Capítulo 80
1807palavras
2022-09-08 08:18
O que era para ser em dois meses, levou praticamente um ano...
Helena e Sabriel voltaram para o Brasil para se casarem na igreja ortodoxa grega, como foi combinado com seus pais. Não foi exatamente o combinado, mas tudo bem. Claro que antes de voltarem ao Brasil, eles curtiram o máximo a estadia dela na Flórida. Ela foi muito bem recebida pelos pais dele e pela comunidade latina.
Assim que voltaram, foram muito bem recebidos pela comunidade grega, graças a vovó Tina. Além de rever a sua querida neta, acabara por ganhar um neto. É claro que para não perder o velho costume, Constantino tinha que dar o seu sermão:
— Precisavam demorar tanto assim para voltar? Qual é a sua ô Helena, esqueceu que tem família?
Ele só não falou mais porque levou uma cotovelada de Sophia.
— Em vez de ficar aí resmungando, por que não conversa com o nosso genro?
Antes de entregar a filha, Constantino tinha que conversar com Sabriel. Na verdade, foi mais um monologo do que uma conversa, pois ele não o deixou falar nem por um segundo. E quando foi tentar dizer alguma coisa, foi brutalmente repreendido:
— Olha seu Tino...
— Para você é Constantino. Tino eu sou apenas para a minha esposa... — isto era verdade, na família dos Petropoulos as únicas pessoas que podiam chamá-lo pelo apelido eram a sua mãe e a esposa: — ... melhor dizendo, para você é Sogro! Pois já que a minha querida filha vai fazer a desgraça de se casar com você, para o seu bem é melhor começar a chamar assim.
Todo mundo olhou admirado para o patriarca da família. Para ele ter dito tal coisa, é porque aceitou Sabriel... meio que de má vontade e sob o olhar mais cortante que raio laser de Sophia, mas aceitou. Continuou a dar o seu sermão:
— Que fique bem claro que a minha filha não é uma qualquer. É uma joia preciosa da qual eu e a mãe dela amamos com toda a nossa alma e temos muito orgulho e honra de sermos seus pais. E estamos te entregando o nosso maior tesouro. Então cuide bem dela. Ame-a e a respeite como se a sua vida dependesse disso, porque depende. Porque a decisão mais importante na vida de uma mulher é quem ela vai escolher será o seu marido. Então por favor não a faça se arrepender. Se não puder fazê-la feliz, então não a leve. Trate bem a minha boneca e você me terá como um amigo e um pai. Agora ouse maltratá-la e eu te viro do avesso. E lembre-se, eu e os Deuses estaremos de olho em você!
— Já acabou Tino? — Sophia perguntou com tédio.
— Já... agora vocês me dão licença que eu vou lá para o quintal. — Constantino saiu da sala sem olhar para ninguém e foi para o fundo do quintal quase correndo. Todos ali se perguntaram o que deu nele. Helena e seus irmãos queriam ir atrás dele, mas já imaginando o que era, Sophia não deixou:
— Deixe que do pai de vocês, meu marido, cuido eu. A partir de hoje, cuide do seu. — Apontou para a filha e deu ordens solenes para ninguém ir atrás dela.
Sophia foi lá atrás do marido. Ele olhava para um pé de cuca plantado no fundo do quintal. Quando chegou perto dele, viu que ele chorava. E ao vê-lo chorar, ela se comoveu e o abraçou:
— O que foi agapité mou? (meu querido)
— Nada.
— Eu te conheço a mais de trinta anos e sei que você sempre vem para o quintal e fica olhando para esse pé de cuca... que aliás, está aí no mesmo lugar desde o dia em que nos mudamos para esta casa, junto com a nossa Helena.
— Sim eu me lembro. A minha ideia de início era arrancar essa arvore que na época era pequena, para ter mais espaço no quintal... e ela não deixou, alegando que ele já morava aqui antes de nós e por isso tinha o todo o direito de ficar. — Riu com a lembrança: — desde cedo, ela já demostrava sabedoria. E agora vai se casar! — Pronto, ele desabou de vez. Não queria chorar na frente de ninguém.
— Sim ela vai... e você sabe que é o pai da noiva que deve arcar com as despesas do casamento.
— É por isso que estou chorando...
Sophia olhou incrédula para o marido. Ele sempre faz festa para os conterrâneos da comunidade, agora que é para o casamento da única filha, ficou de canguice.
— Pó, pó, pó, pó, pó homem! É o casamento da nossa koúkla. Ela veio justamente para se casar e você resolve fechar a mão. Vamos fazer festa sim e com tudo o que ela tem direito e nó também. E ponto final.
*
No dia seguinte, deu-se o início dos preparativos do casamento do ano. Era assim que chamavam o enlace de Helena e Sabriel. E toda a comunidade grega se propôs a ajudar os noivos.
Sophia por sua vez, enchia a boca para dizer que seu genro é o cantor mais famoso da atualidade e fez uma música para sua filha... como se ninguém soubesse.
Helena e Sabriel se divertiam com a alegria dela. E ela ficou mais alegre quando Dayane desenhou o vestido de noiva da sua filha e do jeito como ela queria, um que lembrasse as origens gregas dos Petropoulos, mas com toques de modernidade. Porém o vestido foi feito pelas suas amigas costureiras da comunidade grega, pois segundo a suposta tradição de Sophia era para dar sorte ao matrimônio:
— Tô achando que essa tradição é só uma invenção da minha mãe... — Cochichou Helena para Sabriel.
— Deixa, ela está feliz... assim como eu.
E falando em felicidade, Dayane e Mitchel também vão se casar. Quiseram esperar Helena voltar ao Brasil para convidá-la junto com Samantha para serem as suas madrinhas de casamento. E assim como Helena, ela também foi bem recebida pela família de Mitchel. São pessoas muito simples do interior, mas a adoraram e ela também adorou conhecê-los.
Ela nunca mais teve contato com a família de seu pai e também não queria ter. E eles querem ter filhos logo. Suas amigas acharam mais uma vez que ela estava se precipitando, mas entenderam. Dayane ficou órfã muito cedo e queria ter a sua própria família.
E falando em família, Samantha herdou a empresa de seus pais, mas contratou alguém para ser o seu representante. Com o tempo, o administrador se tornou mais do que um representante. Estão namorando.
— Quero ir devagar nesse namoro, para não quebrar a cara como na outra vez.
Eles só tinham um pequeno problema... ele era mais baixo que ela. Tudo bem, eles não se importavam. Sempre falam para quem quiser ou não ouvir que a diferença de altura entre eles era o que os unia.
— O bom de você namorar com um baixinho é que na hora do abraço, ele sente o seu coração batendo por ele...
— Oh sim aí ele aproveita a ocasião para esfregar a cara nas suas tetas... — Thierry tirou uma com a cara dela e todo mundo deu risada. Levou um cascudo dela. Ela ainda continua com a carreira de modelo e Thierry sempre a acompanhava. Helena e Dayane até brincavam que se ele não fosse gay, eles dariam um belo casal.
— Que isso monas? Sabem muito bem que da fruta que vocês comem, eu chupo até o talo!
Elas riram que se acabaram com o comentário tosco dele. Mas ele também arrumou alguém, um dos amigos modelos de Samantha.
— Eu percebi logo de primeira que ele era um gay discreto. No começo ele se fez de difícil e como eu adoro um desafio, entrei nesta guerra para ganhar. E adivinhem só, ganhei o bofe!
Voltando ao matrimônio de Helena, o seu casamento com Sabriel repercutiu em todas as redes sociais. Bom ele era famoso, então não tinha como o evento ser discreto. Aliás, nem o casamento em si foi discreto. Foi à moda grega, com muita música, dança e ouzo... e é claro, muitos pratos quebrados.
A quebra de prato no casamento simboliza um novo começo, um símbolo de que o casal está jogando a sua vida antiga fora e para iniciar uma nova vida juntos. E para a família e os amigos, foi muita emoção ao vê-la junto com ele, dando os primeiros passos de casados na igreja.
Quanto ao trio de antagonistas, formado por Luiz, Roberto e Núbia, ela nunca mais teve notícias de nenhum deles e também não queria ter. A única coisa que soube era que depois do que aprontaram com ela, nunca mais conseguiram se reerguer.
Apesar do mal que lhe fizeram, Helena não queria o mal deles, os perdoou com o bom coração que tinha. Desejou que eles ficassem em paz onde quer que estejam e que também a deixem em paz...
Até porque ela estava ocupada demais sendo feliz ao lado de su amor e o fazendo myu feliz tambien.
*
Semanas depois do casamento mais aguardado do ano, Helena e Sabriel voltaram para Flórida. Como sempre foi aquela choradeira na hora da despedida e mais de um milhão de promessas foram feitas para todos se encontrarem de novo.
Mas antes, eles deram uma fugida para o México, terra natal de Sabriel. Ele quis levá-la para conhecer o país onde nasceu. Eles passeavam por uma das praias de Cancún ao pôr do Sol. Ela ficou encantada com local.
— Sabe qual país que deveríamos conhecer? A Grécia, a terra de seus ancestrais.
Era o maior sonho de Helena, conhecer o seu país de origem. Mas claro, queria levar toda a sua família junto, principalmente a Vovó Tina.
— E sabe qual cidade eu gostaria muito de ir visitar? Paris.
— Mas Paris a gente já conheceu.
— Eu sei... e é por isso mesmo que quero voltar, para lembrar de onde nos conhecemos e reviver os nossos bons momentos lá.
— Boa ideia chica!
Ele a puxou para si para abraçá-la e a beijou do jeito que ela mais gostava. E sem demora, ela abriu os lábios para recebê-lo. Olharam para o Sol se pondo no horizonte. Aquilo já havia virado costume deles. Voltaram a se encarar.
Helena estava muito feliz. As vezes não conseguia acreditar que teve de viajar para Paris para conhecer o amor de sua vida. E que este amor lhe rendeu uma música.
O que era para ser apenas um romance de momento se tornou o melhor momento de suas vidas. E no que depender deles, fariam aquele momento durar para todo o sempre.
— Te amo, mi chica de Paris.
— Eu também te amo... mi angel.
FIM