Capítulo 48
1467palavras
2022-09-08 03:50
Helena não sabia o que fazer. Estava até com medo de pensar em fazer alguma coisa e piorar a situação.
— É você a chica de Paris?
— Como você conheceu Sabriel Reyes?

— Você sabia quem ele era?
— Como foi estar com ele em Paris?
— É verdade que ele te pediu em casamento?
— Vocês se casaram em segredo?
— O que achou da música que ele fez para você?
Eram tantas perguntas que nem sabia por onde começar. Na verdade, ela nem sabia onde enfiar a cara de tanta vergonha.

— HELENA!
Ela já sabia de quem era aquela voz. Era do senhor Shinguen.
— Oh eu vou morrer...
Correu o mais rápido que pôde até a sala dele. Não sabia o que era pior, enfrentar o presidente ou enfrentar a cara feia da Olga.

— Oh vejam quem está aqui, a desfrutável de Paris! Qual é a sua hein Helena, quer manchar a imagem da empresa?
Sem cerimônias, ela fez questão de mostrar o dedo do meio antes de entrar na sala da presidência.
— Com licença Sr. Shinguen! — Pediu já com os olhos cheios de lágrimas: — o senhor me desculpe pela confusão lá fora, mas eu juro que posso explicar...
— Não precisa explicar nada. Eu já sabia.
— Como assim o senhor já sabia?
Helena só viu o Sr. Shinguen tirar o celular do bolso e mostrar uma foto sua saindo da Catedral de Notre Dame, de mão dada com Sabriel.
— Como o senhor conseguiu esta foto?
— Minha sobrinha estava de férias em Paris com o marido. Ela reconheceu Sabriel, assistia o programa La Pandilla quando era criança e passou no Oriente. Era fã dele desde a época em que ele era conhecido como Angelito. Comentei com a mãe dela, minha irmã, que você foi a Paris ao mesmo tempo e no meio da conversa, me mostrou algumas fotos e a sua estava no meio. Então comecei a juntar os fatos...
Ela se lembrou da moça de origem oriental pedindo para tirar uma foto deles. Era a sobrinha de seu chefe. Realmente o mundo era muito pequeno.
— Mas tenho que admitir que foi uma grande surpresa ao saber que a minha gestora era a tal da garota de Paris. — Disse com sorriso estampado no rosto.
— Bom senhor, me perdoe pela confusão lá fora e...
— Bobagem Helena, um samurai sabe muito bem transformar um momento difícil em uma excelente oportunidade. No seu caso, uma bela gueixa...
— Eu não entendi senhor...
— Indústrias do mundo inteiro querem se associar a Shinguen S/A graças a você. Todos querem conhecê-la pessoalmente e fechar negócios com você.
Helena ficou muito da indignada ao ouvir aquilo. O mundo inteiro caindo em cima dela e seu chefe querendo se aproveitar da situação.
— E uma grande honra senhor..., mas eu preciso de um tempo.
— Claro que precisa. Mas assim que puder, quero que vá ao Japão para conhecer a nossa matriz e minha família. Pode ficar na casa de minha irmã... e leve seu noivo, ela vai adorar recebe-los. Quem sabe Sabriel não se inspira e compõe a música “La vi en Tóquio”?
Depois dessa, nem tinha ânimo para argumentar mais nada...
*
Por conta da confusão criada na empresa, Helena não conseguiu trabalhar e pediu para ser dispensada. Claro que a sua dispensa gerou inúmeras fofocas, mas não havia mesmo condições de continuar lá. Voltou para o seu apartamento, o que foi uma péssima ideia. A maioria dos vizinhos praticamente fizeram fila na sua porta.
Ainda estava incrédula com o que está acontecendo. A ficha ainda não caiu e talvez nunca cairia, mesmo com o seu rosto estampado em todas as capas de revistas, blogs e sites de fofocas.
Aconteceu o que ela temia: ser exposta!
"Foi revelada a identidade da chica de Paris, que foi inspiração para o grande sucesso de Sabriel Reyes, La vi em Paris: ela se chama Helena Petropoulos e trabalha como gestora contábil para a Shinguen S/A...."
— Nunca mais eu vou conseguir sair de casa... — se lamentava toda vez que surgia alguma notícia sobre ela. Uma delas chegou a alterar o seu sobrenome para Helena Petropoulos Reyes.
— Mas Lê veja bem, a culpa nem foi dele. Foi de quem roubou o celular e postou as fotos na internet. — Samantha a tentou consolar.
— Eu sei, mas é que eu não gosto deste circo todo que todos estão fazendo...
— Bom por que você não pensa o seguinte: falem mal, mas falem de mim? — Dayane tentou fazer piada. Ela até que concordou com a ideia, quando apareceu mais uma notícia sensacionalista na internet:
"Helena Petropoulos está grávida de Sabriel Reyes. Por isso eles se casaram em segredo na Catedral de Notre Dame de Paris..."
— Ó CHRISTE MU! — Helena chegou a desmaiar ao ler a notícia. Seus amigos se apavoraram com o seu desmaio. Foi assustador. Assim que voltou a si, teve outro surto:
— Ela Christe ke Panagia, se minha família vê isso, minha mãe vai me arrancar o couro e meu pai vai querer capa-lo!
— Oh mon petit mas que besteira. — Thierry achou um absurdo aquela preocupação exagerada de Helena: — até parece mesmo que seu pai vai até os Estados Unidos para capar o seu bofe. Bom, eu iria, mas para fazer outra coisa... ele tinha de soltar uma das suas...
Dayane e Samantha se olharam entre si. Elas também acharam a preocupação de Helena um exagero, porém não tiraram a razão dela. Conheciam o pai da amiga há anos e sabiam o quanto ele era protetor com a sua filha.
— Oh Thierry, você não conhece o tio Tino...
— Quem?
— Constantino Petropoulos, pai de Helena. Do jeito como ele é, a gente não duvida que ele não vá fazer isso...
Helena somente se sentou no sofá da sala e enfiou a cabeça no meio das pernas. Realmente aquela exposição sobre ela ser a tal garota de Paris estava sendo muito pior do que a difamação de Luiz e Núbia.
— Será que dá para ficar pior? — Perguntou ainda com a cabeça enfiada no meio das pernas.
— Ah relaxa Le, talvez eles nem devem ter visto...
De repente, um dos celulares tocou. Era o dela. Gelou ao ver o nome de seu pai em grego na tela, mesmo assim o atendeu. Antes mesmo de pedir a benção, só ouviu o escândalo do outro lado da linha que ele fez:
— QUE HISTÓRIA É ESSA QUE VOCÊ TÁ GRAVIDA, HELENA? — Com certeza ele já soube da fake news sobre a filha e claro, ligou exigindo explicação. Desesperada, desligou na cara dele. Seus amigos olharam assustados para ela.
— O que você fez sua maluca, desligou na cara do seu pai? — Dayane a reaprendeu. Antes que pudesse falar alguma coisa em sua defesa, o celular de Samantha tocou. Era ele. Mesmo Helena pedindo para não o atender, ela o atendeu. E antes de dizer qualquer coisa, só escutaram a gritaria do outro lado da linha. Ela ainda tentou conversar com ele, dizendo era apenas fofoca de internet e tal..., mas o pai de sua amiga não a quis ouvir e optou em desligar na cara dele.
— Você desligou na cara do meu pai?
— Você não ouviu os berros dele?
Nesta mesma hora, o celular de Dayane tocou. Era ele. E antes mesmo de pensar em atender, as duas tomaram o aparelho da mão dela... e por garantia, também tomaram o celular de Thierry. Era bem capaz do pai de Helena ligar para ele.
*
No final do dia, a campainha tocou. Todos olharam apavorados em direção à porta, principalmente Helena. Sua pressão chegou a cair.
— Que estranho, quem será a esta hora? Não estou esperando ninguém.
Ficou com medo de ser mais um bando de repórteres invadindo seu prédio ou ser mais algum daqueles vizinhos que nunca falaram com ela e de repente viraram os seus melhores amigos. Suspirou aliviada ao ver pelo olho mágico que eram seus pais. Não sabia se a visita inesperada deles era boa ou ruim... deve ser péssima, mas abriu a porta assim mesmo.
Mal abriu a porta e sua mãe já foi logo a abraçando, sorrindo de orelha a orelha. Em compensação, seu pai que veio logo atrás. estava com uma cara. Não sabia o que era mais assustador, se era a carranca do pai ou sorriso da mãe... ou os dois ao mesmo tempo.
— Finalmente os deuses ouviram as minhas preces! Ela Christe ke Panagia! A minha koúkla vai casar!
— O QUE? — entrou em choque ao ouvi-la falar em casamento. Foi praticamente a mãe de todos os absurdos.
Agora sim o circo tá armado!