Capítulo 6
1291palavras
2022-11-27 15:49
Ponto de vista de Ashley
O sol havia se posto há muito tempo, o luar entrava pela janela aberta. Era muito tarde. Rezei mentalmente para que mamãe e papai estivessem dormindo profundamente, se me pegassem eu estaria ferrada.
Não queria que isso acontecesse. Papai era superprotetor. Fiquei surpresa por ele permitir que eu ficasse amiga de Ryan e Blake. Ele não confiava em nenhum outro cara perto de mim que não fosse Blake ou Ryan. Era irritante e desnecessário, já que, por mais embaraçoso que seja, eu só queria a atenção de um cara.
Suspirei e fiquei encolhida na cama. Minhas roupas estavam escondidas debaixo do cobertor grosso que me envolvia e aquecia. Não queria que mamãe ou papai entrassem e descobrisse o que estava vestindo. Eles certamente saberiam que algo estava acontecendo.
Uma brisa suave e fria tocou minha bochecha suavemente. Olhei para fora da janela, contando os pontinhos brancos que chamamos de estrelas. Eu estava uma pilha de nervos. Não deveria ter concordado em sair esta noite. Eu deveria ter ficado em casa lendo. Raven certamente teria me feito companhia.
Uma pedrinha caiu no chão de madeira. Meu coração bateu forte sabendo que era um dos garotos vindo me buscar. Contemplei por alguns segundos, ouvindo o clique do meu antigo relógio na mesa de cabeceira. Minhas mãos coçaram para agarrá-lo e jogá-lo pela janela. Possivelmente, se acertasse na cabeça, eu teria uma desculpa para não ir.
"Ley!", uma voz abafada suspirou do lado de fora. Eu gemi silenciosamente ao ouvir a voz de Blake. Era sério, Ryan, mandou ele vir? Eu odiava sempre me sentir desconfortável com ele depois que saía com outras garotas. Garotas que não eram eu. Ver ele e Stacy se beijando me mostrou que nunca serei como ela ou as outras garotas.
"Ley!", ele me chamou outra vez, impacientemente.
Eu mordi meu lábio e então, com um gemido, saí das cobertas, revelando a roupa que eu escolhi. Fui até a janela aberta e olhei para Blake. Eu mal conseguia ver o que ele usava, mas a lua iluminava suavemente seu rosto, o que me fez prender a respiração.
"Cale a boca, quer que meus pais te ouçam?", disse baixinho, empurrando minha cabeça para fora da janela e apoiando minhas mãos no peitoril.
Ele deu de ombros e sorriu, dizendo: "Não seria ruim se você se metesse num probleminha, Ley. Raven ficaria orgulhosa."
Cerrei os dentes. Será que ele sempre vai me provocar com isso? Desviei meus olhos para longe dele, encontrando o carro de Ryan. Franzi minhas sobrancelhas, me virei para encará-lo e perguntou: "Você está sozinho, onde está Ryan?"
"Ryan já está na festa, ele me pediu para buscá-la", ele respondeu, parecendo não saber que ficar sozinha com ele por apenas alguns segundos mexeria com meu cérebro e me faria agir como uma idiota.
"Então você está sozinho?", questionei novamente, já sentindo os nervos borbulhando em meu estômago, quase sufocando.
Eu podia sentir sua confusão, como ele não entendia o que fazer comigo. "Sim", ele murmurou, com incerteza em sua voz. Suspirei e assenti.
"Espere um minuto", eu disse baixinho, e voltei para dentro do quarto. Olhei para a minha roupa, a saia xadrez chegava até o meio da minha coxa. Eu tinha escolhido uma regata branca e uma jaqueta jeans para completar, finalizando com meu tênis Converse branco. Mesmo com o comprimento decente da saia, de repente, me senti nua.
Olhei em volta e vi minhas leggings pretas que havia descartado perto do armário que estava aberto. Balancei a cabeça para mim mesma, fui até lá e peguei elas. Senti a finura do material com o polegar e o indicador, beliscando o tecido enquanto ponderava se deveria usá-la.
"Ley, anda logo!", Blake sussurou.
Soltei um grunhido e finalmente tomei uma decisão. Coloquei as leggings. Finalmente, me senti um pouco mais confortável. Quem eu estava tentando impressionar em primeiro lugar? Me aproximei da janela, me sentindo uma delinquente.
Me lancei para fora e dei passos cautelosos caminhando no telhado. Olhei para Blake. Não era tão alto, mas senti náuseas só de pensar em cair. E se eu quebrar minha bunda? Isso era mesmo possível?
Me aproximei-me da borda, procurando a escada que meu pai deixara ali, mas não a encontrei. Olhei para Blake assustada. "Não tem escada!", meio que gritei sentindo a ansiedade começar a se espalhar por meu corpo. Papai sabia dos meus planos?
"Só pule, Ley, eu te pego", Blake insistiu, ficando em posição para me apanhar. Examinei seu corpo. Sim, ele tinha músculos e, com certeza, me seguraria sem muito esforço, mas isso era completamente diferente. Eu podia morrer.
Balancei a cabeça furiosa, me afastando. "Não precisa, acho que não era para ser. Aproveite a festa", ri a ele e saí correndo.
"Vamos lá! Não fuja de mim agora, bambina."
"Eu estou assustada", admiti, olhando para o gramado. Parecia tão longe de mim. Eu estava muito no alto.
Olhei em seus olhos azuis, e a luz da lua mostrava o tão azuis que realmente eram. Mesmo daqui de cima, era difícil não notar. Seu olhar ficou suave. Dei uma boa olhada no que ele estava vestindo, notei que ele adorava se vestir todo de preto. Jaqueta preta, calça jeans preta, camisa preta, converse preto. Para alguns, a cor pareceria intimidante, mas não, era apenas o Blake sendo ele mesmo.
"Não fique com medo, Ley, nunca deixaria você cair, sempre vou segurá-la. Confie em mim." Ele disse suavemente, com o olhar dizendo algo que eu não conseguia decifrar.
"Podem calar a boca! Que droga, Ashley, só pule, você não vai morrer. São só alguns metros!", uma berrou.
Me virei e avistoei Arden em sua janela. Seu quarto era ao lado do meu. As luzes estavam apagadas, mas a lua iluminava o suficiente para localizá-lo. Apertei os olhos. Ele estava comendo uma banana?
"Você não deveria estar dormindo?", perguntei entrando no modo de irmã mais velha.
Ele levantou uma sobrancelha antes de morder a banana. "O mesmo poderia ser dito para minha irmã mais velha. Não se preocupe, não vou contar ao papai que você está fugindo."
Dei um suspiro de alívio, que não durou quando ele continuou.
"Só se...", ele disse com sede de travessura. "Você me der cinquenta dólares."
Eu franzir a testa. "Estava guardando isso para comprar meus livros", respondi.
Ele deu de ombros, dando outra mordida na banana. Então, disse: "Cinquenta dólares ou nada."
Refleti sobre a proposta. Dar a ele meus cinquenta dólares e ficar sem nenhum livro novo? Legal, foi uma boa desculpa para recusar a ir...
"Tudo bem, te dou os cinquenta dólares amanhã", Blake concordou, me tirando do meu momento de quase alegria.
"Combinado." Arden sorriu. "Agora pule, Ashley, não seja fraquinha."
"Cuidado com a língua, Arden, ainda sou mais velha e posso contar ao papai", sussurei, e cruzei os braços. "E eu não sou fraquinha." Fiz um beicinho.
Suspirei e olhei para Blake. Eu confiava nele e isso me levou a caminhar até a borda. Inspirando um pouco de ar, fiz uma oração silenciosa. "Preparado?", perguntei a ele nervosa, observando enquanto ele abria os braços para me pegar. Com um olhar determinado, ele assentiu.
Fechei meus olhos com força, esperei alguns segundos, deixando o vento soprar em minhas longas madeixas, e pulei. Minha respiração ficou presa na garganta quando me senti caindo. Era assim que nos sentíamos ao morrer?
Com meus braços envolvendo meu corpo, aterrisei sobre um peito firme. Finalmente respirei. "Pode abrir os olhos agora, Ley." A voz divertida de Blake me fez voltar à realidade.
Abri um olho antes de abrir o outro. Seus olhos azuis penetrantes instantaneamente me prenderam num transe e eu me senti respirar fundo pela segunda vez. "Eu disse que te pegaria", ele disse, e então sorriu.