Capítulo 54
1128palavras
2023-01-08 00:01
Ponto de vista de Ashley
Coloquei minha bolsa na mesa e apoiei os cotovelos na superfície de madeira. As palmas das minhas mãos seguravam meu queixo enquanto eu olhava para frente. A professora ainda não estava aqui, e nem Ryan. Como de costume, ele estava atrasado.
A porta foi aberta. E uma garota de cabelos escuros entrou. Ela segurava a mochila nas mãos, a cabeça estava erguida enquanto ela caminha rapidamente em minha direção. Eu nunca tive coragem de falar com ela, já que nunca sentámos perto uma da outra ou nos cruzámos depois dessa aula.
Era a mesma garota na qual Ryan esbarrou, naquele dia que era o primeiro dela aqui. Fiquei surpresa quando ela se sentou na cadeira vaga ao meu lado. Ela bufou, jogando a mochila na mesa não tão gentilmente.
"Vai com calma", eu a provoquei. Sua cabeça se voltou para mim. Arregalando os olhos e corada de vergonha, rapidamente murmurei um pedido de desculpas.
"Desculpe, não deveria me apresentar assim", murmurei envergonhada, endireitando a postura. Levei a minha mão até ela e disse: "Eu sou a Ashley." Sorri inclinando minha cabeça para o lado para examiná-la.
De perto, pude ver que seu rosto era pontilhado de pequenas sardas. Suas bochechas eram rechonchudas e os cílios longos o suficiente para me fazer invejá-los. Seus olhos castanhos me olharam com incerteza, como um cervo reagiria, com cuidado.
Finalmente, concluindo que eu não era uma ameaça, ela segurou a minha mão. As mãos dela eram um pouco maiores do que as minhas. Mas, novamente, muitas pessoas tinham mãos maiores do que eu. "Eu sou a Kimberly", ela disse num tom surpreendentemente infantil, o contrário de seu exterior duro.
Nos afastámos sorrindo uma para o outra. Então limpei minha garganta e pedi desculpas: "Sei que estou dois meses atrasada, mas gostaria de me desculpar por meu amigo ter esbarrado em você no seu primeiro dia."
Ryan pode ser um pouco..." Procurei em meu cérebro uma palavra para descrever meu amigo maluquinho e decidi usar: "Exagerado."
Seus olhos de repente foram tomados por uma raiva, como se lembrassem de Ryan. "Ah, o cara que não teve educação suficiente para ajudar uma garota a se levantar, mesmo sendo responsável por sua queda", ela resmungou assentindo.
Sorri timidamente e concordei: "Sim, ele mesmo."
O olhar dela ficou mais intendo e ela disse: "Ele parece ser um idiota egocêntrico."
Sabia que ela estava com raiva dele, mas ela não tinha o direito de julgá-lo por aquele pequeno acidente. Ryan era um amorzinho, chato, mas sempre com boas intenções.
"Ele é um cara incrível, ele estava com pressa naquela manhã em particular. Deveria conhecê-lo antes de julgá-lo", o defendi.
"Nesses dois meses que estou nesta escola, conheci seu amigo Ryan. Ele dorme por aí, acha que é o rei da piada e sempre chega atrasado", ela diz sarcasticamente. "Então, não, obrigada, mas terei que passar a oportunidade de conhecê-lo."
Me parecia que ela estava de olho nele. Nesse caso, ela então já sabia que eu era amiga dele. Isso dificilmente passaria despercebido, estávamos sempre juntos. Não tanto quanto Blake e eu, mas o suficiente.
Assim que ela terminou de falar, a porta se abriu e Ryan entrou meio cansado. Ele se aproximou de mim, claramente esperando que o assento ao lado estivesse vago. Ele sempre se sentava ao meu lado, mas parecia que Kimberly tinha vencido.
Ele parou de repente e piscou como se a imagem de Kimberly sentada ao meu lado fosse desaparecer de repente.
Eventualmente, ele notou que ela ainda estava lá. "Você está no meu lugar, Dory", Ele afirma como se fosse óbvio.
Quase engasguei com a saliva. Como assim? Por que ele a chamaria de Dory? Ela não parecia a personagem. Estava prestes a repreendê-lo por se referir a ela como um peixe com perda de memória quando Kimberly decidiu responder. De forma nem um pouco amigável, deveria acrescentar.
"Até onde eu sei, as cadeiras não pertencem a ninguém. São propriedade da escola. Se tiver algum problema, sugiro que vá para outro lugar."
"De preferência um que fique perto do chiqueiro. Vi um cartaz do lado de fora mais cedo, parece que um porquinho sumiu. Parece que o encontrei", ela retrucou e jogou seus longos cabelos para trás dos ombros.
Fiquei de boca aberta e de Ryan também. Nós dois ficámos chocados com suas palavras. Ryan cerrou o olhar e a encarou dizendo: "Como se atreve..."
"Ryan sente-se atrás dela, tem uma cadeira vazia lá", eu o deti, não querendo que eles fizessem uma cena.
Conhecendo Ryan, ele diria palavras das quais se arrependeria mais tarde. E eu não tinha dúvidas de que Kimberly responderia sarcasticamente.
Eu tinha que admitir, aquela garota realmente não se importava em discutir com um dos garotos mais populares da escola. Ela devia realmente odiá-lo.
Ele parecia reflexivo antes de subir e caminhar até a cadeira atrás dela. Ela olhou para frente, sem encará-lo novamente.
A professora entrou e começamos a aula. Alguns segundos depois, percebi que, pela primeira vez, Ryan chegara um pouco mais cedo que o professor.
O resto da aula correu bem, com comentários ocasionais de Ryan e respostas sarcásticas de Kimberly.
Ryan até chutou o encosto da cadeira dela de maneira infantil porque uma das respostas dela o irritou. Honestamente, os dois estavam agindo como crianças.
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"Então, já enviou sua inscrição?", Ryan perguntou enquanto caminhávamos pelo corredor. Estávamos indo almoçar.
Eu balancei minha cabeça, mordendo meu lábio e disse honestamente: "Ainda não decidi em qual faculdade quero me inscrever."
"Meu pai quer que eu vá para Yale", Ele resmungou. Por mais que Ryan estivesse sempre atrasado e fosse muito brincalhão, ele era muito inteligente. Eu não tinha dúvidas de que ele entraria.
"O meu também. Mas eu estava pensando mais em Harvard", disse a ele e, em seguida, dei de ombros. De repente, senti vontade de fazer xixi. "Te encontro no refeitório, preciso fazer xixi", eu disse, e corri para o banheiro.
"Beleza!", ele gritou atrás de mim.
Corri muito rápido entre a multidão de alunos. Fiquei aliviada quando vi a porta do banheiro. Entrei e corrI para uma das cabines vazias.
Depois de fazer xixi, me assustei ao ouvir um choro baixinho vindo de uma das cabines. O choro ficou mais intenso e senti uma vontade repentina de perguntar se a pessoa estava bem.
Saí da cabine, abrindo a porta suavemente. O banheiro estava vazio, exceto por mim e pela garota que estava chorando muito. Andei até a cabine dela.
Mordi o lábio e agarrei a alça da minha mochila. Finalmente tomei coragem e perguntei suavemente: "Você está bem?" Duvidei que ela tinha me ouvido.
Mas o choro parou e a voz de uma garota que me detestava soou. "O que você quer?" Stacy abriu a porta.