Capítulo 31
1326palavras
2022-09-07 03:52
Helena chegou ao apartamento de Dayane tarde da noite. Enquanto subia as escadas, se perguntava se realmente as suas amigas estavam em casa. E se estavam, estariam sozinhas ou acompanhadas... e quem estariam com elas.
Até porque ela não estava a fim de dar de cara com ninguém pelado pela casa...
Ela até cogitou a ideia de passar a noite na casa de Sabriel, assim não correria o risco de encontrar ninguém. Mas quando se despediram na entrada do prédio, ele não tocou no assunto e ela também não disse nada.

Passou pela porta dos quartos das amigas. Não escutou nenhum barulho suspeito. Censurou a si mesma por ficar escutando atrás da porta.
"Ou elas já foram dormir ou não dormiram em casa!"
Um arrepio correu na velocidade da luz pela sua espinha: "E se seus ficantes estão lá dentro com elas? Que beleza, o apartamento virou um mini cabaré!"
Já logo imaginou com quem Dayane estaria: “Aposto que aquela francesa safada está com aquele jornalista safado do namorado dela!" E nem queria imaginar se Samantha estava com alguém...
Não pensou duas vezes. Pegou o celular e mandou um áudio para Sabriel.
"Oi Boa noite. Desculpa te mandar um áudio a essa hora, mas posso te ver amanhã bem cedo? Melhor ainda vou passar no seu apartamento. Beijo!"

Assim que mandou o áudio, trocou a roupa de festa pelo pijama, separou algumas coisas para sair amanhã de manhã bem cedo e foi dormir... ou pelo menos tentou dormir.
*
Helena acordou no meio da madrugada com uma baita dor de cabeça. Na verdade, a sua enxaqueca era devido à sua paranoia, de pensar que havia mais gente na casa. Qualquer ruído que escutava ou achava que escutava, imaginava que era alguém andando pela casa.
Ou seja, a sua dor de cabeça era falta de sono... estava com muito sono, mas não conseguia dormir. Pegou o celular para verificar o seu WhatsApp. Não tinha nenhuma mensagem das duas. Ela já logo pensou no pior:

"E se algo sério aconteceu com as duas e por isso não conseguem me avisar?" Agora sim a sua dor de cabeça vai piorar.
Mandou mensagem para cada uma, pedindo, ou melhor, exigindo que retornem para ela imediatamente, para darem algum sinal de vida. Também avisou que passaria o dia todo fora. E também mandou a mesma mensagem para Thierry, caso ele soubesse de algo. No meio de tantas mensagens, lá estava uma mensagem de Sabriel, respondendo o seu áudio:
"Melhor ainda, não quer vir agora?"
Ela riu com a mensagem. Ele respondeu alguns minutos depois de ter enviado. Deveria estar dormindo na hora. Mesmo assim arriscou em mandar uns corações para ele.
Levantou-se para caminhar pelo quarto. Ainda estava escuro nas ruas de Paris. Faltava algumas horas para os primeiros raios de sol iluminarem a cidade, isso se não chover ou nevar. Resolveu voltar a dormir, ou pelo menos tentar tirar um cochilo para ver se passa a dor de cabeça. Quando foi olhar de novo no celular, tinha mais uma mensagem dele no seu Whatsapp:
"Sem sono?"
Ela respondeu: "Sim. Desculpa só vi sua mensagem agora pouco. Se eu a tivesse visto antes, teria ido naquela hora."
Ele enviou uma carinha feliz.
"Também tá sem sono?"
"Mais ou menos. Acordei para beber água e vi que estava online.”
"Eu não consigo dormir. Estou morrendo de sono."
"Que pása?"
Helena não tinha a menor ideia de como explicar que não sabia se suas amigas estavam em casa ou não e se estavam com alguém, então explicou como pôde. Depois da explicação dela, viu que ela começou a digitar. Enviou umas carinhas dando risada. Ela não entendeu e perguntou qual era a graça.
"Você tá parecendo uma garotinha com medo do bicho papão kkkk!"
Mandou para ele um monte de carinhas chorando.
"Nossa que foi?"
"Você me fez lembrar do meu trauma de infância!"
"Oh Perdóname! Não sabia!
Helena riu com o susto ele que levou. Enviou umas carinhas dando risada.
"Eu tô brincando, seu bobo. Puxa você leva as coisas muito a sério!"
"Que é isso, vingança?"
"Sim estamos quites!"
Depois enviou uns corações para ele como um pedido de paz.
"Gostaria de vir para cá para poder dormir um pouco?"
Era o que ela queria e ele também. Enviou várias carinhas felizes dizendo sim. e a resposta.
"Daqui a pouco estarei aí!
Assim que enviou a mensagem, Helena arrumou suas coisas para dormir e passar o dia na casa de Sabriel. Sempre que vai viajar, sempre leva uma bolsa ou mochila extra para ocasiões especiais. E aquela era uma ocasião especial.
Abriu a porta do quarto bem devagar para não fazer barulho. Como era daquelas portas bem antigas, a porta resolveu ranger bem na hora. Na hora de fechar, foi a mesma coisa.
Antes de sair, olhou para todos os lados para ver se não havia ninguém passando na hora. Vendo que tinha ninguém ou pelo menos achou que não tinha, Helena foi correndo até a porta na ponta dos pés até a porta de entrada. Foi descalça para não fazer barulho. E só porque não queria fazer barulho, acabava por fazer sem querer.
A porta de entrada nunca pareceu tão distante. Quando finalmente chegou e conseguiu abrir a porta, ouviu o que parecia ser um som abafado vindo de um dos quartos das amigas. Não deu outra, abriu a porta com tudo, se jogou para fora do apartamento e fechou com tudo. Trancou pelo lado de fora e desceu as escadas correndo descalça mesmo. Enquanto descia as escadas correndo, se perguntava como não quebrou a chave da porta.
Finalmente chegou à portaria do prédio. Ainda estava escuro e com uma densa neblina. Não dava para ver praticamente nada. Tá certo que o prédio era ali do lado, mas ficou com muito medo de andar pela neblina. Mesmo estando acostumada a andar nas ruas de São Paulo com neblina, ainda ficava com medo. Mas não sabia como era andar de madrugada nas ruas de Paris.
Tentou arriscar. Foi caminhando até o prédio ao lado. Passou em frente ao beco que separava os dois prédios e ouviu um barulho vindo de lá. Ficou paralisada de medo. Para piorar a situação, começou a ouvir passos em sua direção. Graças aos deuses, era ele.
— Calma mi hermosa, sou eu.
Helena o abraçou aliviada:
— Ela Christé Ké Panagiá, que medo passei agora!
Sabriel não sabia o significa aquela frase. Achando se tratar de alguma expressão de medo, a abraçou tentando acalmá-la e aquecê-la.
— Vamos entrar. Está muito frio aqui fora.
*
Ao chegarem no apartamento dele, Sabriel preferiu dormir no chão ou no sofá da sala e deixar que Helena dormisse em sua cama. Sabia o quanto ela estava cansada e com muito sono para fazer qualquer coisa. Não queria dar um passo maior do que a perna. Porém estava muito frio e ela ficou com pena de deixá-lo no chão ou no sofá. Então perguntou:
— Você não quer dormir comigo? É que está muito frio para dormir sozinho.
Ele chegou a levantar as sobrancelhas quando ela perguntou aquilo. Perguntou a si mesmo se ela realmente queria dormir com ele. Mas a proposta dela foi totalmente diferente do que ele esperava.
— Mas é só para dormir... dormir mesmo... não é dormir “daquele jeito”. — Já avisou logo para ele não pensar besteira.
Sabriel ficou um pouco decepcionado quando Helena falou que era somente para dormir mesmo, mas entendeu. Até porque ele também estava muito cansado. Além do mais, achou divertido a ideia de dormir abraçadinho com ela. Fazia muito frio e não tem nada mais gostoso do que dormir agarradinho de conchinha neste tempo.
E é claro que como estavam juntinhos, aproveitaram para namorar um pouco antes de pegarem no sono. Na hora, ela o abraçou com se ele fosse um gigantesco urso de pelúcia. Tanto Helena quanto Sabriel viram isso como uma preliminar para o tão esperado momento deles.