Capítulo 37
1181palavras
2022-12-16 13:25
Ponto de vista da Ashley
Saindo da sala, mantive uma das alças da bolsa segura em meus ombros enquanto vasculhava seu interior. Murmurei enquanto meus dedos se atrapalharam com os papéis intermináveis.
"Dr*ga." Eu gemi quando dei de frente com um peitoral duro. Perdi o equilíbrio e acabei caindo no chão, meus joelhos batendo nos ladrilhos duros, o que me fez resmungar.
"Dr*ga, sinto muito."
Eu congelei ao ouvir a voz que atualmente me assombra à noite. A voz do cara que tentou me estuprar. Meu coração bateu dolorosamente enquanto agarrei minha bolsa como se aquilo fosse salvar minha vida. Era Peter ali na minha frente.
Encontrando coragem, finalmente me levantei, erguendo minha cabeça para olhar em seus olhos. Não fiquei surpresa ao sentir aquele medo paralisante quando as imagens dele me prendendo ressurgiram na minha cabeça.
"Olha, Ashley..." Ele olhou para mim com o pesar gravado em seu rosto. O olho direito tinha um contorno roxo, ainda um pouco inchado. Vi seus lábios se movendo, mas de alguma forma meu cérebro não processou uma palavra sequer dita por ele.
Meu lábio inferior tremeu quando rapidamente me virei, correndo para longe dele. Esbarrei em algumas pessoas no caminho, fazendo com que me xingasseram, mas não me importei, tudo que eu queria era me afastar da presença de Peter.
"Ashley, espere!" Ele implorou. Ouvi sua voz distante quando virei a esquina. Minha respiração estava fraca enquanto lutava para aliviar meu conflito interno. Meu cérebro parecia estar martelando dentro do meu crânio.
A ansiedade estava rastejando dentro do meu corpo, agarrando-se a mim até que eu não soubesse mais para onde estava indo. Tudo o que sabia era que precisava me afastar dele, de sua presença.
Quando me virei para ver se ele estava me seguindo, esbarrei em outro peitoral. Eu tropecei, mas uma mão enorme agarrou minha cintura, impedindo minha queda. Eu precisava fugir.
Minha respiração ficou ofegante enquanto lutava para sair dos braços de quem quer que fosse. "Ashley!" A voz soou familiar. Quando o cheiro de menta entrou em minhas narinas, instantaneamente meu corpo relaxou nos braços de Blake.
"O que há de errado, amor?" Ele sussurrou enquanto me puxou para mais perto até que ficássemos praticamente abraçados.
Minha bochecha descansou em seu peito enquanto tentava recuperar minha compostura. "Ele... Está aqui..." Eu gaguejei e me agarrei ao material macio da camisa de Blake. Seu perfume me envolveu e acalmou minha mente. Eu estava segura com ele.
"Quem está aqui?" Pela tensão em sua voz, era claro que ele estava impaciente para saber quem tinha me assustado.
"Peter." Sussurrei, e senti ele enrijecer ao meu redor até que senti seu punho nas minhas costas.
"Onde está esse cr*tino?" Ele cuspiu com raiva, fazendo um movimento para se afastar. Eu sabia o que aconteceria se ele fosse atrás do Peter. Eu não queria que ninguém soubesse o que aconteceu.
Então agarrei sua camisa com mais firmeza e balancei minha cabeça. "Por favor, não, eu preciso de você." Eu implorei enquanto pressionava meu rosto em seu peito.
Ele relaxou e suspirou, derrotado. Quando ele me abraçou com força, ouvi os murmúrios ao nosso redor e percebi que todos estavam nos encarando. Blake também tinha percebido, porque sua forma estava rígida de raiva.
"O que diabos estão olhando?" Ele rugiu. Sua voz saiu alta, o que me fez pular um pouco com seu tom agressivo. Ouvindo os passos apressados, soube que todos haviam voltado a cuidar de suas vidas.
"Vamos." Blake resmungou, se afastando de mim, mas agarrando minha mão bem menor que a dele enquanto me guiava para fora da escola. Era o horário do almoço, mas eu havia perdido o apetite.
Ele me levou para o campo, debaixo de uma enorme árvore que nos protegeria do calor do sol. O pátio estava vazio, exceto por alguns minúsculos pássaros pretos bicando o que quer que estivesse enterrado na grama.
Era um ambiente relaxante. Ele se sentou e eu segui. Estávamos próximos um do outro o suficiente para não parecer apenas um abraço amigável. Suas costas se apoiaram na árvore enquanto ele passou o braço por cima do meu ombro, me puxando para perto de seu corpo.
"Ele tentou..." Ele não terminou. O medo estava claro em seu tom, mas ele se esforçou muito para mascará-lo. Balancei a cabeça e coloquei a palma da mão sobre sua coxa.
"Ele tentou falar comigo, mas não lhe dei tempo." Eu murmurei.
"Então ele não tentou forçar nada, né?" Ele estava ansioso pela minha resposta, era perceptível pela forma como ele havia prendido a respiração.
"Não, ele não tentou." Eu disse, descansando minha cabeça entre seu ombro e pescoço. Ele visivelmente suspirou de alívio, beijando o topo da minha cabeça.
"Ley, você ainda o ouve e ainda pensa sobre o que ele fez. Eu odeio que esteja lidando com isso sozinha, e eu não posso te ajudar. Isso me machuca demais. Acho que você deveria pensar sobre..."
Eu balancei a cabeça. Eu sabia o que ele ia dizer. Mas eu não queria. Eu acreditava em segundas vezes e Peter parecia arrependido do que havia tentado fazer.
Talvez eu pudesse lidar com isso sozinha. Isso não precisa acabar de forma desagradável com processos judiciais e muita atenção. Esta era a última coisa que eu queria.
"Não, Blake. Eu posso superar isso..."
"Está brincando comigo? Superar isso? Como você pode superar algo assim, Ashley? Eu não sou você e nem passei pelo que você passou, mas mal consigo imaginar com o que você sofre todas as noites. Com medo de acontecer novamente. Isso não é algo que alguém possa superar facilmente." Blake sibilou. Eu sabia que ele ainda estava furioso com a minha decisão.
"Eu odeio que queira deixar isso para lá. Eu quero te ajudar, amor, por favor, deixe-me." Ele implorou, agarrando meu pequeno corpo.
Lembrava da sensação de fraqueza quando Peter se impôs sobre mim. Lembrava de gritar e chorar enquanto lutava para afastá-lo. Não queria mais me sentir fraca. Não queria que ninguém lutasse minhas batalhas.
"Ensine-me." As palavras saíram antes que eu pudesse detê-las. Eu me virei para encará-lo. Ele parecia confuso. "Ensinar o quê, amor?" Ele questionou.
"Ensine-me a me defender. Quero aprender boxe." Eu disse, séria. Eu estava cansada de ser a garota fraca, precisava lutar minhas próprias batalhas.
Seus olhos se arregalaram de surpresa e me encararam por um minuto em silêncio antes de Blake balançar a cabeça como se quisesse afastar seus pensamentos. "Você quer que eu treine você?" Ele perguntou, inseguro.
Balancei a cabeça e olhei para ele sob meus cílios. Isso sempre o fazia concordar com tudo o que eu dizia, e esperava que desta vez funcionasse. "Eu não posso sempre depender de você, Arden ou Ryan para lutar minhas batalhas. Blake, eu preciso de ser poderosa." Eu praticamente implorei.
Ele ficou em silêncio por um minuto. Provavelmente pensando nos prós ou contras. Mas então acenou com a cabeça e um sorriso se curvou no canto de seus lábios.
"Não parece tão ruim. Treinar um contra um com você parece muito bom. Especialmente porque estaremos sozinhos." Ele piscou.