Capítulo 58
974palavras
2022-09-08 04:39
Amanheceu e Helena custou a levantar da cama. Logo ela que adora ver o nascer do Sol desde menina... é um ritual realizado desde a antiguidade pelos gregos para agradecer a Eos, a Deusa do Amanhecer por mais um novo dia. O mesmo vale para o pôr do Sol.
Talvez pelo fato de não conseguir dormir e a conversa com Mitchel de madrugada tenham contribuído para as horas mais de sono. E o leite com canela realmente a ajudou a relaxar. Foi tiro e queda.
Mesmo já tendo acordado, ela continuou deitada em um colchão sobrando na casa, no chão no meio no quarto onde dividia com Samantha e Thierry. Afinal era feriado, então viu problema nenhum em dormir um pouco mais tarde. E quando finalmente resolveu levantar-se, notou que estava sozinha no quarto.

“Todos devem estar na sala tomando café”. Pensou. Porém quando saiu do quarto, a sala estava vazia. Viu que a porta o quarto de Dayane estava semiaberta.
— Day, Mitchel, eu posso entrar? — Bateu na porta. Nesta hora, a porta meio que se abriu e Helena viu que não tinha ninguém ali. O quarto estava vazio.
O mesmo vazio que ela sentia em relação a Sabriel... e detestava sentir aquilo. Ela já se apaixonara e sofrera por amor várias vezes na vida, mas sempre soube seguir em frente. Mas desta vez, reconhecera que estava difícil.
Na mesma hora em que ela encarava o quarto vazio, ouviu vozes vindo de lá de fora. Eram Dayane e Mitchel, voltando da rua com algumas sacolas de compras.
— Bom dia senhorita Petropoulos! — Mitchel a cumprimentou todo animado.
— Bonjour mon ami. Acordou tarde hein? — Dayane também a cumprimentou, estranhando o fato dela ter acordado tarde. A conhecia muito bem e sabia que ela de levantar-se junto com o Sol.

— Bom dia... Aonde vocês foram logo cedo? E onde estão Samantha e Thierry? — Helena fez a pergunta para a amiga, mas ela não respondeu por estar distraída com o preparo do café, então Mitchel falou por ela.
— Nós fomos caminhar e fazer umas comprinhas para o café da manhã. E sabe o que encontramos? Uma mercearia a granel com os tipos mais variados de especiarias. E a Day fez questão de comprar um pote de geleia de morango, pois ela me disse o quanto a senhorita gosta, não é mesmo amor?
— Oh sim, Mitchel me contou que você não dormiu bem esta noite. O que houve?
— Nada. Acho que fiquei muito impressiona com as histórias que o seu namorado contou sobre a guerra da Ucrânia. Lembrei da minha avó. Não só dela, mas de todos os refugiados da época. Só fiquei imaginando o horror que eles viveram e que as pessoas de lá estão vivenciando o mesmo dilema.

Não foi somente as histórias de guerra que não a deixaram dormir. Ainda tinha as tretas causadas por aqueles três dos quais Helena não queria nem pronunciar o nome. Nada tirava da sua mente que havia muito mais que dentes de coelho neste meio... na verdade, seriam presas de elefante.
E é claro que também era por causa de Sabriel. Ela já começou a dar sinais de estar injuriada com aquela indiferença por parte dele. Talvez não seja má ideia esquecê-lo e seguir em frente, para o seu próprio bem-estar. Chegou a comentar sobre a sua decisão.
— Poxa, eu acho tão triste ver você desistindo dele. Vocês formam um casal tão lindo.
Helena sorriu de leve. Não se surpreendeu com o comentário da amiga, pois ela sempre foi a mais romântica das três. Não que Helena não fosse, mas como diz a sua avó, há finais que são felizes e há outros são necessários... e aquele final é mesmo necessário.
— Valeu Day, você é uma ótima amiga, mas eu tenho que seguir em frente. Vamos encarar a realidade... ele não vai me procurar. Se não me procurou até agora, não me procura mais.
Dayane entendeu o que Helena quis dizer. Ela estava disposta a esquecê-lo e seguir com a sua vida. Mas mesmo assim insistiu.
— É isto mesmo que você quer? Você podia dar mais um tempo para ver se ele te procura e...
— Querida, se a sua amiga está dizendo que vai esquecê-lo e seguir adiante, é um direito e decisão dela. E cabe a você como amiga apoiá-la. — Interrompeu Mitchel para evitar que elas briguem. Para não deixar a amiga sem graça, Helena disse:
— Quer esquecer mesmo... eu não quero. Mas também não posso ficar o tempo todo me apegando a essa história, já deu no que tinha de dar. Então...
Ela não conseguiu completar a frase. Lá estava ela mais uma vez lutando em vão contra as lágrimas. Dayane a puxou para si para lhe dar mais um abraço.
— Está tudo bem cher ami. Estamos aqui sempre ao seu lado, não é mesmo chére? (querido) — olhou para o namorado, que ouviu atentamente quase toda a conversa das duas enquanto terminava de preparar o café da manhã. O tempo todo ele achou muito bonita a amizade entre elas, algo muito raro hoje em dia.
— Ah com certeza. Juntos nós somos demais. Pode contar comigo, senhorita. — Mitchel concordou com ela.
— Efcharistó (obrigada). E você pode me chame só de Helena.
— Tem espaço para mais dois? Porque a gente também quer.
Os três olharam para a porta da casa. Eram Samantha e Thierry, que também foram caminhar logo cedo e ficaram do lado de fora só ouvindo a conversa. E eles apenas riram.
— Oh, mas é claro que tem um pouquinho do nosso amor para vocês... na verdade tem bastante.
Os cinco amigos deram um abraço coletivo entre si. O quarteto fantástico do avesso agora virou um quinteto, com a entrada de Mitchel na turma.