidas que recebi de Blake e Ryan.
Fiz uma careta. Provavelmente coloquei no silencioso sem nem perceber. Vi a hora, eram 14h30. Talvez eu devesse começar a andar em direção a minha casa. Ficava um pouco longe daqui, provavelmente uns 20 minutos a pé.
Dei um suspiro e coloquei o telefone de volta na minha mochila. Decidi ligar para eles quando chegasse em casa, eles deviam estar preocupados.
Mordi os lábios pensando em falar com Blake. Fiquei com vergonha pela maneira como agi. Eu precisava falar com ele pessoalmente.
Me levantei, coloquei as alças da mochila sobre os ombros e me afastei da multidão. Um casal de idosos sentado num banco de madeira me viu e franziram as sobrancelhas de preocupação.
Desviei o olhar deles, acelerando os passos.
"Ei, querida, você está bem?", a velha perguntou, cujas mãos foram seguradas com ternura pelo homem, o qual parecia ser seu marido, a julgar pelo anel de ouro em seus dedos.
Imediatamente, pensei em Blake. Eu queria viver isso com ele. Só de olhar para o casal dava para ver o quanto eles se amavam. Eles se amavam, não dava para negar. Sorri para ela o melhor que pude para aliviar suas preocupações.
"Tudo bem, obrigada", disse educadamente, querendo me contorcer quando o marido a puxou para mais perto de seu peito. O comportamento deles me fez sentir ainda mais saudade de Blake. Eu precisava chegar em casa logo para ligar para ele.
Eles não pareciam convencido com a minha resposta. E nem eu. "Tem certeza?", o marido perguntou.
Eu balancei a cabeça e respondi: "Sim, estou bem, não se preocupe, só precisava esvaziar a cabeça de tantos estudos. Estou no meu último ano, sabe como a escola pode ser difícil nessa época." Acenei para eles e pareciam suficientemente convencidos.
Segui para casa. Rezei para chegar antes de Arden. Não queria ele tagarelando com papai e mamãe sobre eu ter matado aula mais uma vez. Eu teria que lhe dar mais dinheiro para ficar calado.
Agarrei as alças da mochila com força enquanto caminhava pela calçada. As crianças mais novas tinham acabado de sair da aula. Os pais vinham buscá-los às pressas. Não queria ficar no caminho deles.
Virei a esquina, pisando na calçada quente com meus tênis. O som de um carro diminuindo a velocidade ao meu lado me fez congelar. Rezei para que não fosse Ryan. Eu não queria falar com ninguém ainda.
O carro agora estava no mesmo ritmo que eu. Pela minha visão periférica, notei que o carro era azul pálido.
Não era o carro de Ryan. Continuei olhando para frente, não querendo olhar para quem obviamente estava tentando chamar minha atenção.
"Ei!", disse uma mulher. Parei e me virei para vê-la.
O vidro estava abaixado enquanto uma mulher olhava para mim. Ela parecia familiar, tinha os seus olhos azuis e cabelos escuros bagunçados na altura dos ombros.
"Precisa de uma carona?", ela perguntou e sorriu docemente. Quando eu parecia relutante em responder, ela franziu as sobrancelhas.
"Não sei se se lembra de mim, mas eu trabalho na escola, no refeitório." Ela parecia esperançosa por um reconhecimento. Instantaneamente, me lembrei dela, a merendeira.
"Moro naquela rua, mas ficaria feliz em lhe dar uma carona", ela sugeriu.
Contemplei por alguns segundos. Avaliei minhas opções. Eu precisava chegar em casa antes de Arden. E não era como se ela fosse uma estranha. Embora eu nunca tenha conversado com ela, ela parecia inofensiva e confiável o suficiente.
Então, balancei a cabeça e entrei no carro um segundo depois. Coloquei o cinto e dei a ela um sorriso tenso. "Obrigada. Moro na Rua Breach Road", eu disse.
Ela sorriu e acenou com a cabeça. "Entendi", a moça disse, e riu antes de começar a dirigir. Virei a cabeça para olhar pela janela.
"Então, qual é o seu nome?", ela perguntou, tentando puxar conversa.
Me virei para olhar para a frente e disse: "Ashley Grey."
Ela acenou com a cabeça. "É um nome lindo. Seus pais têm bom gosto", ela elogiou e riu virando a esquina.
"Se importa se eu fizer uma parada rápida? Prometi a minha mãe que deixaria seus remédios o mais rápido possível. Minha casa fica logo ali na esquina", ela pediu, e virou a cabeça para me encarar por um segundo.
Não querendo deixar sua mãe esperando, então eu balancei a cabeça. Ela sorriu e, como prometido, parou numa pequena casa de madeira alguns minutos depois. A pintura branca estava lascando e o portão rústico precisava de uma reforma.
A casa era cercada por trechos de grama seca. A escassez de vizinhos nessa rua era alarmante. Eu nunca tinha feito esse caminho. Todos evitavam andar por aqui por causa dos homens perigosos fazendo coisas ilegais na região.
"Serei rápida", ela prometeu ao sair e começou a caminhar até o porta-malas do carro. Olhei para ela pelo espelho retrovisor. Rapidamente, desviei o olhar quando ela para do meu lado.
Curvando-se um pouco, ela sorriu enquanto me encarava e perguntou: "Se importa de me ajudar a trazer algumas coisas para dentro? São coisas demais e temo que demore um pouco. Minha mãe não comeu o dia inteiro."
Mordi meu lábio olhando para a casa e depois de volta para ela. A mulher estava me fazendo o favor de me dar uma carona para casa, o mínimo que eu podia fazer era ajudar a levar as compras para dentro.
Então, com esse pensamento, balancei a cabeça e saí do carro. A segui até a parte de trás. Ela estava certa, havia muitas sacolas de compras. Agarrei três e a segui até sua casa.
O portão rústico rangeu quando ela o abriu. Ela se virou para mim. "Me desculpe pela casa, não tenho cuidado muito dela porque gastei todo o meu dinheiro pagando as despesas médicas da minha mãe", ela explicou.
Instantaneamente, senti muita pena. Sorri suavemente e a segui pelos degraus de madeira que rangiam. "Não me importo, é bem aconchegante", elogiei.
Ela sorriu e abriu a porta. "Mãe, cheguei em casa!", ela gritou, mas não teve resposta. Ela se virou para me encarar. "Eu juro, ela está sempre dormindo. Venha, a cozinha fica aqui", ela disse e sinalizou com a cabeça para a pequena área da cozinha.
Se fora parecia ruim, aqui era pior. Por dentro, fedia a álcool e maconhava com uma mistura de algo desagradável. O interior mal estava mobiliado, só tinha um sofá marrom velho e desgastado na sala de estar.
As paredes creme estavam manchadas em vários lugares com algo marrom que as faziam parecer sujas. A casa era minúscula. Era compreensível que ela vivesse assim tendo que cuidar de sua mãe doente.
A segui até a cozinha e coloquei as sacolas na ilha da cozinha. "Volto já! Só preciso entregar isso para minha mãe e vamos embora!", ela disse e saiu correndo levando algo que parecia comprimidos e folhas.
Suspirei e me virei para olhar em volta. Como ela poderia viver neste lugar? Faltavam alguns puxadores dos armários e a tinta azul marinho na madeira deixava as paredes creme ainda mais sujas.
"Seu namorado me lembra o Asher", ela disse por trás de mim.
A seguir, não tive tempo de pensar, só sentir um pano pressionando meu nariz e minha boca. A surpresa tomou conta de mim e, sem saber, inalei o que estava no pano.
Me debati enquanto ela me forçava a parar. Seus braços me seguravam com força enquanto minha visão ficou turva. A empurrei para trás enquanto ela me dominava. Senti que ela bateu em um dos puxadores de madeira com força, mas não me largou.
"Durma, Ashzinha", ela disse me acalmando. O cheiro forte no pano fez minha visão escurecer até que eu não visse mais nada enquanto senti meu corpo cair. A última coisa que pensei foi em Blake e minha família.